Kayle acordou cedo naquela noite, ordenhou as vacas, tosquiou as ovelhas e amarrou as remessas de trigo pela manhã, para se distrair fez o almoço e descobriu que ainda eram sete horas da manhã. Por isso fez uma corrida de três horas ao redor da propriedade do seu pai - que não era tão grande, então foram muitas voltas - tomou um banho e passou uma hora revisando seus planos de encontro e roupas escolhidas no dia anterior. Verificou a previsão do tempo, pegou as chaves, esquentou o almoço feito às sete da manhã e chegou um pouco antes no parque de diversões - duas horas antes de abrir.
- Você gosta mesmo de exagerar, jogando seguro demais, certinha como a mamãe. - comentou Morgana ao seu lado, usava um chapéu longo de sol preto e óculos escuros, além daquele vestido roxo de luto e as asas acorrentadas.
- O que queria que eu fizesse? Ele não gosta de vestidos, todos que ele quis que se tornassem seu hospedeiro usavam armadura, eu não vou vestir suas mortalhas pretas - Kayle a encarou do seu canto com seu cabelo mais prateado na luz do sol - E mais uma coisa: o que pensa que está fazendo aqui? São 11 horas da manhã, não precisa me acompanhar.
- Pareceu mais divertido. Aliás, já se confessou para ele?
Kayle se engasgou a seco. Morgana suspirou.
- Como imaginei... Só esperando o momento certo? Vê se faz isso dessa vez, se não não terá outra chance.
As duas permaneceram em silêncio esperando Aatrox chegar. E ele realmente chegou! Kayle não soube dizer, mas a ausência do uniforme (e calças) devia ser sua roupa natural do dia-a-dia. Ela suspirou, encarando aqueles tanquinhos dele.
"Pelo Aspecto do Protetor e suas joias, por que ele tem esse tanquinho enorme? Por que ele não usa calças?".
- Olá Kayle, vi que chegou com seu suporte, sua irmã das trevas e contraparte maligna.
- Oi. - cumprimentou Morgana sem disfarçar seu tédio.
- Pode ir agora, pequeno saco de wards ambulante. Eu e a Kayle temos um encontro aqui.
O compasso do coração das duas irmãs entrou em sintonia, porém só Morgana sorriu, porque não precisava ficar naquela situação.
- Tudo bem então. Vou ir ali, naquele arbusto, wardar alguma coisa e tal.
Os dois ficaram em silêncio se encarando. Kayle com sua armadura dourada e trinca de pares de asa, Aatrox com seu peitoral seminu. Ele sempre se vestia daquele jeito, por que ela ficava tão enrubescida assim?
- Vamos então ao parque, temos muito a fazer.
Kayle pigarreou, um gesto de ancoragem para manter a compostura.
- S-sim... - miou, enquanto o seguia.
O primeiro ponto que pararam foi uma barraquinha de prêmios. Aatrox espantou várias crianças que estavam no caminho deles para ter uma chance com a arminha de chumbinho. Um funcionário entediado do parque, um adolescente vestindo um uniforme roxo e azul, estourou uma bolha de chiclete o encarando.
- Mortal, diga-me, qual é o maior prêmio dessa barraquinha e como consegui-lo?
- Ali. Faça 1000 pontos e você ganha o Yordle-Escoteiro, ali no alto.
Kayle e Aatrox encararam o topo dos prêmios e viram um bicho de pelúcia que poderia ser um Yordle-Guaxinim com um chapéu verde e com cara de panda vermelho. Somente um dos dois tremeram.
- Esse tremor... é porque você quer o Yordle, não é? - comentou Aatrox.
- N-não, é outra coisa...
Mas Aatrox não estava errado. Kayle tinha medo que estar tão perto de um Yordle, ainda que de mentira, poderia fazê-la ter uma recaída e aquele momento - com ela full build e poderosa - provavelmente nada poderia detê-la.
- O Yordle-Escoteiro foi uma aberração que aterrorizou nossa cidade, sequestrava criancinhas, bebia sangue humano e também roubava vacas. Seu reinado de terror durou anos e seus crimes nunca foram solucionados. Então a prefeitura decidiu torná-lo mascote de Durandal e vender esses bichinhos de pelúcia enormes.
- Entendi, ele é a escória da rota do topo. Vamos em outra barraquinha, quero recompensá-la com algo legal.
