Capítulo 15 - Não é Dengue

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- O que você tá fazendo, Ezreal-kun? - perguntou Lux.

Como é de se esperar, Ezreal deu um pulo que quase fez ele bater a cabeça no teto, depois voltou-se para ela gaguejando todo vermelho.

- E-eu tava pensando em uns nomes legais para minha suprema, sabe? Como Dinamite Carmesim? - ele não viu reação na cara dela - Ruína Carmesim? - nada ainda - Raposa Carmim? Flor Vermelha? Frutas do Bosque?

Lux sorria com gentileza para Ezreal. Ele era tão esforçado que era até fofo! Lembrava desse último semestre que passaram juntos entre provas, estudos e vários dramas adolescentes do triângulo amoroso entre ela, Ezreal e o Jayce - que escondia seu interesse por trás daquela faceta indiferente e ensimesmada de líder de turma. 

Ainda assim, mais de uma vez, ela e Ezreal se aproximaram cada vez mais. Ela mais apaixonada pela faceta esforçada, gentil e engraçada dele e ele mais apaixonado por ela? Sim, ele também tentava esconder, porque era tímido, mas seria apenas uma questão de tempo até que ele se tornasse o portador dela.

- Que tal "Choram as Rosas"? O negócio é vermelho, né? Se bem que "Bala de Prata" funciona também já que nunca consegui fazer aquilo pegar energia. "Borboletas" também é bem poético! Nossa! Vô perguntar para o Jayce o que ele acha dessa daí!

"Deuses, ele é tão sem-graça, não é?".

Lux olhou aos arredores. O que era aquilo? Uma voz feminina e trevosa ecoava em sua cabeça.

"Sabe o que você queria mesmo? Uma barriguinha tanquinho, toda rasgada e durinha, com menos gordura que aquele frango de soja congelado no seu freezer. Você lembra que precisa manter a forma para ser uma arma divina, não é mesmo Lux?".

Era ela mesma! Tentou afastar aqueles pensamentos e seu outro eu trevoso se irritou.

"Como ousa tentar se livrar de mim? Eu sou inevitável, veja!".

Nesse instante, sua memória voltou para eventos reais e imaginários com um certo estudante perdedor que podia muito bem andar por aí mostrando seus músculos malhados e rubros por aí. O coração de Lux palpitava.

"Você sabe. O Ezreal não tem isso, nem o Jayce. É mais provável que os dois sejam namorados e você fique de vela. Mas tudo bem, você quer esfregar sua cara nos gominhos dele".

- Não! ELE... ELE É UM MONSTRO!

"Sim, monstruosamente gostoso. Talvez a personalidade dele tenha alguns probleminhas, mas ele é o único cara com tanquinho disponível na escola inteira, não percebeu isso?".

Lux baixou a voz, corada.

- É, bem, sim, mas estamos numa academia de batalha, logo eu tenho certeza que o Ezreal-kun...

"Falando no diabo, olha só quem já tá chovendo naquela horta, garota".

Lux viu duas figuras passando pelo pátio conversando animadamente, ou melhor, o Deicida-kun tagarelando com uma baranga biscate de elmo e asas de galinha silenciosa. O rosto e maquiagem horrorosos dela escondidos na escuridão do elmo. Lux apertou a mureta forte demais e arrancou um pedaço.

"A-HA! Seus pais estavam certos em colocar aquele módulo de puberdade em você! São seus instintos selvagens ativando, garota! Como se sente?".

Ela se sentia quente, tonta e respirava pesadamente. Devia ser dengue.

"Nós duas sabemos que não é dengue ;) "

Jayce, que separava sugestões de nomes de supremas com Ezreal, percebeu a garota tonta e se aproximou dela.

- Lux, você está bem? Estava falando sozinha. Nossa, você está ardendo! - Jayce se aproximou e a carregou feito uma princesa - Vamos, vou te levar para a enfermaria. Precisa descansar!

