Cap.14 - Parte II

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Durante a competição, mesmo boiando com o que rolava, eu vibrava na platéia da arquibancada contagiado junto da torcida da nossa equipe e toda vez que Eiji tocava na bola. Esses instantes até que foram divertidos, especialmente aqueles em que o ruivo nos dava um lindo sorriso quando, entre as jogadas, trocávamos olhares na multidão.

E foi uma graça o Bakugo do meu lado tentando me resumir as paradas ao notar que eu estava perdido. Me explicava à medida do que ocorria como um narrador parcial deixando sempre um plus de comentário opinativo nos lances, o que eram xingamentos e insultos nas vezes de vantagens do time adversário. Teria sido engraçado, se não tivesse me deixado tenso também.

Não que eu ligasse para o resultado, mas o final a favor fez Eijiro ficar tão empolgado que ele veio de primeira até nós, ignorando seus companheiros de equipe, e avançou para nos roubar um beijo. Minha reação imediata foi desviar envergonhado por conta de estarmos na frente de geral e eu logo o questionei disso.

– Justamente, não queria que todos soubessem? – Foi o que o ruivo me respondeu.

– E os olheiros? – Indaguei ao lembrar que os caça-talentos das faculdades estavam ali também.

– Que já saibam. – Realmente eles seriam uns escrotos e receberiam um processinho se tirassem a bolsa de Kiri por descobrirem que ele era um gay em um relacionamento poliamoroso. Como se isso afetasse a performance dele em campo.

Dessa forma, fui convencido pela argumentação de Eiji. Mas, antes de aceitar, olhei para Katsuki para ver se o outro loiro estava de acordo em beijá-lo também. Eu não queria se fosse o único a fazê-lo, porque aí daria a impressão que Kats era só um vela. Para o nosso agrado ele consentiu aquela vez com a demonstração pública de afeto, com a desculpa de que faria uma exceção já que era a última vez que veríamos a maioria daquela gente.

Desse modo, recriamos a famosa cena de Elite que até virou meme: os dois foram os primeiros a se beijarem, ao mesmo tempo em que escutava ao longe alguém dizer algo do tipo "falei que era eles"; e quando Baku me beijou em seguida, o tal fulano completou com um perplexo "espera, o quê?"; então finalizamos com o beijo entre mim e Eijiro, sendo obviamente Katsu aquele que mandou o dedo do meio para quem quer que estivesse dizendo merda.

E depois daquela melhor celebração de todas, fizemos questão de ir na festa do pessoal do time. Só para os azucrinar mesmo, mas até que a galera ficou de boa conosco. Apenas os três "Heathers" que ficaram de cara amarrada pra gente.

Passado aquele movimentado fim de semana, o mês posterior foi reservado a despedidas. Do lugar em que crescemos e daqueles com quem convivemos lá. A dupla A & A (Ashido e Aoyama) foram os chorões da vez que me fizeram prometer repetidamente os visitar a cada sábado.

O tal período de 30 dias foi de frequentar com nossas pessoas favoritas todos os nossos locais preferidos da cidade. No 4 de Julho reunimos as três famílias em um piquenique debaixo dos fogos.

E não esqueci de levar meus bofes, ao menos uma vez, no café temático. Onde, para revolta e constrangimento de Kats que perdeu por 2 votos a 1, cantamos "Say You're Just a Friend" do Austin Mahone. Esse momento foi direto para minha coleção de melhores memórias.

Assim, em um piscar de olhos, estávamos de mudança para a nossa nova casa. Já sentia saudades dos nossos amigos, mas também estava ansioso para essa nova etapa de vida.

Levamos semanas para esvaziar todas as caixas com as coisas que trouxemos. Nem era muito, a preguiça de arrumar que era maior. E em um desses dias, Bakugo achou um violão no meio dos entulhos. Nem sei de quem era, mas claro que o loiro acinzentado sabia também tocar esse instrumento e simplesmente iniciou a tirar uma palhinha com ele nos surpreendendo com sua descontração.

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