Cap.8 - Parte I

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Eu precisava reatar minhas amizades, não podia deixar que algo como o que houve com Hitoshi e Monoma acontecesse com a gente. E pra isso tinha que superá-los real, senão provavelmente os perderia até como amigos o que seria o pior cenário de todos. Se já não perdi tendo os abandonado em um momento tão crucial... Droga Denki, só percebeu agora que se afastar por tanto tempo logo depois deles se assumirem podia não ser uma boa? Mas tá, não vai adiantar nada chorar pelo leite derramado, apenas se concentre em consertar essas merdas.

Me auto-estimulando a não dar para trás mais uma vez, acordei agitado na sexta (até antes da hora). E ansioso me arrumei rapidamente para sair de casa, com destino a residência em que eles estariam se aprontando pra escola. Entretanto, quando abri a porta de minha sala me deparei com uma surpresa:

– Nossa que coincidência, eu tava indo até vocês neste instante! – Sorri animado ao encontrar justo os dois na frente de minha habitação. Eles estavam apoiados nos pilares da cerca da varandinha dali, parecendo já estar me esperando do lado de fora há uns minutos. – Nem precisei os alcançar pra pedir carona, olha só que sorte a minha. – Fiz graça ao sentir o clima pesado, porém ambos permaneceram com as caras fechadas e punhos cerrados, aparentando não acreditar no que eu dizia, o que era assustador essa postura estar no ruivo também (pelo visto a bronca demorou, mas chegou).

– Pode explicar o que tá rolando entre você e o Shinso? – Eiji se adiantou antes que palavras desagradáveis saíssem dos lábios de Bakugo, o que era visivelmente perceptível que o loiro estava se controlando pra não fazê-lo.

– Como assim? – Eu realmente fiquei confuso com aquele questionamento.

– É o que a gente gostaria de entender também. – Firme, Kirishima continuou. – Pensávamos que estava nos evitando por conta de algum surto homofóbico, mas aí ficamos sabendo por terceiros que você tá saindo com o filho dos nossos professores! – Sei que as "notícias" correm depressa, mas isso é demais.

– A escola toda já tá falando de algo que aconteceu ontem?! – Talvez fosse melhor que a minha primeira reação fosse negar qualquer envolvimento romântico entre mim e o arroxeado, porém fiquei chocado de como Hitoshi foi certeiro sobre os fofoqueiros de nosso colégio.

– Não, só o time de futebol. Por enquanto. – Kiri esclareceu (ah é mesmo, aqueles garotos que nos viram saindo do campo).

– Você confirma então que escolheu se afastar de nós ironicamente um dia após a gente te dizer que é gay e logo depois começou a ter um lance com outro cara? – Com deboche, Katsuki se pronunciou enfim.

– Isso não faria o menor sentido. – Atestei ao compreender que seguindo essa lógica dele eu estaria os ignorando simplesmente porque decidi, sem motivo nenhum, que não queria mais andar com eles.

– Pois é, você geralmente não faz. – Bakugo replicou com um sorriso de escárnio. Já recebi vários insultos dele, mas esse parecia que ele realmente quis dizer.

– Gente, qual é? Ninguém sabe se o Shinso curte de fato homens – nem ele –, as pessoas só acham isso dele por conta de ter pais homossexuais, o que vocês deveriam saber que não tem nada a ver com criação. – Os lembrei do óbvio e explicitei: – Mesmo se ele gostar também, só estávamos caminhando juntos.

– Mas por que você estaria o acompanhando? – Eijiro retornou ao diálogo cético. – Achei que estivesse muito ocupado estudando pra ter tempo livre com novos amigos inusitados.

– Porque ele é meu tutor. – Respondi defensivo, não acostumado com o tom sarcástico vir do ruivo. – Aizawa que o indicou pra mim. – Completei ao ver um vislumbre de mágoa traída passar pelos olhos de Katsu. – E vocês me conhecem, sou fácil de fazer amizades.

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