Assim que foi levantada e carregada nos braços másculos pelo líder de turma, arrancando suspiro de outras garotas e alguns garotos - estamos no futuro, não tem problema nenhum se todos eles mainam Nami, Lulu ou Janna - ela parou de pensar nos músculos do Deicida-kun e se viu como uma noiva carregada na porta da igreja por um cara rico e charmoso como o Jayce-san.

Então algo muito estranho aconteceu.

Seu coração desacelerou, sua temperatura baixou e a tontura sumiu. Até sua respiração voltou para níveis normais e pode pensar lucidamente. Tão lucidamente na verdade que soube exatamente o nome daquele sentimento frio.

Indiferença.

"Affe. Seu módulo de hiperdrive broxou, só isso. Vou dormir, me chama quando o gostosão problemático e sanguinário aparecer de novo, tá bom?" e quando achava que estava livre da voz, ela ecoou novamente "Ah, e pede pra sua mãe parar de rotear o Wi-Fi em você. Tenha um pouco de respeito próprio, menina".

Em silêncio, Lux deitou-se em estado catatônico na cama da enfermaria. Jayce e Ezreal estavam lá com a enfermeira que tirava a temperatura dela.

- Sua amiga está em estado catatônico. O que aconteceu com ela?

- Sei lá, talvez ela ficou muito tímida já que carreguei ela por aí na frente de todo colégio. - ele deu um daqueles sorrisos charmosos de modelo de revistas de marcenaria - Vou precisar pedir desculpas assim que ela acordar, foi demais para a pobrezinha...

- Uh... Vou chamar os professores Steammaguarda para cuidarem dela. - orientou a enfermeira, enxotando os dois garotos da enfermaria.

Lux se sentia lenta e esgotada. Queria por seu pijama, tomar um sorvete e recarregar a bateria assim que chegasse em casa. Talvez aproveitasse para atualizar seu sistema operacional naquele meio tempo.

No silêncio da enfermaria, escutou uma voz grossa, profunda e idiota falando muito alto seus planos e desejos para o futuro. Ele falava tão alto que até parecia que a conversa era com ela. Incapaz de se mover, ficou escutando e se flagrou sorrindo ao escutar todas as palavras daquele tagarela.

- ...E daí eu disse que tudo bem, eu mataria primeiro as crianças da tribo do Tryndamerda porque eu não gostava de vê-las chorando. Depois eu matava todo mundo de forma civilizada e ordeira, porque sou respeitoso, e então, no final da minha Fanfic, eu digo que ele vai ser um ótimo hospedeiro porque sobreviveu ao meu ataque.

Ele era tão doce por dentro!

- Uhum. - concordou uma segunda voz, mais baixa.

- Até perdi um tempinho para desenvolver um conflito entre se tornar meu hospedeiro e se casar com a Ashe, se tornando um bom secretário do lar. Espero que ele goste dessa parte da história. Prima não é família, né? Ele disse que a Ashe é prima dele de terceiro grau e eles meio que podem se casarem.

- Legalmente, não. Moralmente, sim.

- O Destruidor de Mundos está acima da lei, então não interessa. - ele inspirou profundamente. Era assim que ele começava cada monólogo dele. - Espero que ele aceite ser meu hospedeiro. Estou bonito, Kayle? Meu cabelo está bom?

- Você não tem cabelo, Aatrox.

- D-Deicida-kun vai se declarar? - aquilo fez Lux pular da cama, sua reserva de energia renovada. Então um outro sentimento a refreou. - N-não que eu me importe. Eu não tenho o menor interesse em caras violentos, imortais e sarados como ele. Eu já tenho o Ezreal-kun, ele é gentil, tímido, engraçadinho...

"Mas ele tem gominhos? Ou matou deuses? E é perigostoso?"

O coração de Lux palpitou fortemente novamente e uma parte de sua mente, mais preocupada e conciliatória, introduziu uma ideia perturbadora: e se o coração fosse o radar do seu portador?


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