Depois do jantar, Kilam fez torta alemã vegana de sobremesa. Ele justificou que fez a torta vegana para que Morgana comesse também. A irmã de Kayle era tão rebelde e convicta nesse novo estilo de vida que se recusava a ajudar na fazenda Kilam até que ele libertasse as vacas e ovelhas na natureza.
Kayle levantou-se para tomar um ar lá fora e ventilar um pouco do desastre que foi ser humilhada pela irmã. Pelo menos ela não a expôs para todos e precisava ver esse lado positivo.
- Vegana, sei... Ela só não quer trabalhar na fazenda, bruxinha mimada...
Aatrox surgiu ao lado dela comendo um pedaço da torta alemã vegana de Kilam. Kayle voltou-se para ele.
- E você não vai pra casa?
Antes que o Darkin respondesse, o pai de Kayle abriu a porta.
- Kayle, querida, me esqueci de avisar, seu amigo vai dormir aqui!
Ela estacou no silêncio característico daquela família, provavelmente um traço herdado de Mihara.
- Pai, só tem três quartos aqui. Ele não vai caber.
- Tudo bem, você pode dormir com sua irmã e... - não soube como o pai enxergou a expressão de Kayle por baixo do elmo, porque logo se corrigiu - Tá bom, então uma de vocês pode dormir comigo e eu durmo no sofá...
Ah, ela estava vendo aquilo chegando e seu coração acelerou e voltou-se para Aatrox. Um grande clichê de comédia romântica. Agora não havia lugar para ele dormir. O grande demônio-vermelho-tubarão-morcego precisaria dividir a cama com um aspecto e isso poderia gerar uma cena cômica ou quente. Eles teriam uma conversa de coração enquanto de costas um para o outro e Kayle poderia sentir os glúteos durinhos do Darkin roçando na sua pele e daí...
- Ele pode dormir no sofá. - Kayle disse peremptória.
- O mortal ofereceu todas as camas de seu lar para me acomodar, Kayle. - protestou Aatrox.
- Você vai dormir no sofá se não quiser descobrir como um super-minion machuca.
Aatrox estacou por um instante e deve ter lembrado que participava da comunidade "Eu Odeio Super-Minions" no Facebook há um bom tempo, logo depois do seu rework ter lançado, mais ou menos quando as coisas começaram a desandar.
- Eu irei, mas porque eu quero.
- Vou arrumar o sofá para você, grandalhão!
Kilam deu uns tapinhas no ombro de Aatrox, precisando pular para alcançá-los, e voltou para casa com os pratinhos de sobremesa de Kayle e Aatrox.
Os dois mantiveram-se em silêncio olhando as estrelas do céu sem a poluição luminosa da cidade. Ainda assim, era inevitável ignorar a espada gigante que Durandal e sua academia giravam em torno. Não muito distante dali, havia também um machado duplo do colégio Labrys e todo aquele design urbano para cidades pareceu bobo para Kayle. Na verdade, a ideia de uma escola militar de combate para adolescentes soou como a formação de um exército de crianças na África e isso tudo não poderia ter sido idealizado por algo mais maquiavélico que uma gata mágica voadora e um noxiano com um braço demoníaco.
Namoricos. Era isso que devia estar passando pela mente de Aatrox naquele momento. Kayle decidiu morder a isca:
- O que você tá pensando.
- Tô pensando em pedir para o Tryndamerda ser meu hospedeiro. - Aatrox soltou um suspiro profundo - Eu sei que não é o hospedeiro perfeito, mas acho que ele dá pro gasto. O suficiente para todos se lembrarem como eu era incrível nas temporadas passadas.
- E você já não é incrível agora?
Aatrox calou-se por um instante, algo incomum já que sua garganta parecia expelir tantas palavras quanto um cano de esgoto expelia dejetos no oceano.
- Não muito. Você sabe, um rework completo, muitas atualizações, 200 anos coletivos de gamedesign, depois todos passaram a odiar campeões com vampirismo universal (e eu meio que sou parecido com um vampiro-demônio) e ninguém mais acredita que eu matei o Pantheon, liderei uma gangue de Darkins no fundamental ou mesmo que posso dar conta de um esquilo-escoteiro falante.
- Eu acredito em você. - confessou Kayle - De verdade.
O Darkin a encarou com um sorriso, ou o que pareceu um sorriso naquele rosto de tubarão-martelo-morcego, e talvez ele possuísse algum outro sentimento além de raiva e sadismo. Mesmo que sadismo não fosse um sentimento, talvez uma alegria bem distorcida.
Porém ele não era para o bico de Kayle. Os Darkin eram uma raça de guerreiros ancestrais enlouquecidos depois de uma traquinagem (UwU) do aspecto do crepúsculo. Os Darkin passaram por 200 anos coletivos de gamedesign e suas mentes foram encarceradas em armas, onde continuaram a enlouquecer, mas pelo menos não estavam matando ninguém.
Então, segundo a lore dos Darkin, Aatrox era a definição de um bad boy, o tipo de partido que um aspecto como Kayle não poderia apresentar para sua mãe - isso se ele a reconhecesse como uma hospedeira, coisa que Aatrox via apenas como uma aliada ou lacaia.
"Ridículo. Olhe para mim, estou pensando em namoricos e coisas frívolas. Eu deveria ser o paradigma da Justiça. Sentimentos apenas vão ficar no meu caminho para escalar para o late game".
- Você devia se declarar para o Tryndamere amanhã - disse Kayle.
- Acha que devo apostar nele?
Kayle não hesitou em respondê-lo, sua voz clara por baixo do elmo.
- Sim. - ela voltou a olhar para o horizonte, um halo das luzes urbanas iluminando Durandal na paisagem noturna - Ele é meio burro, mas pode dar certo entre vocês. Assim todos vão saber que você é incrível.
Aatrox sorriu em concordância e iniciou um daqueles intermináveis monólogos sobre guerra, massacre e sangue que os dois fariam juntos. Kayle só conseguia pensar que a voz dele parecia a do dublador do George, o Rei da Floresta, com um filtro sonoro.
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As Vantagens de Ser um TopLaner
FanficDo mesmo criador de "Zed, Conselheiro Amoroso", vem uma outra comédia romântica questionável para a luz do mundo. Baseada no universo "Academia de Batalha" (a.k.a.: "skin de anime escolar do LOL), temos Aatrox como um estudante desse colégio de cri...