Estava olhando pro nada e pensando em tudo quando alguém bateu na porta da minha sala.
- Pode entrar. - Gritei me ajeitando.
- Bom dia, querida. - Ó céus, mais essa. - Como você está hoje?
Ele estava com um buquê de rosas vermelhas enorme na mão e veio caminhando até minha mesa, passando por trás dela para me dar um beijo, que eu obviamente dispensei e dei um beijo no rosto dele.
- Bom dia, Alejandro. - Tentei soar calma.
- Ah desculpa, novamente esqueci que ainda não somos um casal. - Voltou para o outro lado da mesa e se sentou. - Trouxe esse buquê para você, para animar um pouco o seu dia.
- Elas são lindas, muito obrigada. - Peguei as flores e as coloquei na mesa e sorri desconfortável.
- Queria ser o primeiro a falar com você aqui hoje, mas aquele moleque já estava na porta quando cheguei. - Fiz uma cara de reprovação. - Vocês se conhecem? Parecem próximos.
- Ele é um aluno da escola onde eu sou conselheira, então sim, eu o conheço.
- Não, quero dizer, além daqui. Sexta-feira vi você indo embora com o irmão dele, e não acho que isso seja adequado, sabe? - Ergui uma sobrancelha. - Não estamos "oficialmente" juntos mas somos praticamente um casal já, e não quero minha mulher indo embora no carro de um marginal.
Respirei fundo e fechei os olhos por alguns segundos.
- Alejandro, nós não somos "praticamente" nada. Eu não sou sua mulher. No máximo eu sou sua colega de trabalho, sabe? - Imitei a forma dele falar. - Quem eu vejo ou não é um problema exclusivamente meu.
- Calma querida, não foi isso que eu disse. Sei que estamos indo com calma, mas eu fico triste de te ver andando com outro cara que tem interesse em você, enquanto poderíamos estar passando um tempo juntinhos. Que tal eu te levar à praia nesta sexta-feira? - Falou como se vivesse em um mundo paralelo.
- Alejandro, se você me chamar de 'querida' mais uma vez eu vou te denunciar por assédio. - Ele tirou o sorriso do rosto. - Não estamos mais indo com calma, nós não estamos indo mais para lugar nenhum. Eu sinto muito se em algum momento te dei esperanças, mas eu não quero ter um relacionamento com você hoje, nem amanhã e nem nunca. Consegue entender isso?
- Eu acho que você está exagerando um pouco, não precisamos nos exaltar assim. Que tal eu passar na sua casa depois da aula, podemos tomar um vinho e conversar sobre o que queremos.
- Saia da minha sala. Agora. - Ordenei de olhos fechados.
- Tudo bem, preciso ir para a aula, eu me perco no tempo quando estou com você, meu amor. Te vejo mais tarde, tá bem? Não almoce, vou levar uma comida pra nós. - Disse enquanto saia da sala.
Não é possível que isso seja real, este homem realmente não ouviu uma só palavra do que eu disse durante toda a conversa. Um lunático tóxico, para dizer o mínimo.
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♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱
No FicciónEla sabia no que estava se envolvendo, havia se preparado para isso e aceitava as consequências por um objetivo maior. Mas nenhum treinamento a preparou para o amor. "- Volta aqui, me deixe explicar! - E não ouse voltar para o meu bairro, vadia."