♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱

15. Pedido.

 Eu tive que piscar algumas vezes para assimilar o que eu havia escutado. Casal? Com alguém que eu conheço há 4 horas?

- Não me leve a mal, Alejandro, mas de onde eu venho os relacionamentos fluem naturalmente, quando duas pessoas estão apaixonadas, após um tempo juntos, entende? - Tentei ser delicada, mas talvez estivesse chocada demais para isso.

- É, sim, claro. - Se recolheu - Eu concordo, é claro. Só estava pensando a longo prazo, é claro, você está certa, qual seria o sentido de começar um relacionamento com alguém que mal conhecemos, não é mesmo? Vamos com calma.

Ele estava bem nervoso, tagarelando sem parar enquanto se atrapalhava na própria linha de raciocínio. Eu estava achando fofo, e logo esqueci da loucura que ele havia dito. Voltamos a falar sobre o parque e o bairro, como tudo era diferente do que estávamos acostumados. Era realmente bom conversar com alguém que me entendia.

Após algumas horas de conversa decidimos que era hora de ir embora, então ele me levou até em casa. Ao entrar na vizinhança notei alguns olhares estranhos em direção ao carro, pessoas torcendo o pescoço para tentar ver quem estava dentro. É compreensível, por aqui só passam carros simples ou rebaixados, uma SUV gigante como essa chamaria atenção. Chegando em minha rua reparei que o quintal da frente da casa dos Santos estava cheio, com os membros da gangue reunidos, mas não avistei Oscar, o que era bom.

Alejandro estacionou em frente a minha casa.

- Obrigada pela tarde, foi ótimo poder conversar. - Falei carinhosamente.

- Eu que agradeço pela companhia, e por me dispensar de maneira sútil. - Respondeu rindo.

- Ei, eu não dispensei! - Ri dando um tapinha no braço dele. - Eu só não quero colocar a carroça na frente dos bois.

- Estou brincando, eu entendi perfeitamente. - Pegou a minha mão e beijou - Boa noite, Sra. Lopes.

- Boa noite. - Respondi tímida saindo do carro.

Me apressei no caminho do carro até dentro de casa, pois não queria ser vista. Eu não devo nada a ninguém, mas tenho muita preguiça de ter que me explicar, então prefiro apenas evitar fofocas. Comi uma refeição de verdade e logo fui dormir, estava exausta e não queria dar espaço para minha mente criar histórias.