Cap.3 - Parte I

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Esperei os outros dois para sairmos juntos do carro. Pode ser só a ansiedade falando, mas como eles estavam lentos hoje e olha que quem tá dizendo isso é conhecido como o rei da enrolação. Então, quando eles enfim o fizeram, seguimos caminho para entrar na escola.

Me contive ao máximo para agir normalmente, sem deixar minha empolgação tomar muito de meu ser logo de cara. É engraçado ter essa relação contraditória com o colégio, porque sendo um total idiota eu detesto a parte acadêmica dos estudos, mas sendo também um extrovertido de primeira a escola se torna um dos melhores lugares pra socializar (e causar) em nossa idade, por isso vivo nesse amor e ódio eterno com tal instituição.

– Olha só os grude! – Mineta foi o primeiro que encontramos de nosso ano no meio da multidão que era os corredores. O garoto veio tão pomposo pra cima da gente que já podia sentir a brincadeira de mau gosto vindo aí. – "Colaram" mais alguma coisa um no outro além dos quadris nessas férias? – Meu Deus, aposto que ele passou o verão inteiro pensando nessa piada.

– Vejo que seu estirão, assim como seu cérebro, ainda não chegou, né tampinha? – Bakugo foi quem o respondeu, tirando o sorrisinho zombeteiro da cara do outro ao ter sua ferida tocada.

Eu entendo um pouco dessa insegurança do Cacho de Uva. Durante toda a infância eu, Eiji e Kats éramos praticamente do mesmo tamanho, até que fui deixado pra trás na pré-adolescência sendo hoje o segundo menino mais baixo da nossa idade, na frente apenas do próprio Mineta. Eu usaria sapatos plataforma se não ficasse muito na cara (e fosse ser mais um ponto para o pessoal tirar sarro). Kirishima conseguiu ultrapassar Katsuki também, seria atualmente o mais alto da turma se não fossem os postes que são Sero e Todoroki.

Minoru resolveu não arriscar em revidar, só fechou o rosto em birra nos observando passar. Desse modo, continuamos em direção aos nossos costumeiros armários que, pasmem, eram um do lado do outro também tendo eu como o vizinho do meio nessa.

– Fazer bullying com os bullies é tão ruim quanto. – Kiri repreendeu a atitude de Bakugo assim que nos afastamos o suficiente de Mineta.

– Foda-se, querem mexer comigo? Eu reajo, porra! – Katsuki replicou parecendo ainda mais puto agora do que antes.

– Ah, eu achei que nosso pinscher até que se comportou devido a situação, não? – Intervi com humor para apaziguar. – Pegou leve, sabemos que seu vocabulário pra ofensas vai muito além de "tampinha".

– E qual é a dele?! – Bakugo continuou, ignorando minha fala. – Sempre foi um tarado escroto, mas pelo que me lembro até o ano retrasado ele era um puxa saco nosso.

– Tá surpreso que um machista também seja um homofóbico? – Kiri zombou.

– E pegou logo nós de alvo pra ser homofóbico? Por quê? – Os dois pareceram se comunicar rapidamente por olhares, que inclusive não gostei nadinha por ter sido excluído daquela troca e não conseguir decifrar a mensagem, mas logo Katsuki se voltou para mim com um questionamento que cheirava muito a pegadinha: – Acha que a gente tem cara de gay, Denki?

– Quê? – Fui pego completamente desprevenido. – Que pergunta mais aleatória. – Ri fraco de nervoso, me sentindo até corar (estava começando a suar também?).

O que eu deveria responder quanto aquilo? Gay não tem cara, né? Me sentia num beco sem saída... E por que ele direcionou aquela pergunta exclusivamente pra mim? Usando meu primeiro nome! Era um teste? Tinha uma resposta certa que ele queria ouvir? Qual seria? Não conseguia ler sua expressão, Kats estava com sua típica máscara de serenidade e feição neutra. Droga, ele seria um ótimo ator, esconde tão bem as emoções quando quer.

Olhei para Kirishima em busca de ajuda, mas o que encontrei foi um semblante tão assustado quanto o meu devia estar. Ele também ficou com medo da pergunta? Ou seria receio de minha resposta? Merda, eu já tava demorando muito pra dar um retorno!

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