Cheguei em casa derretendo e prometi a mim mesma não usar mais calça até a temperatura voltar pra casa dos 25°. Fui direto para o banho e deixei a água na temperatura mais fria possível, na falha tentativa de me refrescar. Ao sair coloquei a roupa mais curta que achei no meu armário, um short jeans de quando eu devia ter 18 anos e um top de academia.
Não dava para ficar dentro de casa, então peguei novamente meu livro e fui sentar na varanda, mas agora para ler realmente. Estava vidrada na leitura quando senti meu celular vibrando no meu bolso. Mensagem de um novo número.
"Eu não quero entrar pra gangue."
O trabalho começou mais rápido do que eu havia imaginado, o que é bom, significa que os alunos confiaram em mim. Reli a mensagem algumas vezes e então respondi.
"O que você quer fazer?"
Não demorou nem um minuto para a resposta chegar.
"Quero ser arquiteto. Longe daqui."
Tão óbvio quanto um mais um, aqui está um exemplo de como todos possuem sonhos fora do mundo do crime. Esse era um dos motivos pelo qual eu fazia tanta questão de falar com esses adolescentes.
"Essa é uma profissão requisitada no mundo todo. Escolha seu destino."
Eu poderia ter usado a palavra "país", mas "destino" abrangia melhor o que eu realmente queria dizer. Vi que ele começou a digitar algo, mas logo parou e não respondeu mais. Achei estranho, mas talvez ele tenha parado para pensar nas opções, em todas possibilidades além da gangue. Eu ainda estava relendo a breve conversa quando uma nova mensagem chegou, mas de outro número.
"Quente demais para ficar dentro de casa?"
Olhei em volta, não vi ninguém com celular na mão, na verdade, não havia quase ninguém na rua essa hora da noite.
"Fuso horário não me deixa dormir."
Resposta inteligente? Com certeza não.
"Posso te ajudar com isso."
É claro, eu devia ter previsto essa. Bloqueei o celular e entrei pra casa, não estava afim de ser vítima de um louco hoje. Deixei o celular no balcão da cozinha junto com o livro, jantei e fui dormir.
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♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱
No FicciónEla sabia no que estava se envolvendo, havia se preparado para isso e aceitava as consequências por um objetivo maior. Mas nenhum treinamento a preparou para o amor. "- Volta aqui, me deixe explicar! - E não ouse voltar para o meu bairro, vadia."