29. Fim.

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Na manhã seguinte a vizinhança parecia normal. Peguei meu celular, havia uma mensagem.

"Obrigada por não desistir dela. Obrigada por vir quando eu chamei."

Moonse. Meu coração ficou apertado, me perguntei se eu realmente não desisti da Olivia. Logo afastei esse pensamento, sei que não tinha nada mais que pudesse ser feito por ela. Usaria isso como força para insistir ainda mais com os outros adolescentes. Respondi a mensagem.

"Estou aqui para o que você precisar."

Então pensei em como seria contar isso para Cesar, como ele reagiria? Bom, vou deixar essa tarefa para o Oscar. Fui até a cozinha, mas a geladeira estava praticamente vazia. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa fresca e saí em direção ao mercado, que não era muito longe. Ao passar na frente da casa dos Santos, Oscar estava lá, sentado no jardim com seus amigos. Pelo menos está vivo. Segui meu caminho, fiz minhas compras e voltei para casa. Quando cheguei, a porta estava encostada. Entrei, e lá estava ele, sentado no sofá.

- Bom dia. - Falei em um tom amigável.

- Precisamos conversar. - Ele se levantou e veio me ajudar com as sacolas.

- O que foi? Vai terminar comigo antes mesmo de começarmos? - Brinquei, mas o silêncio de resposta me fez encarar ele, que estava com rosto inexpressivo. - Espera... você vai.

- Ontem, enquanto eu estava aqui, houve uma confusão lá na festa, que poderia ter resultado em uma merda bem grande se eu não tivesse chegado a tempo.

- Que bom que somos vizinhos então. - Concluí ainda o encarando.

- Essa não é a questão. Se eu estivesse lá, a briga nem teria acontecido, se eu estivesse com a mente presente na festa eu teria percebido a Olivia passar do ponto. Mas não, eu estava pensando em você, estava dormindo com você, e toda essa merda aconteceu.

- Espera aí... você tá tentando achar um culpado pra tudo isso? Você pode até listar dez culpados, nada vai mudar o que aconteceu. E de novo eu volto a te dizer, não dá pra termos responsabilidade pelos atos dos outros!

- Não, não dá, mas eu sou responsável pelos meus atos, e meus atos tornaram possíveis todas as merdas de ontem.

- Então seu novo emprego é ser babá? Você agora vai viver tomando conta dos outros, cuidando para que eles nunca cometam erros?

- Acho que é essa a função de um chefe de gangue, afinal. - Concordou com um tom melancólico, encarando o chão.

- Qual é, você não pode achar que isso realmente vai dar certo. Toda vez que alguém errar você vai se martirizar? Isso é loucura.

- Pode ser loucura, mas é a minha função, Bianca. - Ouvir esse nome me deu um choque de realidade.

Eu respirei fundo e lembrei da risada que o Capitão deu ontem de noite.

- Tá legal, então. Se é isso que você quer. Me devolva a chave, por favor.

- Deixei ali no sofá já. - Ele tinha tanta tristeza no olhar que foi difícil continuar firme.

- Obrigada. - Disse me esforçando ao máximo para não deixar lágrimas se formarem.

Ele virou de costas e caminhou em direção a porta, com a cabeça baixa. Algumas lágrimas escaparam.

- Se cuida, chica. - Disse se virando pra mim pela última vez.

Nem me esforcei em esconder o choro, não faria sentido. Então, ele saiu pela porta.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora