06. Invasão.

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    Acordei e fiz toda minha rotina matinal para sair de casa. Estava prestes a abrir a porta da sala quando minha intuição me paralisou. Eu ainda estava parada quando o som de tiros me trouxe de volta. Joguei a bolsa no chão e corri em direção ao meu escritório, enquanto tentava tirar o colar do pescoço para destrancar a porta. Nesse momento um barulho ainda mais alto me fez congelar. Alguém havia entrado no meu quarto pela janela. Finalmente consegui colocar a chave na fechadura, mas antes que eu pudesse abrir de fato a porta, uma mão ensanguentada veio por trás de mim e segurou a maçaneta. Por baixo do sangue eu reconheci algumas tatuagens, mas não posso dizer que isso me tranquilizou.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei tentando não gaguejar, enquanto encarava aqueles olhos castanhos parados na minha frente, com sangue por todo corpo.

- Eu só preciso de um abrigo temporário. - respondeu ele de forma ríspida enquanto olhava em volta, procurando sabe-se lá o que.

- Que?! O que aconteceu e porque você está... assim? - Gritei indo em direção a ele e o segurei pelo braço.

Neste momento percebi que ele se encolheu um pouco, mas não por medo de mim, óbvio que não. Porque ali, no lugar onde encostei, tinha um furo na manga da camisa, e pude sentir a bala alojada sobre a pele.

- Você está... - Voltei a encarar ele, mas ele me interrompeu.

- Eu estou bem. - Disse tirando minha mão do seu braço - Só preciso ficar aqui até a poeira baixar. - Então ele se jogou no sofá.

- Você só pode estar brincando, né? - Falei tentando controlar a raiva e fui até meu quarto, peguei o lençol mais velho que achei e voltei para a sala.

- Levante. - Ele obedeceu e me encarava com uma cara de curiosidade. - Não quero sangue de um desconhecido no meu sofá novo, sou muito nova para ser presa. - Fui forrando o sofá enquanto falava.

- Presa? - Riu. - Acha que está em um programa de TV, garota? Que a qualquer momento a porra do C.S.I vai entrar aqui procurando vestígios de sangue? Por uma briga de gangue? - Ao mesmo tempo que ele falava terrivelmente baixo, era como se cada palavra tivesse sido gritada. - Pelo amor de Deus, acorda, a polícia vai atirar nos primeiro 2 latinos e negros que ver na rua e pronto, vão embora como se tivessem resolvido o problema.

- Senta aí logo. - Falei da maneira mais neutra que pude, apontando com o queixo para o sofá, agora devidamente encapado.

Fui até meu escritório e peguei uma mochila vermelha, a de primeiros socorros. Voltei para a sala pensando se deveria dizer algo sobre o que ele disse, mas decidi que não era hora. Puxei a mesa de centro para mais perto do sofá onde ele estava sentado me encarando, enquanto balançava a perna inquietamente. Coloquei a mochila no chão e comecei a preparar os instrumentos necessários. Então fiquei em pé na frente dele e me inclinei em direção ao seu rosto.

- Espero que essa não seja sua camiseta cinza favorita. - Falei ironicamente segundos antes de rasgá-la por inteiro, para que ele pudesse tirá-la sem forçar o braço.

- Se queria me ver sem camisa era só pedir, chica - Provocou dando um sorriso malicioso.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora