Cap.5 - Parte III

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A partir daí a noite passou em flashes e quando dei por mim estava em um quarto de motel com uma mulher, muito bonita por sinal. Ela tinha cabelos ondulados, que pareciam ser de uma tonalidade de verde escuro sob aquelas luzes, e vestia uma roupa roxa com estampa de escama de cobra. Provavelmente estávamos no mesmo motel que eu, Mina e Sero dormiríamos (nossas passagens de volta do ônibus eram só pra de tarde do dia seguinte). A hospedaria era literalmente do lado da boate, claramente um negócio pensado em lucrar com a própria balada porque né, ela bem ajuda em fornecer clientes.

Pera, eu tô sozinho com uma garota em um cômodo fechado! Eu dei em cima dela? E ela aceitou?! As minhas cantadas já são péssimas sóbrio, imagina bêbado. Talvez ela esteja bêbada também, por isso aceitou. Ou será que foi ela quem flertou primeiro? Talvez Ashido que tenha nos apresentado e persuadido a menina a ficar comigo.

Acho que me recordo de alguém dizendo gostar de gringos, principalmente os loiros. Tá explicado então, devo ser um dos poucos ou o único dali com essa descrição, só assim mesmo pra uma mulher dessas me querer. Legal, meu eu bêbado é minha parte insegura ampliada, ótimo momento pra auto-depreciação.

Foca no presente, Denki. Não importa o que nos levou ali, o importante é que ela veio até aí pra uma coisa e é o que você sempre quis! Tá esperando por isso desde que descobriu do que se tratava, nunca esteve tão perto de realizar esse seu sonho. Não estrague agora essa oportunidade que tem de alcançar os traíras e se livrar disso antes da faculdade.

Com esse objetivo em mente, a puxei com minhas mãos em suas bochechas para um beijo afobado que para o meu alívio foi correspondido. Mas, no decorrer do ato só consegui pensar em outros lábios nos meus. Me perguntava se a pegada deles era que nem suas personalidades. Um terno e outro feroz? Creio ser um bom yin e yang... Merda, não posso me excitar pra uma garota pensando em caras!

Espera um minuto, meu pau ainda tava mole? Abruptamente parei o beijo para olhar pra baixo e constatar realmente aquele fato. Tinha alguma coisa errada, a essa altura já deveria ter endurecido a julgar pelo seu histórico de se levantar precipitadamente e por bem menos.

– Puta que pariu, isso não tá acontecendo. – Me desesperei em negação. – Ah meu Deus. Eu acho que não vai dá... – Desolado, me sentei na cama e quando direcionei meu olhar para ela não pude mais conter meu choro. – Me desculpa! Eu não sei o que houve, você é super gostosa, eu queria muito, de verdade, você nem sabe o quanto, mas eu-

– Calma, a gente quase nem começou nada pra você já achar que broxou. – A mulher, que agora notei não saber ou não lembrar dela ter me dito seu nome, me interrompeu espantada. Parabéns, se ainda queria tentar algo já era. – E de qualquer maneira, isso é normal de acontecer. – Sentando ao meu lado, ela mudou sua postura para uma mais acolhedora a fim de me confortar. – Principalmente com quem bebeu demais ou é a primeira vez. – Como ela sabia que eu era virgem? – Não tem que se envergonhar por isso. Tudo bem também se só não estiver com vontade, você parecia mesmo meio aéreo... – Sem saber o que dizer, permaneci calado. – Quer falar sobre?

Provável que ela só tenha me feito essa pergunta por educação ou porque ficou sem graça com o silêncio que se estendeu naqueles segundos, mas isso bastou para eu desabar tudo com aquela estranha. Qual é, eu ia transar com ela, o que é pior: ter um contato íntimo desses com um desconhecido ou desabafar detalhes pessoais de sua vida com um anônimo?

De qualquer modo, lhe contei que após o período de autoconhecimento da minha sexualidade (naqueles tempos em que me assustei quando caras passaram a invadir minhas fantasias sexuais, que no início eram só com garotas), notei que facilmente me despertaria um crush nos meus melhores amigos, se já não estivesse gamado e só não tivesse percebido ainda.

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