Felizmente, o dia seguinte era domingo. Não que eu curta esse dia, ele é meio merda por ser o antecessor da segunda, mas aquele seria especial porque o reservaria para passar com meus besties. Já que todo o plano de me desprender deles não deu certo mesmo.
– Qual a nossa programação de hoje? – Invadi animado a casa da Senhora Mitsuki naquela manhã sabendo que era a semana dela com o Bakugo e vendo que, como tinha previsto, Ejiro já estava lá também. A julgar pela vestimenta, o ruivo devia ter dormido por ali.
– Bom dia! – Da cozinha para sala, de onde eu entrei com meu par de chaves, Kiri veio radiante ao meu encontro assim que me ouviu. – Você, não teve um date ontem? – Seu sorriso diminuiu gradualmente ao ponto em que perguntava. Nossa, ele gravou quando eu iria sair?
– Pois é, foi péssimo, apesar do lugar ser bacana. – Me joguei no sofá e, não querendo prolongar aquele tópico, continuei: – Vamo marcar de ir lá um dia, mas enfim, agora eu tô precisando revigorar.
– Okay, bora falarmos do seu aniversário então? – Por sorte ele não quis os detalhes sobre o meu fracassado encontro e rapidamente achou outro assunto. – Sei que falta tempo ainda, mas é bom já irmos pensando no que vamos fazer. – Eiji voltou a sorrir e se sentou do meu lado no sofá. – E o que quer ganhar?
– Sabem que eu adoro surpresas e nunca sei o que quero de presente.
– Portanto, falemos de planejamentos mais urgentes. – Entrando na conversa, que o loiro até então escutava do outro cômodo, Katsu surgiu na sala, também ainda de pijama, portando em uma mão sua xícara cheia de café e na outra um pacote de biscoitos amanteigados para gente dividir (mentira, provável que me repreenda quando eu for roubar umas de suas bolachas). – Temos que decidir sobre a mudança: eu tenho procurado online uns apês relativamente perto da Universidade pra alugarmos, porque dormitório no Campus ou república estão fora de cogitação.
– Tem tanta repulsa assim por fraternidades? – Kirishima o questionou enquanto Katsuki se sentava ao lado dele. – Elas parecem uma experiência legal de se ter...
– E viver com um bando de extras do naipe dos seus colegas de time? Eu passo. – Tirei proveito da distração de Bakugo com sua soberba para pegar um biscoito. – Não comeu antes de vir não? – Fui pego no flagra, mas não impedido de beliscar mais unzinhos.
– Pode participar de qualquer irmandade clichê com nome de letra grega Kiribro, mas more com a gente. – Lhe fiz um apelo manhoso com olhos de cachorro pidão.
– Ótimo, tendo isso em concordância, precisamos agendar nossa visita a esses apartamentos. – Kats prosseguiu ao passo que Eijiro acenou em acordo a mim todo ruborizado pelo meu dengo.
– Mas nem sabemos ainda em que Faculdade vamos entrar, se formos aceitos, ou você tá vendo um lugar em cada uma delas? – Indaguei sua precipitação. – Aliás, já bateram o martelo pra qual curso vão direcionar o estudo no Ensino Superior?
– Direito, claro. – Bakugo apontou para si. Ele sempre foi firme a essa profissão desde que a escolheu traçar como carreira no primeiro ano do Ensino Médio.
– Eu acho que vou pra Letras mesmo, é o que tenho mais chance. – Declarei indiferente.
– Mas é o que você quer? – Eiji me perguntou atencioso.
– Não tenho certeza, mas acredito que vale a tentativa. – Afirmei convicto. – É uma das poucas coisas que curto e sou bom, o que me quebra é a área de atuação: vou me ferrar sendo professor.
– Quem disse que só pode licenciar? Tem como ser escritor-
– E morrer de fome? – Interrompi presunçosamente o outro loiro.
– A gente te sustenta. – Foi a vez de Kiri me lançar seu semblante de denguice.
– Dá pra se especializar em várias coisas na verdade, como redator ou até editor de revistas por exemplo. – Katsu concluiu o que dizia anteriormente. – Acho uma boa pra você.
– É, você é criativo. – Forma meiga de dizer que viajo na maionese. – Aposto que vai ser um escritor incrível. – O ruivo deu também sua aprovação. – Mas quanto a mim, tô em dúvida ainda entre Educação Física e Nutrição.
– Faz diferença? No final você vai acabar focando no esporte até se tornar profissional.
– Sei não. – Eijiro me respondeu vacilante. – Posso ser bom aqui, mas nada comparado com o resto do país. E eu gosto de jogar, mas não sei se tanto assim pra seguir como carreira. – Me surpreendi com essa posição dele. – De qualquer maneira, vou continuar com o futebol pra ter bolsa e não precisar pagar o absurdo que são as Universidades daqui.
– Por falar em grana. – Me inclinei do assento para direcionar melhor meu olhar a Bakugo. – E você? Vai precisar trabalhar pra completar as mensalidades da facul e aluguel do apê ou suas economias estão em dia e seremos juntos dois desocupados nesse tempo? – Lhe exibi um sorrisinho de sedução para o mundo da vagabundagem.
– Bom, já que o Deku deve levar a bolsa como o aluno exemplar da nossa escola. – Ele revirou exageradamente os olhos só por mencionar aquele nome. Assim, acho que a conduta de mau comportamento feriu um pouco o histórico do Kats para lhe concederem qualquer bolsa de estudos. – Eu tentei argumentar com os meus pais que queria fazer por merecer e portanto arranjar um emprego invés de aceitar suas poupanças, mas eles não escutam e dizem que é bom eu me dedicar 100% no curso enquanto o estiver fazendo, sem me prejudicar pelo menos tempo que teria em estudar se trabalhasse também nesse mesmo período. – Pausa para respiração. – Concluindo, fizemos um acordo em que eu os deixo ainda bancar minhas contas se eles acatarem meus pagamentos futuros por esses anos depois que eu já estiver em uma agência de advocacia.
– Justo. – Assenti. – Da minha parte posso dizer que meu pai fez algo por mim afinal pegando todos aqueles "plantões" e eu o paguei com o tempo que teria com ele, então... – Vendo que a pena os apossava, mudei o tema: – Mas voltando a indecisão de Eiji. – Dei a deixa para que ele aprofundasse mais sobre aquela questão (que eu próprio tinha desviado antes).
– Bem, é que eu gosto da ideia de ajudar as pessoas com a saúde do corpo, nisso penso em exercícios como personal trainer ou na alimentação como nutricionista.
– Ah você pode tentar os dois e ver o que mais te agrada, mas se quer minha opinião acho que tu combina mais com atividades físicas. – Sugeri.
– Ou pode fazer os dois. – Katsuki contrapôs.
– Aí é demais pra eu dar conta. – Kirishima queixou fazendo biquinho.
– Não necessariamente ao mesmo tempo! – Bakugo explicou com toda a sua delicadeza e calma. – Depois de terminar um, pode fazer o outro como mestrado ou mais uma graduação.
Dito isso, o ruivo ficou pensativo e eu aproveitei aquele momento para checar meu celular que sentia vibrar em meu bolso há uns minutos. Abrindo minha caixa de mensagens franzi a testa ao me deparar com vários textos de Ojiro: uns de desculpas, caso ele tivesse feito algo que não gostei em nossa saída, e outros me chamando para uma sorveteria o que claramente era um convite para um segundo encontro...
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Por Que Três É Demais?
FanfictionQuem disse que mostarda, ketchup e maionese não combinam tudo junto? É a primária tríplice aliança, o equilíbrio perfeito de uma tiqueta. Digo, triqueta... tiquetra? Aquela desgraça do símbolo da trindade! É disso que tô falando, eu quero um poli e...