Cap.8 - Parte II

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– A ameaça de adeus das suas vidas que Blasty deu foi só uma pressão pra me testar, né? – Zoei acobertando o terror que aquilo havia me dado. – Mas eu realmente fui muito egoísta e insensível. – É Denki, chega de olhos só para os seus dramas. – Vocês têm o direito de ficarem putos comigo por mais um período se quiserem, eu mereço e entendo isso. Prometo que vou compensar também, começando por apoiar vocês de verdade como deveria ter feito desde que me contaram.

– Calma aí oh diplomata dos gays, vai nos apoiar no que exatamente? – Bakugo arqueou uma sobrancelha em suspeita. – A gente só quer que esteja do nosso lado.

– Justamente, vou estar do lado de vocês quando assumirem. – Decretei. – O que eu acho que deviam fazer ainda esse ano, porque sabe, é importante ter orgulho de quem é e foda-se do que o chamarem, eles que são uns trouxas por classificarem "gay" e seus derivados como ofensa. – Alguém deveria seguir seus próprios conselhos.

– Sim, mas não tem porque gritarmos no meio do colégio que nos atraímos por homens. – Kirishima contrapôs acanhado. – Não é da conta deles.

– É, mas vocês também não têm que esconder seu namoro. – Retruquei. – Tô falando de algo como andar de mãos dadas, assumiriam duas coisas de uma vez.

– Já te dissemos que não somos um casal! – Katsu bradou me silenciando na base do grito. Em defesa dele, eu sabia que ele odeia repetir as coisas.

– Que pena que eu não acreditei na primeira vez porque essa foi uma das causas pra eu me retirar de cena, saca? – Brinquei, pois esse era o meu modo de suavizar o clima. – Tipo, ninguém gosta de ser um vela e eu não queria empatar as fodas de vocês.

– Só pra deixar claro: é verdade que temos mais uma coisa divergente entre a gente, mas tudo bem, sempre tivemos pontos em que é comum só com um de nós e isso nunca nos fez, sei lá, ter um laço mais forte com esse do que com o outro. – Eijiro foi o atencioso que é, garantindo que minhas preocupações fossem cessadas. – Pode ficar tranquilo Denks que com nossas sexualidades não vai ser diferente, não vamos te deixar de escanteio, apesar de você ser um hétero cis branco. – Essa última frase foi claramente um alívio cômico porque o ruivo sabe que me ganha através do riso, mas naquele caso >mesmo achando graça< ri forçado por conta de uma das partes se tratar de uma mentira.

– Valeu, eu aprecio de coração vocês lembrarem de ter essa consideração por mim, mas retornando ao assunto anterior: por que não estão namorando? – Reuni coragem para fazer aquela pergunta. – Já são amigos e tem tesão um pelo outro, pensei que esses fossem os requisitos pra um relacionamento amoroso.

– Palavra-chave: amoroso, que vem do amor. – Baku zombou. – Esqueceu do elemento essencial pra um namoro: a paixão.

– E não estão apaixonados um pelo outro? – Os dois ficaram vermelhos na hora com esse meu questionamento e nenhum deles respondeu de imediato.

– Qual é a sua?! – Sem negar, o loiro me retalhou em indignação. – Cê acabou de dizer que não quer ser um vela.

– Não sei também! – Disparei desnorteado. – Eu quero e não quero, tipo... é complicado – "quero vocês juntos se for comigo", não é tão complexo Denki (colabora consciência, por que sempre tem que discutir comigo?) –, mas basicamente quero vê-los felizes então, se ficarão mais felizes namorando, isso supera qualquer ciúme e inveja.

– Ok, já tá me dando dor de cabeça acompanhar essa sua cuca. – Katsuki encerrou a conversa por ali e deu uma olhada em seu relógio de pulso, pegando as chaves de seu carro do bolso de sua calça. – Vamo logo que já tamo atrasados.

– Bora um boliche depois da aula? – Ajeitando a alça da mochila no ombro, Kiri sugeriu casualmente no caminho para o veículo como se todo aquele lapso não tivesse acontecido e estivéssemos ininterruptamente em nossa rotina conjunta. Eu sorri pra ele em concordância e assim fomos para um dia letivo como nos nossos >não tão< velhos tempos.

Desse modo (momento de time skip galera), meses passaram sem mais incidentes, com a gente felizmente de boa e, mesmo que o aperto no meu coração daquela hanahaki disease permanecesse, foi bom poder conviver com eles novamente. Como Angelica Schuyler diz na parte final de seu solo: "ao menos eu mantenho os olhos dele(s) em minha vida". E como ela você nunca estará satisfeito, Denki.

Nos dias de semana voltei a ficar na companhia dos dois e nos fins de semana eu, Mina e Yuga (eles de fato e previsivelmente se deram muito bem) alternávamos entre a balada gay e a latina. Eu sempre acabava pegando alguém nessas saídas, mas só ficava nos beijos no próprio local mesmo. Apesar de ser um sedento pra apagar o meu fogo no rabo, nunca mais abusei da sorte dormindo fora na casa de um estranho.

E nesse meio tempo >insira calendário sendo arrancado páginas aqui<, além de vários feriados, rolou o níver de Eiji. O pessoal do time fez uma festa que teoricamente era pra ser de aniversário ao ruivo, mas na prática eles só usaram aquela data como desculpa para festejar mais entre seus iguais. Então, quando percebemos que ninguém ali se deu o trabalho de comprar nem um bolinho, nosso squad foi embora para um after party improvisado de festa do pijama na casa do aniversariante.

Em seguida veio o Halloween, no qual (enquanto Sero e Ashido curtiam em alguma festa) eu, Kats e Kiri ficamos importunando as crianças de nosso bairro que só queriam doces, mas nós apenas as presenteamos com muitas travessuras hilárias de susto. Depois teve a Ação de Graças, em que meus fiéis escudeiros viajaram para encontrar seus familiares distantes e eu acolhi ao convite para o jantar das famílias de Hanta e Mina. Eles tinham o costume de se reunir nesse dia, já que os outros parentes dos dois estavam em seus países de origem.

Aí enfim as férias de inverno chegaram (não que eu goste do frio, mas do ócio sim). E com elas vieram os estimados Natal e Ano Novo, onde eu, Eijiro e Katsu passamos juntos sossegados na casa dos Bakugo, o que foi um paraíso doméstico com diversões na neve. Mas, como estava muito bom, em um estalar de dedos as aulas voltaram e pouco tempo depois já houve uma bateria de provas.

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