32. Culpa.

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Na manhã seguinte fiz minha rotina, encarei as rosas por um tempo, pensando em todos acontecimentos do final de semana. Muita coisa para um final de semana, muita coisa para uma semana! Eu nem havia percebido que ontem fez uma semana que me mudei. Apenas 7 dias e dois pseudo-relacionamentos e uma morte. Talvez eu também não seja boa em ir com calma. Ao sair de casa, o carro de Oscar estava parado na minha calçada, com César no banco de trás.

- Carona? - Oscar perguntou com um tom indecifrável.

- Preciso caminhar um pouco, obrigada. - Respondi de forma ríspida e segui andando.

Ele não insistiu, apenas deu partida e saiu. Eu não estava me fazendo de difícil, apenas concordava que o melhor era nos distanciarmos, afinal, eu tinha um propósito e ele outro, nossa amizade atrapalhava ambos. A caminhada até a escola foi boa, serviu para eu pensar nas minhas prioridades e colocar a mente em ordem. Ao chegar, vi uma faixa de homenagem à Olivia pendurada na entrada da escola. Espero que Oscar tenha contado para Cesar antes deles chegarem aqui. Caminhei até a minha sala e vi que teria a oportunidade de descobrir isso, porque o rapaz estava parado em frente a minha porta.

- Oi, Cesar. Venha, entre. - Abri a sala e dei espaço para que ele entrasse.

- Oi, Sra. Lopes. - Se sentou na cadeira. - Bom, obrigada pelas passagens. O fim de semana foi incrível por lá. Eu realmente consegui me desconectar de Freed... até voltar ontem de noite e receber a notícia... - As lágrimas começaram a se formar em seus olhos. - Você esteve com ela? Você falou com ela?

- Quando eu cheguei ela já estava desacordada, Cesar. Eu sinto muito pela sua perda. - As lágrimas rolaram pelo seu rosto. - Nós fizemos tudo o que pudemos para salvá-la, mas infelizmente ninguém conseguiria reverter a situação.

- Foi por mim, ela bebeu daquela forma por minha culpa. - Aqui vamos nós. - Eu não estava sendo um bom namorado... na verdade, eu fui um péssimo namorado pra ela.

- Não se culpe, querido. Independente da forma que você agiu, Olivia tinha seus próprios problemas pessoais, ela tentou lidar com eles da forma que achou ser a melhor. Não se culpe pela atitude dela. - Sei que estava sendo dura com as palavras, mas se culpar pela morte de alguém não iria ajudá-lo.

- Mas eu devia ter ajudado, eu era o namorado dela!

- E você fez tudo que estava ao seu alcance naquele momento. Você deu o seu melhor.

- Não, eu poderia ter feito mais, eu sei disso.

- Hoje você poderia agir melhor, porque essa situação te fez amadurecer o suficiente para isso. Mas o seu 'eu' do passado, não. Respeite a si mesmo, Cesar, entenda que no passado era aquilo que você podia oferecer. - Fiz uma pausa para a resposta, mas ele permaneceu em silêncio. - Vá ao velório hoje, se despeça dela, diga a ela como você se sente. Isso fará você se sentir melhor.

- Você desculparia o Oscar? - Ele me pegou de surpresa.

- Como assim?

- Se ele falhasse com você, te deixasse sozinha em um momento difícil assim... você o perdoaria? - Eu acharia que era uma brincadeira se o rosto dele não estivesse completamente sério.

- Sim, eu perdoaria, se ele conversasse comigo e se abrisse.

Eu não respondi por mim, respondi o que o Cesar precisava ouvir. Sendo sincera, eu nem cogitei o cenário que ele falou.

- Obrigada, Sra. Lopes. - Disse se levantando. - Até o velório.

Ele saiu da sala, e só então percebi que eu não havia cogitado ir para o velório. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, não sei se tenho cabeça para isso.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora