Capítulo 3 - Paga-Lanche por Um Ano

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- Ei, não foi isso que eu pedi pra tu, rapaz.

Darius deu um soco na barriga de Aatrox, dando três acúmulos da sua passiva no Darkin. O valentão o mantinha perto e encurvado para parecerem bons amigos, embora bons amigos não se encontrassem próximos do incinerador de lixo para fumar cigarro e bater nos paga-lanches.

- Você me trouxe coca café. Café! Tá querendo zoá com minha cara, é? Ou quer um repeteco do teu maior rival, hum?

A princípio, Aatrox viu nele um alvo de sua vingança, que sentiria sua ira, e por isso prosseguiu tentando desafiá-lo para que provasse do seu próprio veneno. Em seguida, viu Darius com respeito espartano, honra entre guerreiros, uma rivalidade que devia almejar e, por isso, se tornaria cada vez forte a cada duelo. No terceiro dia ele aceitou que aquele era o valentão dele e precisava se vingar.

Ahri se aproximou saltitando. Toda patricinha com aquele cabelo roxo estranho.

- Ei, Darius, o Batman aí trouxe minha coca certa, né? 

- Mortal, eu sou o DEICI... HUFFF - ele foi interrompido por um soco no estômago.

- Tá aí na sacola, Ahri. O do Vlad e do Ekko tão certos ainda.

- Seus... vermes! - gemeu Aatrox.

- E Poritos? Ele trouxe os Poritos? - perguntou Ekko sentado mais perto do muro.

Quando Darius descobriu que faltavam os Poritos, ele segurou Aatrox pela gola e pegou seu machado.

- Qualé moleque, quer que a gente beba tudo isso sem nada pra forrar o estômago, hein?

Aatrox não podia admitir que estava ficando sem ouro suficiente para pagar a comida daqueles delinquentes. Por isso, tentou outra alternativa.

- Seus mortais! Vocês são tolos? Sabem o quanto de carboidratos e gorduras saturadas possuem esses salgadinhos? Só esses refrigerantes são o suficiente para acabar com uma semana de treinamento. Cuidam dos seus corpos como se fossem a própria bun...

- Eu não pedi pelas informações nutricionais, pedi por PORITOS!

Darius também era conhecido como o "Rei da Enterrada" e Aatrox soube bem disso naquela semana, quando foi jogado dentro do lixo com a mesma força de uma bola de basquete.

O impacto foi afofado por um segundo corpo, que gemeu como ele quando os dois se encontraram no fundo daquela lata. Eles se entreolharam e se reconheceram. Os olhos amarelos, a pele verde, os dentes afiados.

- Renekton? Você...! - ele pigarreou, engrossando a voz - O que você está fazendo no meu lixo?

- Eu que devia dizer isso! Não esperava que você se rebaixaria tanto para se matricular na Academia Durandal. Achava que permaneceria naquele cenário de "Matador de Deuses" e "Açougueiro de Freljord".

- Eu estou aqui porque eu quero - gaguejou Aatrox - Precisamente aqui. Nessa lata de lixo. E o que você está fazendo aqui?

- Hã. Eu sou paga-lanches do Darius desde a temporada passada. - Renekton reuniu um pouco do churume no fundo da lata - E esse lixo é meu, então vaza daqui!

Antes que pudessem dizer qualquer coisa, Darius chutou a lata de lixo, arrancando palmas e risadas do seus amigos que assistiam tudo e aplaudiam desprezar os mais fracos a uma distância segura.

- Deuses, vocês fedem. - Darius se agachou diante dos dois - Vocês dois, seus monstros, eu preciso de ajuda com uma moto. Vocês vão me ajudar a pagar as prestações, tá bem? E não vai ser uma bis ou yamaha, vocês vão me ajudar a comprar uma moto de macho, entenderam? Uma Harley Davidson.

- Eu prefiro lutar até a morte a pagar por sua moto, seu pobretão careca.

O noxiano não fez nada. Simplesmente ergueu o dedo e apontou para Aatrox.

- Tudo bem, então vamos ver quanto de vampirismo universal você tem.

Aatrox tremeu.

- Pare.

- Olhe só, e dano? Menos ainda? - as risadas começaram a ecoar - Gente, olhem só: 20 de dano físico aos Vinte Minutos! Você tá gastando seu dinheiro em quê? Sentinelas de Controle?

- Pare. Pare. - lágrimas começaram a escorrer no rosto de Aatrox.

- Agora bem que podiam devolver aquele ressurrect que havia na sua suprema, Aatrox. Não que fizesse diferença, mas tirar aquilo de você foi bater nos mais fracos.

Esperava ver muitas coisas no rosto de Renekton, mas pena não era uma delas. Isso piorou tudo para Aatrox que, até esse momento da história, não encontrou sequer um protagonista desse universo de skins e começou a questionar se sua participação nessa história seria apenas sofrer.

Darius ria, Ahri ria, Ekko e Vladimir riam. Todos eles riam de quão inútil e pequenininha era seu vampirismo universal e relevância na rota do topo. Eles continuaram rindo, até que um tiro fumegante do Canhão de Mercúrio de Jayce os obliterou da face da terra.

Aatrox e Renekton permaneceram em silêncio. Alguns pedaços do cadáver de Darius estavam no uniforme deles. Jayce desceu imaculado com um sorriso de bom moço e queixo quadrado, oferecendo uma mão para o Darkin.

- Ele te machucou, amigo?

O Deicida encarou a mão de Jayce e então viu Renekton que fugia rastejando apressadamente, as patinhas geladas colando no asfalto das saídas da escola, em direção a sua lata de lixo. Aatrox viu o churume e os pedaços de Darius em seu uniforme e um nojo primordial invadiu daquele mauricinho invadiu seu ser. 

- Não me toque sua escória da Top Lane, híbridos de lutador com atiradores não deviam existir.

Jayce não reagiu por um instante, mas apenas deu seu sorriso mais brilhante e sincero.

- Está tudo bem. Vou levá-lo até a diretora Yuumi. Lá, você poderá conversar e podemos tratar que ninguém nunca mais faça bullying com você.

- Bullying? Eu? Como ousa? Eu e minha DEICIDA vamos mostrar para você o que fazemos com escórias que se metem na mesma rota que eu. VENHA!

Desnecessário dizer que, quando Aatrox encontrou um personagem principal, sua sorte não foi diferente dos valentões obliterados pelo Canhão de Mercúrio.

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