- Ah... Tá bom... - respondeu ela com uma voz meiga.
- Vão embora mesmo, seus nerds... - resmungou o adolescente os assistindo se afastando.
Aatrox a levou para vários brinquedos e, aos poucos, Kayle foi se soltando e mesmo sorrindo. Parecia alguém totalmente diferente.
Como se fosse divertido jogar com ela? Sim, quando você poderia obliterar seus inimigos da existência com apenas um estalar de dedos e três itens fechados, você saberia o que era felicidade e seria o nível de endorfina que motivavam os invocadores a escolhe-la.
Kayle até esqueceu seu medo de recaída enquanto Aatrox a levava para todas as atrações. Não haviam filas porque estava cedo e eram apenas dois jovens de eras de idade aproveitando sua juventude (?).
- Eu nunca me diverti tanto assim, não desde... bem, eu ter saído da reabilitação.
- Isso é bom, Kayle. Seja mais feliz, isso mesmo.
Os dois caminharam em silêncio em direção a próxima atração. Ainda assim, na medida que o dia avançava, os brinquedos iam acabando e Aatrox não fez nenhum movimento. Todas suas palavras eram cordiais demais e Kayle estranhou aquilo.
Quando pararam para comprar algodão-doce, os dois sentaram-se no banco e Kayle decidiu confrontá-lo e acabar com aquela charada.
- Deicida-kun, por que você está tão... diferente hoje? Não é por causa da minha aparência, é?
- Não é não, não se preocupe.
A resposta não tranquilizou Kayle, por sinal a preocupou mais ainda. Sua irmã garantiu que ela era bonita e não uma coisa horrenda.
- V-você gosta de outros monstros?
- Eu? Não! - aquilo despertou algum ultraje dele - Eu sou o Destruidor de Mundos, Aatrox! Não gosto de ninguém e apenas busco meu próprio hospedeiro...! Ou era o que eu pensava pelo menos.
Será que era agora? Aatrox baixou sua cabeça e olhou para o chão pensativo, esboçando um pequeno sorriso.
- Não sei muito bem o que fazer, não sou experiente em relacionamentos, mas antes, eu gostaria de mostrar valor para alguém que é muito importante para mim.
E ele a encarou mantendo aquele sorriso tímido. O coração de Kayle galopava no peito, rimbombando na armadura e sua respiração a deixava tonta. Aatrox esperava que ela falasse algo e ela bem que queria se não estivesse sem fôlego. Talvez a última vez que sentiu isso foi quando... bom, ela não lembrava direito e honestamente ninguém - especialmente Kayle - se preocupava em registrar tudo que ela fazia em seus dias.
Ela precisava de um Instagram, caramba.
- Tudo bem, Kayle, eu primeiro! Eu quero pedir pra você...
Ali estava! Em sua direção, o momento que ela tanto esperava. O capítulo próximo do fim é perfeito para um cliffhanger da sua resposta (que é mais que óbvia a esse ponto). Aatrox estava prestes a ditar as palavras quando um barulho de ferro surgir. Um barulho que causava esgar, nojo e só podia ser feito pelos jogadores de Yasuo.
Olhe ali, havia o Yasuo entre eles. Carregava os milk shakes, sacolas, brinquedos e roupas do grupo. O resto do grupo exibia uma grande insígnia dourada e verde sobre suas cabeça repetidas vezes, até o barulho se tornar irritante e conseguirem a atenção dos dois.
- Enfim encontrei você, "destruidor de mundos" - ele fez aspas com os dedos - Quantos hospedeiros seus precisarei matar até seu seguro acabar?
Aatrox arregalou os olhos e ficou de pé. Todo seu foco se concentrou no homem seminu fazendo cosplay de espartano em meio a um parque de diversões cheio de crianças. O homem de tanguinha de couro jogou o seu algodão-doce para que Yasuo pegasse. Ele o pegou com maestria.
- Panteão... - ralhou Aatrox.
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As Vantagens de Ser um TopLaner
FanficDo mesmo criador de "Zed, Conselheiro Amoroso", vem uma outra comédia romântica questionável para a luz do mundo. Baseada no universo "Academia de Batalha" (a.k.a.: "skin de anime escolar do LOL), temos Aatrox como um estudante desse colégio de cri...