12. Manhã agitada.

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Ele era alto, forte, pele morena bronzeada pelo sol. Usava uma camisa social com mangas dobradas que revelavam algumas tatuagens nos braços. Devia ter uns 29 anos e era estupidamente bonito. Eu ainda não o tinha visto, mas ouvi boatos da sua beleza pelos corredores.

- Bom dia, professor. Tudo bem? - Perguntei ficando em pé e apontando para a cadeira em frente a minha mesa.

- Bom dia, Bianca. Estou bem e você? - Sorriu se sentando. - Acho que como conselheira de adolescentes você não deve ouvir muito essa pergunta.

- Ah, você está completamente certo. - Ri casualmente - Estou bem, muito obrigada por perguntar. Seja bem vindo a escola! - Falei de forma animada.

- Obrigado, estou empolgado para começar aqui e conhecer a todos. - Sorriu observando meus dedos.

- Já morava por aqui ou se mudou agora? - Perguntei por pura curiosidade.

- Não, sou novo na região. Morava em Nova York, cheguei aqui ontem. Sei que você também é nova aqui, não que eu tenha te stalkeado - Disse rindo. - A diretora me contou hoje, ela insistiu para que eu viesse falar com você, ela acha que devemos andar juntos no recreio, ou algo do tipo.

Não pude conter a risada.

- A Sra. Fernandez é realmente incrível. Infelizmente não posso me oferecer para te mostrar o bairro pois também cheguei aqui essa semana, mas...

- Podemos desbrava-lo juntos, então. - Ele me interrompeu e deu um sorriso convidativo.

- Não seria uma má ideia. - Menti.

- Não vou precisar pedir seu número pois ele já está anotado na lousa de todas as salas de aula, isso é bem útil. - Rimos, - Te vejo mais tarde, Sra. Lopes.

Ele lançou uma piscada para mim e saiu. Tive que levantar e beber alguns copos de água para voltar ao planeta terra. Ainda estava finalizando o segundo copo quando uma adolescente chorosa entrou na sala.

- Sente-se, querida, fique a vontade. - Falei terminando de beber e voltando para o meu lugar. - O que aconteceu para te deixar tão triste?

- Meu namorado não me ama, Sra. Lopes. - Algumas lágrimas escaparam. - Cesar está comigo por algum motivo, mas não é por amor. - Engoli seco.

- Sinto muito que sinta isso, querida... Como você prefere que eu te chame?

- Desculpa, meu nome é Olivia. - Sorriu envergonhada. - E eu não sinto, eu sei! Eu vejo como ele olha para a Moonse, e como ela olha para ele também. É tão óbvio que eles se gostam, mas por que ele está comigo?

- Bom, Olivia, sentimentos podem ser confusos, especialmente o primeiro amor. Há quem diga que é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo, talvez esse seja o caso de Cesar, mas veja bem, você não é obrigada a ficar com alguém que não te ame por completo, entende? - Falei de forma gentil.

- Ele pode até gostar de mim, mas com certeza ama a Moon. - Mais lágrimas caíram. - O pior, Sra. Lopes, é que ela é minha amiga! Ela deveria se abrir comigo, deveria me contar que ama o... o meu namorado - Mais e mais lágrimas.

- É, acho que ela deveria. Se eles não estão agindo da maneira certa, Olivia, porque você não faz isso? Em respeito a você mesma, ao seu namorado e sua amiga? Sei que não é justo isso ter que partir de você, mas que tal você pôr um fim no seu sofrimento e no deles também? Vá atrás de alguém que te ame 100% e deixe que eles fiquem juntos, se é isso que querem. - Dei um sorriso tentando incentivá-la.

- Eu pelo menos sairia por cima... - Ficou pensativa. - Talvez fosse legal mostrar que eu sou a madura do nosso ciclo.

- Não é a motivação correta mas serve. - Ri um pouco - Tenha força, garota.

Ela limpou as lágrimas e saiu da sala de cabeça erguida.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora