Capítulo 1 - Cabeça de Tubarão-Martelo

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Atenção, esta história contém altas doses de Vergonha Alheia e Paralelos Relativos com a Realidade do Leitor.

O Ministério da Saúde recomenda sua leitura com moderação ou ao menos com um dos olhos fechados, para evitar o despertar de memórias traumáticas nos cérebros da audiência. Caso ocorra sangramento ou convulsões, procure imediatamente um médico.

Prefeitura de Durandal.

Lux estava atrasada logo no seu primeiro dia da Academia Durandal! 

Justo ela, definitivamente-uma-garota-de-verdade-e-não-uma-arma-divina, com seu cabelo ruivo, lacinhos vermelhos e seu uniforme de marinheiro da academia de batalha. Enquanto ela corria, não questionava porque o ministério da defesa colocou saias no uniforme feminino do que essencialmente era um colégio militar com 80% da grade sendo educação física - mas tudo bem porque ela ficava fofinha naquela roupa - sua única perguntando era: "quando?".

"Quando eu vou bater num bofe no meu primeiro dia? Talvez nessa esquina? Ou na outra? Ou na próxima?", seria decepcionante ela se atrasar tudo isso e correr várias quadras ao redor da escola com uma torrada na boca que nem uma lunática para não bater em ninguém.

Ela escutou passos na esquina e percebeu. Era agora! Ela apressou o passo e fechou os olhos para o impacto.

Naquele encontrão, sentiu os músculos duros e torneados do outro estudante, próximos dos zero por cento de gordura corporal almejados. Ele era alto, já que seu rosto bateu no peito e isso a divertiu mais ainda, porque precisaria se esticar toda para beijá-lo (hi-hi), e também do tipo frio, porque não disse nada mesmo quando ela gemia no chão.

"Tudo bem, não precisa ser tímido! Eu te ajudo a puxar conversa" continuou, seguindo uma sub-diretriz em seu cérebro.

Manteve os olhos fechados e massageou a nuca (embora o impacto foi de testa) e seguiu o plano. Usou uma postura fofa que favoreciam as coxas da saia curta - outro sinal que o ministro da defesa devia ser um pervertido.

- Ai, ai... Eu caí! Me desculpe se eu... - ela abriu os olhos e quase se engasgou - eu... eu não sabia que era você.

Um gigante de dois metros, vermelho e musculoso encarava com desprezo. Quando Lux o encarava, tentava decidir se os pais daquela criatura amavam aquela abominação - com asas de morcego e a cabeça de tubarão-martelo - e naquele instante ela percebeu que era muito familiar.

- Desculpas? Verme, você tem sorte de não ter sangrado no meu uniforme, senão eu usaria o seu cadáver como pano. - respondeu o diabo vermelho com a voz rascante e distorcida.

Lux ignorou a contradição de usar um cadáver ensanguentado para limpar o uniforme e tentou se prender naquela memória estranha que insistia em aparecer.

- Você... eu acho que conheço você de algum lugar, moço.

- MOÇO? Estamos no mesmo ano, inseto! Estudamos na mesma sala, eu vi as listas de aprovadas, Luxanna Stemmaguarda, filha da escória, dos professores de história da guerra e matemática!

Lux ignorou os comentários, compenetrada em descobrir de onde aquela familiaridade vinha.

- Acho que é a cabeça. Espera, deixa eu procurar. 

- PARE! - pigarreou, mais comedido - Pare de me ignorar, humana. Ou eu prometo uma morte lenta e...

- Ah, sabia! Você é aquele cara da campanha contra gravidez adolescente! 

Ela mostrou para o demônio um cartaz no celular. A campanha trazia uma imagem do demônio cabeça-de-tubarão-martelo sorrindo e letras garrafais e brancas no final do pôster. O título de cima dizia: "Bastou um carnaval, seis latinhas de cerveja e sexo desprotegido para que ele nascesse", então o título debaixo, maior e mais garrafal, encerrava: "Nesse carnaval, use camisinha! Ministério da Saúde de Durandal".

- Eu sabia que você não era um primo meu. Seria muito assustador...

- ESCÓRIA!

- KYAAAAAAH!

Lux saiu correndo, mais por causa do barulho do que por medo. O demônio vermelho se agachou e cutucou a torrada que ela deixou cair da boca. Estava pela metade, mas fresca. 

Olhou para ambas as esquinas e, quando constatou que não haviam testemunhas, jogou a torrada dentro da boca e mastigou com voracidade.

- O que está fazendo, Aatrox?

Ele deu um pulo, como se estivesse verificando um arbusto calmamente e subitamente um macaco com porrete, um homem-leão e um jacaré pulassem em si, o ignitasse e o mandasse de volta para base - sem flash, sem teleporte, sem dignidade. Como naquele instante que comia uma torrada no chão.

- Nada, absolutamente nada, Kayle. Por que não cuida da sua vida?

Kayle andou na sua direção e a visão dela de uniforme de marinheiro é algo que jamais veremos em qualquer jogo da Riot Games e só poderemos imaginar. Aproveitando sua imaginação, leitor, por favor, veja Kayle com um uniforme de marinheiro da Academia Durandal e um elmo romano obscurecendo seu rosto. Uma visão estranha, como ela flutuando alguns centímetros do chão.

- Por que não manteve o que restava da sua dignidade e deixou o pão aí no chão para os ratos?

- Não vou ouvir isso de uma esnobe que se acha boa demais para pisar no chão... - balbuciou Aatrox enquanto engolia os últimos pedaços da torrada. 

Kayle não escutou ou, se escutou, ignorou. Isso não a impediu de continuar o julgando de braços cruzando.

- Só tente não comer nada do chão perto da escola, Aatrox. Já basta você ser, bem, você, se souberem que está fazendo coisas estranhas não vai sobreviver nessa escola.

Aatrox cuspiu no chão daquela encruzilhada e jogou a sua maleta atrás dos ombros. Virou as costas para Kayle de um modo confiante e maneiro, se não estivesse comendo lixo alguns segundos atrás, e disse:

- Eu sou Aatrox, o Deicida-que-mata-deuses! E você não é deusa Kayle. Não é nem mesmo um minion até o nível 11, então fique fora do meu caminho e fuja para o rio. Assim eu não te confundo com um canhão e te farmo junto - GAHAHAHAHA!

Kayle assistiu em silêncio enquanto Aatrox atravessava os portões da academia Durandal. Ele não podia perceber, mas logo que atravessou os portões Kayle percebeu que todos seus avisos seriam em vão naquela cabeça oca.

- Hmpf. Idiota.

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