Cap.13 - Parte II

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E então apressamos o passo para o colégio. Como combinado, fizemos nossa entrada triunfante das mãos entrelaçadas. Mas, de maneira broxante, o pessoal só estranhou por um instante e rapidamente deu aquilo como mais um dos nossos afetos incomuns de amizade.

– Quando formos ao baile juntos eles vão ter que acreditar que realmente não somos só amigos. – Resmunguei ao me encostar no meu armário.

– Vamos ter que ir no baile? – Katsu já foi reclamando.

– Você que não aceitou os selinhos. – Repliquei.

– Felicidades ao trisal. – Shinso nos saudou, ao nos alcançar, me arrancando da decepção.

Meus boys o encararam achando se tratar de uma chacota dele. E meio sem saber como agir com o arroxeado depois de toda a confissão e tal.

– Obrigado! – Claro que foi com deboche quando Bakugo se pronunciou. – E sinto muito. Não pude te dizer antes, mas é uma pena que você não tenha sido correspondido. – O dei um empurrãozinho de reprovação por sua malcriação.

– Ah sim, eu queria esclarecer isso, já que Ashido aparentemente não os contou como achei que iria. – Hitoshi iniciou nos deixando intrigados. – Então, eu tava atuando naquela hora do cartão de aniversário, sabe? Foi uma confissão falsa. – Nós três o olhamos de cenho franzido. – É, eu também não achei que fosse tão bom ator assim. – Gabou-se. – Mas enfim, eu não sinto nada de amoroso pelo Denki e o meu presente foi na verdade, além da minha ilustre presença naquele parque caindo aos pedaços, dar uma de cupido não convencional pra vocês. De nada.

– Você não ficou nem 20 minutos lá. – Critiquei. Eu não esqueceria que ele foi o último a chegar e o primeiro a vazar.

– Pera, quê? – Eijiro o perguntou confuso. – Não entendi.

– Foi ideia da Mina. Ela arquitetou esse plano, porque acreditava que nenhum de vocês tomaria a iniciativa sem uma motivação externa. Aí, para os forçar a enfrentar seus sentimentos, me convenceu a deixá-los com ciúmes que seria o estopim clichê pra isso. – O arroxeado explicou direito. – Daí a minha declaração armada com aquela música. Que inclusive, além de se encaixar na minha história fajuta, também a escolhemos baseada na relação de vocês, tipo como um sinal subliminar. – Demos uma arfada de compreensão. Revendo agora, como em um plot twist que faz sentido, isso realmente se casa mais com a discussão dele e da latina aquele dia na biblioteca.

– E você é hétero? – Katsuki o questionou esperançoso.

Nah. – Shinso enterrou a chance deles se darem bem. – No momento meus percentuais estão mais para a pansexualidade e o arromântico.

Eles seguiram com a conversa enquanto eu saía de fininho. Os deixei resolvendo suas paradas para ir atrás da mente do crime, antes que o sinal das aulas tocasse, e facilmente encontrei os mandantes da operação em outro corredor ali perto.

– Olha só se não é o mais novo ex-virgem! – Mal me aproximei e Yuga já me cumprimentou radiante ao notar que eu estava a caminho de onde eles repousavam nas escadarias.

– Não tivemos brechas pra comentar na festa, mas sabíamos que vocês já tinham ido pra ação só pela sua cara de brilho lá. – A brasileira completou, tão vibrante quanto o outro ao seu lado. – Meus parabéns!

– Pois é e graças ao vosso auxílio, né? – Alfinetei. – Se meteu mesmo eu pedindo pra você ficar fora dos meus problemas amorosos. E pensei que você fosse minha cupido pra mulheres.

– Shinso te contou? – Assenti à Ashido. – Bem... não tinha sentido pra mim te arranjar com mais garotas, sabendo que você já tava gamado por outros e nem tentou com eles. Então, foi o jeito que achei pra te mostrar que eu tinha razão. – Fechei a cara para ela. – Você só teve a ganhar! É como o ícone gay Keiynan diz em uma de suas letras: "o amor é um jogo que merecemos jogar em voz alta", a mais pura e bela verdade.

– Acabou de fazer uma citação direta como seu argumento que nem em, sei lá, um artigo? – Indaguei com a sobrancelha arqueada.

– Nossa, tá sabendo legal. – Mina ficou surpresa que eu continha tal conhecimento. – Vai arrebentar nos últimos testes.

– Cê acha? – Me distraí por um segundo com o elogio dela, mas prontamente me toquei de sua jogada: – Não muda de assunto!

– Você adora essa música e ela, tirando o trecho "it's only about us two", foi feita pra você! Como ensinamento também. – Virou para seu cúmplice, que apenas observava, e cochichou: – Me ajuda aqui.

– Eu tenho mais uma referência musical. – O francês enunciou orgulhoso. – Do Got7: você era a peça que os faltava. – Tinha que ser um kpop, pelo menos ele traduziu. – Só vocês não viam isso ainda, então suas fadas madrinhas sexuais aqui fizeram o trabalho. – A garota revirou os olhos para o loiro perolado que apontava entre si e ela com um sorriso.

– Desculpa, por não ter te escutado. – A latina finalmente disse a palavrinha mágica. – É que eu odeio slow burn.

– Eu os perdoo, porque deu tudo certo. – Não estava de fato com raiva, apenas queria ver até onde eles iriam com as justificativas. – E acho engraçado que deu uma de casamenteira pro seu ex-crush que tirou o seu bv.

– Exatamente, por isso que eu mereço ser a madrinha dos três no casamento clandestino de vocês.

– Claro que você será. – Garanti rindo, já que não era como se tivéssemos muitas opções: – Porque é a nossa melhor e única amiga mulher.

– Não se esqueçam de mim! – Aoyama bravejou no meio de nós. – Eu serei seu padrinho e o de você com o Sero.

– Como é que é? Eu ficarei pra titia, querido. – Ela decretou decidida.

– Vocês têm química e serão os próximos que eu juntarei depois da senhorita se aquietar da vida loka. – O intercambista retrucou, firme em tê-la como vítima de seus planos.

– Mesmo se um dia eu me aquietar, não precisarei de homem. E se eu quiser um, o Hanta será o último da lista. – Pegando aquele start de treta como deixa para me mandar, fui sem alarde. – Ele é tipo um primo de consideração pra mim, as nossas famílias literalmente passam toda Ação de Graças juntas. E tu só pensa que temos química, porque somos sul-americanos e os que sobram do Baku Squad.

A certa distância ainda dava para os ouvir discutindo. Bufei com graça quanto aquilo, ao passo que me reencontrei com meus amores. E, com o braço de Eiji sobre meus ombros e Kats sendo guiado por minha mão unida à dele, fomos juntos para a nossa sala.

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