Capítulo 31 - Skins de Lux

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Depois que os pais de Lux trancaram Garen no quarto dele no porão, ela foi até seu closet - que caberia muito tranquilamente uma casa de família de classe média alta de Durandal - e procurou alguns dos seus melhores vestidos para ir até o baile do final de ano. Ela possuía várias opções de roupas, cada uma mais colorida que a anterior, formando uma verdadeira floresta de sapatos, vestidos, camisas, chapéus e cetros que poderia usar naquela noite.

Que tal aquela Skin do Wild Rift? Sempre gostei muito dos jogos alternativos.

- N-não, naquele eu pareço uma vadia.

Do que você tá falando? Noites de baile são o motivo de existirem essas roupas de vadia. Agora ande logo e vista-a!

Lux se aproximou daquele vestido de noiva inapropriado e decotado quando sua mão tremeu e todo seu corpo se arrepiou numa palpitação só e latejou.

O que foi agora? Eu sei, ele é gostoso e tudo mais, porém você vai precisar de foco essa noite! Quer ou não que ele se torne seu portador, hein?

- E-eu não tô preocupada com isso... 

Sabe que eu consigo ler sua mente, né? Eu sei o motivo do seu medo. Estava prestes a ter uma memória pós-traumática!

E a memória veio com a força de um tapa na cara, um relampejo de luz ou um muito bem pensado e elaborado combo de E-Q de Katarina, obliterando a pessoa da existência. Ela viu naquela memória sua punição, um ser alado de chamas sagradas preparado para transformar seu corpo numa pilha de cinzas hereges e fumegantes. Os olhos vermelhos encarariam as profundezas de sua alma e, por um momento, ela sentiu como se um Rengar tivesse acabado de ultar e estivesse a encarando, preparado para arrastá-la para as portas da morte.

- NÃO, TUDO MENOS O RENGAR!

Eu sabia! Você está com medo daquela nerd-de-cosplay idiota! A ascendente com asas de galinha!

- E-Eram asas de águia e as espadas dela... eram um Ladrão de Almas cheio de acúmulos! Havia um brilho terrível perscutando toda minha alma em busca de pecados e...

Você acha que ela vai saber o que fazer com aquele tanquinho, garota? Controle-se! Foque no seu objetivo! Ela será derrotada assim que você aparecer com esse vestido decotado e roubar o coração daquele Darkin - quente e pingando sangue.

- Eu estou com medo! Ela me apaga do universo antes que eu possa finalizar meu combo! - Lux correu na direção oposta do vestido procurando algum apetrecho em seu baú - Deve ter algum item de tanque aqui. Talvez com um coração de warmog eu ficarei mais protegida.

E os seus pais? O que vão pensar de uma arma fracassada que vai ao baile sem um hospedeiro? Já pensou o que vai falar para eles quando não escolheu entre o aluno-prodígio e o mané-protagonista-do-colégio?

Lux parou e hesitou um pouco, encarando o vestido de noiva sexy na parede. Suas mãos finalmente tocaram no vestido, sentiram aquele tecido fino, muito fácil de rasgar para alguém com braços musculosos e determinação lasciva.

Então ela pensou ter visto um vulto dourado no canto do closet e soltou o vestido gritando. Era apenas um reflexo de um carro na rua, mas ela percebeu que se gritasse ali naquela floresta de roupas, ninguém a veria.

Ela se voltou para o mapa do seu guarda-roupa e procurou alguma outra opção. Talvez não fosse uma boa ideia ela se comportar como uma vadia quando queria um relacionamento de longo-prazo com aquele Demônio-Vermelho-Deicida.

Vai achar uma roupa com menos tecido? Olha, eu não recomendaria, mas se isso ajudá-la a esquecer aquela cosplayer.

Encontrou o que procurava na ala sul do seu guarda-roupa. Das garotas tímidas, comportadas e normais. Aquelas que não se destacavam como as assassinas de cabelo rosa e revoltado, as Yordles favoritas ou as líderes do conselho estudantil/dominatrix

Não.

Era um vestido simples, vermelho e que ressaltava sua meiguice. Lembrava uma época mais simples, em que não pensava apenas em demônios vermelhos musculosos e sim em amizades, em amor-próprio, em ser uma pessoa melhor. Um tempo em que ela dava valor a si mesma e suas experiências, em que não se incomodava com a aparência homossexual-latente de Ezreal e que passava a maior parte do tempo com ele.

Não é isso que você quer. Lembre-se: um abdominal definido de nadador...

Aqueles eram tempos mais normais e tranquilos em que sua história não se deslocava para uma parte chata e idiota tentando roubar o namorado violento de uma imortal ancestral ainda mais violenta e doida. Ela não ignorava uma óbvia relação tóxica apenas para satisfazer seus hormônios adolescentes explosivos.

Você não quer decepcionar seus pais, Lux!

Ela lembrou-se até daquele tarado, aquele ex-presidiário que quase arruinou sua vida. Ele foi o primeiro sinal do seu fraco por homens musculosos, mas ainda assim, ele era muito esquisito, e voltou de novo para a cadeia - seus pais falaram que por causa de ideais comunistas, que são proibidos em nosso reino.

Comunismo é ruim por aqui?

Ela vestiria aquela peça única e vermelha-bordô, sim. Ela sorriria, entraria novamente na história e derrotariam algum monstro aleatório que interromperia ela e Ezreal no momento que estavam prestes a confessar o amor entre si! Isso conseguiria enrolar aquela história até uma segunda temporada, mas seria intercalado por um arco de treinamento, depois um arco de campeonato e por fim um arco final envolvendo treinamento e um complô ridículo do velho diretor a fim de retomar a academia Durandal e transformá-la numa filial do Café Kawaii. Seria um final bem bonachão que arruinaria a história e...

Ah, quer saber, eu assumo daqui.

As mãos de Lux rasgaram o vestido bordô com força que ela mesma não esperava.

- Ei! O que está acontecendo? P-por que eu fiz isso?

Você não me deu escolha, garota. Está traindo a si mesma. Eu preciso que o Aatrox seja meu... Ah, você não entenderia. 

As pernas de Lux começaram a correr na direção do vestido de vagabunda. Ela viu sua mão crescerem garras e cortando vários vestidos no caminho em retalhos, como se apenas aquele vestido de noiva serviria daqui para frente.

- Meu guarda-roupa!

Chega, senta lá, Lux e fique quietinha. Deixa eu te mostrar como se faz.

A última visão de Lux ainda sob seu controle foi no espelho. Uma casca vermelha e opaca crescia ao redor da sua pele, seu cabelo embranquecia e chifres cresciam nas protuberâncias da sua pele. Lux não conseguia mais gritar, porque seus hormônios haviam acabado de tomar controle das suas cordas vocais. Ela mesma, alterada, sorriu e pegou o vestido, colocando em frente ao corpo, medindo a altura da coxa.

- Isso aí. Você tem bunda, menina. Devia saber usá-la melhor.

Oh, pela Mulher Velada, o que seus hormônios estavam fazendo com ela?


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