01. Novo lar.

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    Existem diversos motivos pelos quais decidi vir sem muita bagagem. O primeiro, e com certeza o mais importante, foi o custo, sairia muito caro trazer todas as minhas coisas para outro país. Em segundo lugar, o desgaste de ter que inventar uma história para justificar cada objeto... Não que eu pretenda levar pessoas para dentro da minha casa, mas sei o cansaço mental que isso pode causar, já cometi esse erro outras vezes. Eu abri mão de muita coisa para estar aqui hoje, então me darei ao luxo de fazer da forma mais simples possível. 

    Eu estava tirando mais uma mala do pequeno carreto quando um carro, que passava devagar pela rua, parou em frente ao meu novo lar.

     - Moradora nova? - Perguntou o motorista em meio a uma tragada em seu cigarro, cujo cheiro denunciava não se tratar de nicotina. 

     - Sim. - Respondi sorrindo. - Prazer, meu nome é Bianca. 

     - Interessante. Bem vinda ao meu bairro, Blanca. - Respondeu me avaliando. 

     - Obrigada, mas na verdade é Bianca. - Tentei corrigir educadamente. 

    Ele sorriu para mim e partiu após dar mais uma tragada no baseado. Parece que as drogas afetaram sua audição.

    Ignorei essa tentativa de conversa e continuei levando minhas malas para dentro. Estava um calor arrasador, devia estar 40° sem dúvidas, então me apressei para não passar nem mais um minuto na rua. 

    Ao finalizar, tranquei a porta da frente e observei o interior da casa. Malas, sacolas e caixas espalhadas por todos os lados. 

     - Que confusão. - Concluí em voz alta, mais para a minha vida naquele momento do que para a desordem da mudança em si. 

    Andei pela casa observando pela primeira vez os detalhes. Uma construção térrea, a porta da frente abria para um espaço amplo dividido ao meio por um balcão. Do lado esquerdo ficava a sala e do lado direito a cozinha. Seguindo reto havia um corredor pequeno, com apenas três portas, uma em cada parede. Na primeira porta a direita era o banheiro, bem fofo apesar de antigo. Em frente ao banheiro ficava um quarto que eu usaria como escritório. Na última porta, ao final do corredor, o meu quarto. Não era grande mas seria perfeito para mim, tinha uma cama de casal espaçosa e um bom armário embutido na parede. A casa não possuía muros em volta, assim como todas neste bairro. Apenas uma grade baixa delimitava o terreno.

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