Cap.2 - Parte III

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– Já começou com nossa música?! – Proclamei surpreso e animado ao ouvir "My Best Friend" dos Weezer ser a primeira a tocar (os algoritmos leem as nossas mentes). – Juro que botei no aleatório, vey.

When everything is wrong I'll come talk to you! – Kirishima acompanhou a letra empolgado, quando o canto iniciou.

You make things alright when I'm feeling blue! – Eu segui no próximo verso, me virando para o ruivo com a mesma energia alegre e contagiante dele.

– Eu nunca concordei dessa ser nossa música! – Bakugo se intrometeu amargo, sempre se esforçando para estragar o clima. Alguns são de já iniciar o dia em alto astral, outros simplesmente não.

– Quer que eu troque prum pop então? – Debochei sabendo do seu ranço com música "comercial".

You are my best friend and I love you! – Eijiro continuou no refrão, ignorando nós dois. – And I love you, yes I do. – E então Katsuki apertou para passar a música.

Por um segundo tive a impressão dele ficar tenso pelo... "eu te amo" na canção? Mas logo essa linha de raciocínio foi dissipada quando ouvi o inconfundível "some" da música que veio em seguida.

Body once told me the world is gonna roll me, I ain't the sharpest tool in the shed. – Não resisti em acompanhar. Seria pior no "tente não cantar" do que no "tente não rir", e olha que tenho riso frouxo.

– Quando pôs o tema do Shrek na sua playlist? – Kirishima me questionou julgador, podia vê-lo contendo o riso.

– Licença, Shrek é um ícone e essa música é um hino por si só.

– Sim e de qual dos filmes mesmo é essa trilha? – Katsuki perguntou de maneira irônica com seu sorrisinho convencido. É possível achar algo bonito e ao mesmo tempo ter ranço dela?

– Ai, lá vem você com o debate de qual é melhor! – Resmunguei antecipando a discussão.

Como já mencionei, nossa relação de crescer juntos e ser inseparáveis não impediu que tenhamos opiniões distintas, pra mim essa é a parte mais divertida. Somos bem diferentes em pensamentos e comportamentos, não concordamos muito, mas não ficamos magoados por isso, na real esses variados pontos de vista só expandem nossas interações, diversificando nosso relacionamento um com o outro.

– Esse é mais um ponto pro primeiro ser o melhor, tem o tema mais marcante! Além de ser o original, essa palavra já diz tudo. – Bakugo seguiu com sua previsível argumentação. – Todo mundo sabe que os primeiros são os melhores, é quando tudo começa e é novo, depois a cada um é só ladeira abaixo inevitavelmente.

– Cara desiste, Shrek foge dessa regra, é quase unânime no fandom que o segundo é o melhor. – Veio Eijiro em defesa do seu preferido. – É quando aparece o gato pela primeira vez; tem a cena lendária do jantar com os pais; o burro vira um alazão; eles são presos; fazem um biscoito gigante; a fada madrinha é a melhor vilã de todas. – Listou seus motivos com os dedos. – E a trilha continua incrível mesmo não tendo viralizado tanto quanto essa, mas Livin' la Vida Loca chegou perto.

– Gente, quantas vezes tenho que dizer que o terceiro é o mais engraçado? – Foi minha vez de expor meu lado. – Tem as piadas que mais marcaram, pelo menos pra mim. O pessoal só tem mau lembrança pela expectativa da época, mas segue tudo que deu certo no segundo e vão além ainda juntando princesas e vilões. – Se eu tivesse essa disposição nos debates da escola... – O Encantado como antagonista é uma pérola à parte e preciso falar do Arthur e toda a sequência na escola? Aquilo é maravilhoso! Ah, e não esqueçam do Merlin que também tem uma ótima participação.

– E os dois só foram possíveis graças ao primeiro. – Katsuki e sua chatice da superioridade dos filmes únicos. – É nos primeiros que os criadores são criativos, as sequências são apenas pra lucrar em cima de algo que deu certo, repetindo fórmulas seguras invés de criar algo diferente, sem exceções.

– Eu geralmente gosto mais das continuações justamente porque passou a fase de estar conhecendo aquele mundo e personagens, por isso adaptações tem mais público porque a galera já sabe e gosta da história. – Dei minha opinião quanto aquilo. – Quando sai uma sequência tem aquela sensação de estarmos revisitando aqueles que já aprendemos a amar. E aí podemos ver mais desses personagens e conhecê-los melhor, porque trazem sim na maioria das vezes algo novo também. Eu acho isso mágico, principalmente porque sou curioso pelo que acontece depois de cada fim.

– Pra mim depende. – Kirishima abriu a terceira via. – As continuações que são pensadas desde o começo, porque a história é algo maior pra se aprofundar e desenvolver, costumam manter o mesmo nível de qualidade do original, mas naqueles que a história tá completa e inventam mais coisa depois só porque fez sucesso, tem mais chance de sair ruim mesmo como o Kats diz. Porém nem sempre também, os roteiristas conseguem às vezes ser bem criativos pra isso.

– O quarto é o mais fraco. – Soltei depois de um tempo que ninguém trouxe mais alegações.

– Obviamente. – Bakugo afirmou na mesma hora sem nunca tirar os olhos da estrada.

– Nisso a gente concorda 100%. – Eiji riu. – Mas o "faz o urro" é bom.

– É a única coisa que salva ali. – Zombei.

– Usa a jogada batida de passar pela jornada do primeiro de novo quase como um reboot. – Katsuki prosseguiu com suas críticas de pseudo membro do júri da academia do Oscar. – Provavelmente tinham acabado as ideias e ainda bem que souberam parar aí.

– Não tá sabendo que vai ter o quinto? - O ruivo informou deixando Katsu incrédulo. – É a chance deles de se redimirem, pelo menos.

– Nem ouse tocar no assunto de remakes e live actions Blasty, posso ver a escola daqui já. – Me adiantei sabendo que ele estava a um passo desse tópico e não teríamos mais tempo para outra discussão.

Por sorte o loiro acinzentado deixou essa passar >dessa vez< e logo estacionou em nossa vaga frequente, nem muito longe e nem muito perto do portão de entrada da escola. A ansiedade voltou a bater quando me deparei de frente ao colégio.

Primeiro dia do último ano, lá vamos nós!

Por Que Três É Demais?Onde histórias criam vida. Descubra agora