Capítulo 29 - Um Invocador se Desconectou do Jogo

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Agora chegamos naquela parte que o Aatrox morre, meus caros leitores. Como vocês vão reagir quando descobrirem? Será que vão chorar? Claro que não, durante toda sua existência, tudo que o Aatrox fez foi pagar de fodão e massacrar todos ao seu redor. Hoje a espada dele é feita de cócegas e purpurina. O Aatrox é uma piada, me entendem?

Não esperava que entendessem. Mas um dia vocês vão. Quando todos formos uma família. Unidos  

...

Kayle aterrissou no refúgio dos Darkin pouco depois de destruir o quarto de seu pai e deixar sua irmã enfurecida. A zanga infantil de sua irmã tinha razão sobre algo: era algo bem idiota parando para pensar. Ignorá-lo só por causa de um abraço em outra garota. Até devia se considerar sortuda, a maioria dos homens teria a descartado como uma lunática ciumenta e desviarem de uma bomba atômica de problemas.

*Woof* *Woof* um cachorro latiu, mas Kayle não viu. Provavelmente ainda não havia sido lançado no jogo. Talvez nem fosse um cachorro.

Ela se amaldiçoava como uma idiota. Finalmente criou coragem para gastar seu dinheiro em si mesma - e não nos comícios, palestras e cursos de sua mãe -, ficar bonita e agora se comportar feito uma fanática religiosa. Que bom que ela poupou Aatrox daquele discurso bíblico baseado na moral e bons costumes sendo destruídos na sociedade por garotas ruivas de saia curta.

- Olá Kayle, como está? - disse uma mistura da voz de três homens - Nós achamos que não foi muito educado entrar sem bater, especialmente atravessar a porta com seu poder ascendente.

Só pensar naquela garota ruiva fazia o sangue de Kayle ferver. Lux, já bastava ela ser aluna destaque e, como diziam as más línguas, em vários universos agora precisava também se meter com o seu queridinho?

- Sim, sim, o Aatrox está no quarto mesmo, bem por aí. Pede para ele descer depois, assim rachamos a pizza. Eu e o Aatrox, queremos dizer. - Kayle pensou escutar o som distinto de um crânio batendo na parede - Só não sei se você vai querer entrar aí. Não agora, pelo menos.

Não que só porque eram anjo/demônio deviam ficar juntos. Só se ele quisesse. Esse não é o motivo dela se interessar tanto por ele, o jeito badboy combinado com uma personalidade de um cachorrinho pidão bobo. Agora entendia porque a Riven saía com os monstros e podia tolerar um pouco a família da Kai'sa. A Kai'sa não merecia o bullying que aqueles bruisers e magos desgraçados faziam com ela. Talvez merecesse mais, mas não a família dela. Eles não tem culpa.

- Escuta, quais são seus pronomes? As vozes alugando meu corpo estão perguntando. Vou usar o pronome que você parece, perdoe-me se parecer insensível - Varus pigarreou - Você não acha melhor descer um pouco e esperar lá embaixo comigo, moços? O Aatrox está estudando agora...

Finalmente, parou diante da porta, levantando as mãos: uma prestes a bater e outra na altura do peito, segurando seu fôlego.

- ...Com o amigue dele, aquele ruivo que fica sempre fica seguindo ela.

Os pensamentos de Kayle saíram daquele trilho de determinação por um curto espaço de tempo, reconhecendo o vulto diminuto do irmão mais novo de Aatrox ao seu lado.

- Amigo ruivo? Não sabia que ele era amigo daquele bebum gordo e calvo.

Varus esfregou a cabeça.

- Foram as... ugh... vozes. Elas me obrigam a isso. Não, não, o nome dela rimava com Luz, eles estão ali dentro aprendendo equações aritméticas.

Ela parou por um instante sopesando aquela informação, então arrombou a porta com força. Estava trancada. Estava.

A cena que testemunhou a assombraria durante os próximos anos. Viu Aatrox com sem camisa e Lux sentada no colo dele fazendo equações de Bhaskara e ensinando trigonometria nos deltoides, peitorais e costelas de nadador dele. Uma notável baba escorria da boca de Lux e ela precisou limpá-la no momento que a porta perturbou sua atenção.

- O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?

Aatrox levantou-se rapidamente, derrubando Lux no chão. Sem querer, bateu os chifres de sua cabeça no teto, arrebentando o reboco novamente.

- Kayle! Espere um pouco, não é o que está pensando!

- Vejo você colocando chifres em mim depois que eu voei trinta minutos no céu dessa cidade poluída de pecadores para encontrá-lo pelado com outra garota no seu colo.

- Para ser justo, vocês precisavam estar namorando para conseguir os chifres - comentou Varus ao seu lado. Kayle sacou suas lâminas duplas, elas relampejaram e cegaram a todos no recinto.

- SILÊNCIO ATIRADOR IMBECIL!

Se não fosse o anjo guardião de Varus, ele teria sido obliterado da história naquele momento. Felizmente, tudo que ocorreu foi ele cair morto e a parede do quarto de Aatrox ser incinerada no processo.

- Você ficou doida, Kayle? Você vai obliterar meu irmão só porque a Lux estava ajudando a fazer minha cola? 

Kayle assessorou um pouco a situação e percebeu algo estranho ali. Como se nunca houvesse considerado aquele fator na fórmula. Viu o quarto de Aatrox destruído, Lux tremendo de medo sob a espada de Kayle para mandá-la para a luz numa viagem expressa e Aatrox falando coisas razoáveis ou simplesmente enraivecido pelo buraco que ela acabou de abrir ali no meio (fora outros danos à propriedade).

Sim, havia algo de errado, um cheiro de injustiça ali. Tão fedorento quanto suor depois de um dia inteiro usando sua armadura para exterminar criminosos.

"Será que eu estou errada?" Kayle balançou a cabeça em negação "Não pense nisso! Se você pensar que está errada, você vai estar! Só continue fazendo o que veio fazer, ensinar uma lição nele até que espante a piriguete".

- Eu vim aqui para aceitar suas desculpas e deixar essa bobagem de lado e encontrei você com essa piriguete se esfregando no seu peito. É esse tanto que você se importa comigo? Eu exterminei todos seus inimigos e é assim que você me retribui?

Aatrox se aproximou de Varus. O anjo guardião estava em efeito e uma faixa dourada transparente o fazia voltar no tempo, alguns segundos antes de sua morte.

- Por que não me responde? A resposta da revelia é a morte!

Incapaz de ignorá-la, Aatrox ficou de pé e os dois estavam na mesma altura. Duas caras zangadas, sendo aquela de Aatrox a única estúpida o suficiente para fazer uma cara feia para uma Kayle no nível 16.

- Você tentou também matar o único irmão que me resta, Kayle! Quem vai ser o próximo, hein? O cachorro-darkin que me prometeram há mais de dois anos e eu nunca vi? O Zac tentando me arrastar para o clubinho de fracassados dele? Ou a minha professora particular de equações (com métodos de estudo questionáveis)? 

- N-não se preocupe, e-eu não vou dar mais aula pra ele. Tô-tô fora!

Lux levantou-se e saiu correndo. Decisão sábia, no juízo de Kayle. Nada impediria que sua Espada de Fogo Estelar ativada obliterasse a maga de luz.

"Não! Volte lá! Você estava tão PERTO!" bradou alguma voz distante.

- Agora eu estou sozinho, Kayle. Como sempre. Todos me abandonam. Porque eu jogo no topo, porque eu sou feio, porque eu perdi o ressusrect na minha suprema. Muito obrigado, Kayle, por ser essa pessoa tóxica e paranoica! Está feliz? Agora somos só eu e você.

- Eu... - Kayle ainda estava furiosa. Ela segurou suas espadas com mais força - Você... Seu idiota-que-não-entende-nada!

- Anda logo e acaba com isso!

- RÁÁÁÁ!

Um movimento de espada com uma forte onda de poder arremessou Aatrox  janela a fora destruindo a outra parede do seu quarto - aquela com os pôsteres das bandas sobre morte, guerra e massacre. Kayle saiu voando pela direção oposta, quebrando a janela oeste do segundo andar com lágrimas nos olhos.

Quando Varus finalmente voltou à vida e viu tudo ao seu redor destruído, sabia instintivamente que ele jamais poderia causar um estrago tão grande.


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