Capítulo 11 - Viciado em Cheirar Gatinhos

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Então, após grandes avanços no seu plano de não ser um perdedor, Aatrox encontrou-se num impasse.

Depois do colégio e das aulas de recuperação, quando o sol estava se pondo, Aatrox aguardava religiosamente a turminha do Garen aparecer no portão junto com a Katarina e Kayle. Essa situação não podia ficar mais similar a um enredo de comédia romântica barata.

Aatrox seguia para o colégio e queria que Garen segurasse sua espada e se tornasse hospedeiro Darkin. Sua consciência e alma seriam devoradas por inteira assim que o Darkin a sugasse para dentro da espada e Aatrox se sentiria completo, não seria um perdedor e seria novamente um campeão respeitado - como nos seus tempos de fundamental, nas temporadas anteriores. Quem sabe revertessem aquela mudança e devolvessem a ressurreição na sua suprema (nunca foi quebrado, pelo menos para os jogadores de Aatrox).

Todavia, Aatrox não podia demonstrar nenhum interesse em Garen porque Katarina, sua pretende assassina psicótica de cabelo rosa, o seguia para vigiá-lo - com certa razão, visto que Aatrox não havia desistido mesmo. 

Por isso, sua única saída foi manter-se naquela mentira idiota que estava interessado no amigo estúpido e onanista da sua rival, no caso Tryndamerda.

- ...Mas o negócio, Kayle, é que eu não gosto desse cara não.

Kayle e ele estavam sozinhos numa sala abandonada nos porões que provavelmente se destinava ao clube dos campeões-monstros. Aquele devia ser usado como um grande depósito para várias atividades do clube. Ali via-se esculturas de papel machê, cartazes, materiais escolares, bandeiras, uma crepeira, um frezzer para guardar bebidas, uma faixa de torcida "VAI MONSTROS! VAI!" e outra com "O IMPORTANTE É SE DIVERTIR!". O lugar era tenebroso, mas servia para arrefecer a determinação de Aatrox em encontrar um hospedeiro antes do baile do final do ano.

Kayle escutava Aatrox em silêncio, deitado nas mesas e olhando no teto, como um psicanalista em consulta.

- O Tryndamere não penteia aquele cabelo ensebado, é peludo, não veste camisa, fica fazendo umas piadas marotas tenebrosas envolvendo masturbação, não é inteligente e é pobre. Sabe que aquela espada que ele usa ele herdou do clã dele? É uma velharia, e nem vou te contar o que ele faz para viver: ordenha Elnüks numa fazenda fora da cidade. ECA! Cara, meu hospedeiro vai ser um fazendeiro fedendo a cocô de Elnük? Ah, não, senhor!

A Justa assentia automaticamente. O Darkin não reparava, apenas seguia tagarelando.

- Então eu entrei nessa. Como eu disse, escrevi a maldita Fanfic adaptando que eu matava toda a tribo do Tryndamerda para demonstrar que ele seria um hospedeiro apto para o Darkin da guerra e matança. Mostrei para ele e não fez nada. Só achou legal e continuou girando (um giro bem mais sem-graça que o do Garen devo acrescentar), mas é óbvio que a Fanfic ficou ruim porque ela foi feita para o GAREN! Eu ainda precisei ajustar tantos detalhes, tudo para uma reação meio bosta e as risadas da Xolaani, que descobriu e contou pra todo mundo lá em casa sobre aquela Fanfic.

Kayle baixou a cabeça, mas continuou assentindo.

- Ah e nem cheguei nas lutas. Que chatice. Me bate algumas vezes na cara com aquela espada enorme que, convenhamos, só tem tamanho, espera me dar uns críticos aleatórios e, se percebe que não pode me vencer (quase sempre) sai girando por aí, como um peão. Quando estou prestes a matar, ele se concentra num "tudo ou nada" e sai girando se não está perto de vencer. Que chatice!

Kayle finalmente levantou-se e foi a primeira vez naquela hora que Aatrox tirou os olhos do teto mofado das salas de aula nos porões da academia Durandal.

- CHATICE É VOCÊ, PORRA! VOCÊ NÃO CALA A BOCA NUNCA? - ela ofegava profundamente - MAIS DE UMA HORA FALANDO E VOCÊ NÃO PAROU NEM PRA TOMAR UMA ÁGUA! QUANDO ENGOLIU ESSA VITROLA?

- Eeep!

Os dois ficaram em silêncio e se entreolharam, dessa vez o choque no rosto de ambos.

- Você fez isso? - indagou Kayle.

- Não! Como ousa presumir que eu tenha qualquer sentimento além de raiva e sadismo? Pensa mesmo que seu faniquito súbito vai me assustar?

O olhar de Kayle vagou para atrás de si e encontrou duas figuras: o homem-geleia verde que alcançava o teto da sala era Zac com seu uniforme usado da academia Durandal - pelo menos dois tamanhos menor que ele - e o outro era uma nanica, devia chegar nos joelhos de Kayle que possuía as proporções de uma humana normal.

A pequena pessoa normal não era do interesse de Aatrox. As orelhas élficas alongadas, o cabelo azul-piscina feioso, o uniforme da academia Durandal um martelo que era do tamanho da duendezinha. Ela não seria uma hospedeira apropriada.

No entanto, algo na postura de Kayle dizia que ela estava vidrada na pequenina.

- Ah, oh, oi pessoal, como estão? Estou mostrando o clube dos campeões-monstros para uma possível nova membra, não se importem comigo, podem continuar com a terapia e as fofocas - Zac voltou-se para a estudante menor - Poppy, aquele demônio gigante rabugento ali é o nosso amigo Aatrox. Ele não quis participar do clube ainda, mas espero que emprestando nosso depósito ele logo mude de ideia vendo todas as coisas legais que fazemos no clube e aquela outra ali é a...

- Kayle. - ela respirou fundo e Aatrox podia ver as pupilas dela aumentando, ouvir o coração palpitar e os pelos da nuca eriçando - M-monstro...

- Uma... yordle? - ela deu alguns passos na direção da duendezinha.

- Não!

- YORDLE!

- NÃOOOOO!

Kayle perdeu toda a compostura e pulou na gnoma que não teve a menor chance. Ela começou a ser abraçada e afagada com a força incontrolável de uma ascendente, Poppy gritava horrorizada enquanto a ascendente balbuciava barulhos incoerentes, como uma droga. Zac precisou se meter entre as duas para separá-las com um nível de sucesso discutível. Aatrox lembrou-se que possuía correntes em alguma parte do seu kit, então conseguiu prender Kayle por tempo suficiente para que Zac arrastasse sua candidata apavorada para fora da sala.

Kayle ainda carregava nas mãos uns chumaços de cabelo azul-piscina e tremia visivelmente.

- Você é um bicho falante? Um mini-mortal? Por que você é tão felpudo? 

Então começou a gargalhar sozinha e aquele som não combinava com a Kayle.

- Kayle, você está me ouvindo? Está morrendo? O que devo fazer quando sua cabeça quebra? Seu elmo não era para impedir isso?

Enquanto ela gargalhava sozinha, os cadernos, estojos e todas as tralhas dela caíram enquanto convulsionava - provavelmente num júbilo ascendente. Aatrox recolheu as coisas reclamando, até que encontrou o endereço da fabricante nas coisas dela e surgiu a resposta mais óbvia.

Quando as espadas Darkin começavam a dar problemas, o aspecto do Crepúsculo criou um SAC (que funcionava apenas três dias por semana, por cinco horas por dia e possuía apenas um atendente) para consertos. Rhaast e Aatrox tentaram empacotar a Xolaani um dia para ver se conseguiam se livrar dela, apenas a deixaram mais irritada.

Precisava mandar Kayle para o SAC dos aspectos, seja lá onde ficasse.



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