26. Emergência.

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Abri os olhos assustada, um pouco desnorteada, com o som do celular tocando. Um número desconhecido, já eram 23h, dava pra ouvir a música vindo da festa. Atendi o celular mas a ligação caiu. Aguardei alguns segundos, então chegou mensagem do mesmo número que apenas dizia:

"Coma alcoólico. Banheiro do andar de cima dos Santos."

Mandei um "indo" e fui cambaleando até meu escritório, peguei a mochila azul, fui até o espelho do banheiro para avaliar minha situação: péssima.

- Merda, como vou aparecer assim na festa sem levantar suspeitas?

Enfiei o rosto embaixo da torneira, passei um perfume, corri até meu quarto e troquei de vestido, coloquei um que tinha mais cara de festa. A situação ainda não estava boa, mas estava melhor, e isso bastava. Peguei meu celular e saí em direção a casa dele.

A frente da casa estava lotada, gente bebendo, usando drogas... Uma baita festa. Assim que pisei na calçada da casa, avistei ele encostado na parede, fumando sozinho. Ele também me viu e deu um sorriso vitorioso. Esse sorriso sumiu assim que viu a mochila nas minhas costas, dando lugar a uma expressão preocupada. Andei até ele da forma mais natural possível.

- Opa, e aí? Quanto tempo, né, pois é, vou ali pegar uma cerveja pra gente, me espera aqui que eu já volto, hein. - Eu não trabalho bem sob pressão.

Ele também percebeu isso, pois me seguiu para dentro da casa. Decidi apenas ignorá-lo, mas quando estava na metade da escada ele apertou minha cintura e falou no meu ouvido:

- O que está acontecendo?

Eu não respondi, eu não sabia como responder, então apenas segui andando rumo ao andar mencionado na mensagem.

- Qual dessas portas é o banheiro? - Perguntei tentando parecer calma.

- Essa. - Apontou pra porta com uma fila imensa na frente. Fiz uma cara de súplica e ele entendeu o recado. - Aí, geral, esse banheiro está interditado, vão procurar outro, agora!

Ninguém ousou sequer resmungar, apenas saíram e eu sorri para ele em agradecimento. Dei umas batidas na porta.

- É a Bianca, pode abrir.

No mesmo momento a Moonse abriu a porta, com o rosto pálido e tremendo muito.

- Eu... eu não sei, desculpa. - Ela definitivamente estava em pânico.

Eu já ia falar para ela se acalmar, quando percebi que na verdade ela estava falando com o Oscar. Olhei para ele, que estava boquiaberto encarando a jovem desmaiada no chão do banheiro de sua casa.

- Beleza, tá tudo bem! Moonse, pode deixar comigo agora, tá bom? Nós vamos ajudar sua amiga. - E entrei no banheiro puxando Oscar comigo - Quanto ela bebeu, Moon?

- Uma tequila.

- Bom, um shot não será... - Fui drasticamente interrompida.

- Não, uma garrafa. Inteira. Mais algumas cervejas antes...

Eu precisei de alguns segundos para raciocinar e entender o que aquilo significava. Só então encarei a jovem desacordada. Olivia. Droga. Fazendo as contas por alto, ela precisaria de uma quantidade absurda de glicose e soro, quantidade essa que eu não tinha. Olhei para Oscar, que ainda estava paralisado. Chequei os sinais vitais dela. Estavam fracos.

- Há quanto tempo ela está inconsciente? - Perguntei.

- Acho que uma hora... Eu achei que era só um apagão rápido, mas ela começou a ficar... assim. - A jovem se encolheu segurando as lágrimas.

- Preciso levá-la para minha casa. - Nenhum dos dois se mexeu - Agora, Oscar!

Enfim, ele acordou do transe.

- Tá, eu levo ela até lá, mas preciso que vocês vão na frente abrindo caminho, a casa está muito cheia.

- Eu vou ter que segurar o saco de glicose, pela quantidade de álcool ingerido cada segundo é precioso. - Ouvi Moonse chorando. - Vai ficar tudo bem querida, você vai na frente abrindo espaço. Só me deem 1 minuto para eu colocar a glicose nela.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora