Cap.13 - Parte I

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Por fim, o final de semana chegou e com ele veio a celebração oficial de meu níver.

No sábado à tarde, como já estava em nossos planos, fomos ao parquezinho de diversões que tinha em nossa cidade. Daqueles itinerantes que montam e desmontam. Me dá adrenalina o medo de que pode não ser muito seguro, mas a melhor parte foi a "pequena" competição que criamos entre nós três de quem conseguiria mais bichinhos de brinde um para o outro das barracas de jogos (Kirishima ganhou, com as 4 pelúcias que obteve para cada um de seus loiros).

E de noite, estendendo a festança e o nosso planejamento, decidi levar o pessoal na famigerada boate gay.

– Estar aqui acompanhado é bem melhor do que procurando por alguém.

– Era esse o lugar então que Aoyama te trazia? – Não dando bola para o meu comentário, Kats perguntou retoricamente encarando o francês do outro lado da mesa em que todos estávamos sentados. – Numa casa noturna, que são para maiores? – O lado ajuizado do loiro acinzentado falou mais alto que sua parte ciumenta, mas o intercambista, fingindo que a mirada amedrontadora do outro não era com ele, apenas continuou a tomar o seu suquinho de morango. Bakugo fez uma exceção nos permitindo ir lá aquela única vez antes dos 21, porém nos proibiu de consumir qualquer coisa alcoólica.

– O Yuga é estrangeiro, a concepção de maioridade dele é diferente da daqui. – Sato saiu em defesa de seu amado.

– Denki ainda tinha dezessete quando ele o trouxe, que é de menor na maioria dos países inclusive na França. – O insolente rebateu.

Já cansando do rumo daquele papo, foquei minha atenção em outro.

– Sim, meus manos agora são meus namos. – Pude ouvir Eijiro em uma das conversas paralelas da rodinha.

– Uau, que sacada. – Ashido ironizou o orgulhoso jogo de palavras do ruivo. – E você ainda os chama de "manos"?

– É hábito, mas tô esperando também o momento certo pra introduzir os pet names porque sei que o Baku vai dar coice se eu não for preparando o terreno antes.

– Meu. – Sero começou contemplativamente incrédulo. – É tão óbvio que vocês são gays um pelo outro, como nunca notei?

– É a maconha. – Entrei no assunto com a piadona.

– E por que fui o último a ser informado?! 

– Bom, os demais que ficaram sabendo antecipadamente foi porque descobriram por conta própria já que a gente custou pra dizer até um pro outro. – Kiri tentou o confortar.

– Mas e você, Mina? – O colombiano quis as satisfações da garota também. – Por que não me fez confidente das suas suspeitas?

– Guardei pra mim em respeito a eles. – Bastou-se na explicação.

– Pensei que fôssemos uma dupla. – Lamentou inconformado. – Sabe, os latinos do grupo.

– Muito foda lek, vamo dançar. – Ela desconversou, não caindo na artimanha emocional do moreno.

– Isso é um meme brasileiro? – Mesmo contrariado, Hanta levantou junto dela para o bailado.

Como deixa Aoyama igualmente se foi, arrastando seu namorado consigo. E então eu olhei para os meus em convite, mas só Kirishima atendeu o chamado.

– Cê tem sorte de pelo menos um dos seus parceiros aceitar, então aproveita isso e não reclama. – Prevendo que eu insistiria para ele ir junto, Katsuki foi rápido em se esquivar.

– Tem certeza que quer ficar aí sozinho? – Não desisti fácil assim em instigá-lo. – Os caras vão descer que nem abutres em você, eu sei por experiência. E se bobear ainda te pagam bebida.

– Uma dança e aí vamos embora. – Depois de um segundo de reflexão, Katsu concordou para não ser importunado e nem estragar seu disfarce da identidade falsa que o possibilitou a entrar no estabelecimento. – Já tá mais que tarde.

– Sim, uma dança nós três; uma dança eu e você; uma dança eu e Eiji; e uma dança vocês dois; aí podemos ir embora. – Determinei sorridente.

– Te odeio por ter me convencido a vir. – Exprimiu a Eijiro nos fazendo rir ainda mais dele.

Assim puxei ambos para a pista e desse modo finalizamos um dos meus melhores aniversários. Os dois eram uns travados na dança, mas foi bem divertido por isso.

E na segunda eu acordei animado, mal vendo a hora de aparecer no colégio com os meus bofes... Espera um minuto:

– Sei que não assumimos ainda pra algumas pessoas importantes, mas como vai ser na escola? – Os perguntei na dúvida, enquanto nos arrumávamos no meu quarto. – Querem deixar pra expor publicamente nosso relacionamento só na faculdade? – Vacilei com aquela possibilidade. – Porque tipo, tá terminando o ano então não é como se fossemos rever essa galera do Ensino Médio por muito mais tempo.

– Não me importo de já exibirmos nosso comprometimento. – Bakugo assegurou. Logo eu e ele fitamos Kiri na espera de sua unanimidade.

– Como planejam nossa entrada triunfal de trisal que deixará a todos de queixo caído? – O ruivo nos incitou sorrindo.

– Isso! – Pulei de alegria. – Quero tanto jogar na cara dos babacas.

– Acho que as mãos dadas é o suficiente pra passar a informação e virarmos o assunto do dia. – Kats sugeriu.

– E selinhos? – Ofereci com um biquinho em simulação.

– Olha, é bom já saberem que, não é por conta do gay, mas eu não sou de PDA. – O loiro acinzentado cortou o meu barato.

– Tá. – Murchei, mas cedi pois não queria abusar. Ao longo de nosso relacionamento nós veremos se o repúdio dele por demonstração pública de afeto perdurará.

– Gente. Só lembrando também que, por conta do último jogo do campeonato chegando, o time vai treinar mais esses dias. – Eiji comunicou.

– Vai nos abandonar? – Fiz drama. – E o que nós dois fazemos nesse tempo?

– O mesmo de sempre. – Katsu respondeu como se fosse óbvio. – Os clubes que cada um tá, só pegar hora extra neles que nem o atleta aqui.

– Quem leva a sério os clubes? – A única coisa que fazíamos separados na escola eu considerava como café com leite pra cumprir tabela acadêmica.

– Podem me assistir treinando. – Kirishima deu a ideia brincando, só podia ser.

– Eu ver o jogo já será muito. – Aleguei e sem demora virei para Katsuki com meu semblante safado: – A gente tem que acabar com o tempo perdido, lembra? É nossa chance. – Como eles não expressaram nada, fui direto: – Concordamos que tudo bem transarmos individualmente com cada, mas até agora apenas vocês transaram só os dois.

– Você perdeu a virgindade com a gente não tem nem 3 dias. – O ruivo contrapôs. Ai, cadê o Ejiro libertino quando preciso dele?

– E não foi você quem disse ser bom passarmos umas horas separados pra sermos menos dependentes um do outro? – Bakugo tava me zoando, por que ele guardou justo essa fala minha?

– Isso foi antes de estarmos namorando! – Na época pareceu uma boa para os meus sentimentos. – Em um relacionamento eu não sou como a Ariana em NASA. – Que espaço pra criar saudade o quê (se eles não pegaram essa vamos ter que conversar, a música tá até há um tempo na playlist que boto para tocar no carro nas minhas vezes).

– Okay, mas se quiser sexo vai ter que me levar para um encontro primeiro. – O loiro sorriu confirmando que estava tirando uma com a minha cara. Naquele momento, deixei por isso mesmo. Mais tarde retomo o assunto com uma provocação em troca.

Por Que Três É Demais?Onde histórias criam vida. Descubra agora