48. Minha.

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Perto de onde estava nossas coisas vimos a figura revoltada, gritando aos quatros ventos, xingando tudo e todos. Estava vindo em nossa direção, o que fez Oscar se colocar na minha frente, não sei para me proteger ou para esconder meu corpo seminu. Conforme a pessoa se aproximava eu reconheci, Alejandro.

- Solte a minha mulher, seu assassino! - Gritou o maluco.

Oscar levou a própria mão até sua cintura, pegando a arma que ali estava. Isso fez Alejandro parar por apenas um segundo, mas logo ele continuou ainda mais furioso. Para a minha surpresa, Oscar entregou a arma para mim.

- Vá para o carro, eu me resolvo com esse aqui. - Disse sem olhar para mim.

Peguei a arma mas fui para a frente de Oscar, encarando Alejandro.

- Quem você está chamando de sua mulher? - Perguntei ao psicopata.

- Você. Você é minha. - Disse em um tom verdadeiramente confuso. - O que esse marginal fez com você? Ele te forçou a tirar a roupa, eu vou matar esse filho da puta.

Ergui a arma e apontei para ele, fazendo o Oscar segurar minha cintura com força.

- Se der mais um passo, é você quem vai morrer. - Ameacei com a voz firme.

- Amor, o que você está fazendo? Para de loucura, saia de perto desse cara e vamos conversar. - Deu mais um passo.

- Estou falando sério. - Engatilhei a arma.

- Você não precisa sujar suas mão com esse verme, chica. Vá para o carro e deixe que eu mesmo acabe com ele. - Oscar se posicionou ao meu lado.

- Cala a boca, seu moleque de merda. Eu não tenho medo de você. - Alejandro grunhiu. - E você, vagabunda, me obedeça quando eu te chamar, venha logo antes que eu perca a paciência.

Antes mesmo dele terminar a frase, Oscar avançou em sua direção, acertando um soco em seu rosto, tão forte que pude ver o sangue voando. Ele montou na barriga de Alejandro e deu tantos golpes no rosto dele que eu tive que intervir.

- Oscar, pelo amor de Deus, para! Você vai matar ele. - Gritei.

- É o que ele merece. - Respondeu em meio aos socos, ofegante.

- Não, chega, já foi o suficiente, isso pode te levar de volta para a cadeia.

Ah, merda. Meu corpo gelou, e Oscar me encarou. Ele saiu de cima do cara que agora estava inconsciente, e caminhou em minha direção devagar.

- O que disse? - Perguntou levantando uma sobrancelha.

- Eu disse para você parar...

- Não, você disse voltar para a cadeia. Como você sabe disso? - Parou a poucos centímetros de mim.

- Era isso que eu queria conversar com você hoje. - Me esforcei para criar uma história coerente. - Ashley me avisou sobre você assim que cheguei a escola. Ela é próxima de Rosa, e tentou me alertar. Foi assim que Rosa conseguiu meu número, é por isso que Ashley estava apenas assistindo TV durante a armadilha, enquanto Fernando foi verdadeiramente sequestrado. Ashley me contou tudo...

- Então uma aluna sua te entregou de bandeja para Rosa? - Semicerrou os olhos.

- Não sei, talvez Rosa tenha pego meu contato do celular da garota, eu ainda não entendi a história toda.

- Vamos embora.

Concordei e o segui de volta para a trilha, peguei minha roupa e entrei no carro. Antes de assumir o volante, ele furou os quatro pneus do carro de Alejandro, o que eu achei uma ótima ideia.

- Vista esse vestido, por favor. - Pediu ligando o carro.

Segurei a risada e obedeci. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até isso começar a me incomodar.

- Desculpa falar sobre a prisão... eu precisava fazer você parar.

- Eu não me importo. - Respondeu ríspido. - Eu só acho estranho.

- O que?

- Você. - Respirou fundo. - Você trabalha afastando adolescentes dos perigos e se envolve com um cara que já foi preso por assassinato? Não faz sentido.

- Você não é assassino. Eu li as matérias sobre seu caso, foi uma bala perdida que matou aquele homem, nem tem provas que foi tiro seu. Só te prenderam porque era mais fácil que incriminar um policial.

- Bianca, você sabe muito bem que já matei outras pessoas.

- Pela gangue.

- E qual a diferença?

- Moralmente? Toda. Você matou em legítima defesa ou para defender seus próximos, isso até a lei perdoa. - Dei de ombros.

- Você realmente não se importa, então? - Me encarou.

- Acho que seja a pessoa ideal? Não. Mas eu também não sou, então acho que ficaremos bem. - Respondi rindo.

- É, você é realmente estranha, mas qual foi seu maior crime? Não pagar algum imposto? - Debochou.

- Eu matei o Malcon. - respondi de olhos fechados.

Ele freou o carro com tanta força que se eu estivesse sem cinto teria voado através do vidro.

- Você disse que a polícia matou ele.

- Sim, eu não queria admitir isso. Mas na verdade Malcon vacilou, ele hesitou quando me viu, então fui mais rápida e atirei. - Falei olhando pela janela, sem conseguir encarar ele.

- Acho que gosto mais de você agora. - Riu e voltou a dirigir.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora