47. Interrupção.

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- Porque tive a impressão que você tentou pegar algo na sua cintura ontem? - Perguntou sério.

- Porque eu tentei. - Respirei fundo. - No Brasil eu fiz aulas de tiro, pois morava em um bairro perigoso, onde constantemente as pessoas eram assassinadas. Eu fiz algumas aulas de defesa pessoal, mas ainda não me sentia protegida o suficiente, então fui atrás do porte de armas. - dei de ombros.

- Então você tem uma arma aqui? - Disse sem tirar os olhos da estrada.

- Tenho, e claramente preciso aprender a ser mais ágil. - Ri um pouco.

- Nisso nós concordamos. Se eu não estivesse lá...

- Mas você estava, e é isso o que importa. - O interrompi.

- Como está o ferimento? - Me olhou de relance.

- Está ótimo, dei um arremate hoje, logo estarei 100% para te mostrar meus dons.

Ele riu, aparentando ter acreditado em tudo. Esse é um dos motivos pelo qual evito me aproximar de pessoas durante as missões, odeio ter que mentir o tempo todo. Seguimos a viagem em um silêncio confortável.

- Chegamos. Nada de mar hoje, água salgada nesse ferimento não seria nada legal. - Disse saindo do carro e indo para a trilha.

- Sim, senhor. - Ri concordando.

Nos sentamos na areia, observando o mar, os pássaros e recebendo toda vitamina D.

- Você tem alguma foto da Victoria? - Perguntei deitando na areia.

- Por que eu teria? - Levantou uma sobrancelha.

- Não sei... mas gostaria de ver o rosto dela, saber de quem eu estou fugindo agora. - Dei de ombros.

- Não, a única informação que tenho é o nome, Victoria Garciaz.

- Talvez isso já ajude em algo. - Falei calma por fora, mas estava feliz por ter conseguido a informação que eu realmente queria.

Levantei e observei o mar mais uma vez, estava calor, e ele parecia que me chamava. Olhei para Oscar, que estava entretido com seu baseado, para variar. Então me levantei decidida.

- Desculpa, mas tá quente demais.

Tirei meu vestido por baixo, para não forçar o braço, e os olhos do Oscar acompanharam o movimento do tecido até cair na areia. Ele me encarou com o rosto firme.

- Seu braço.

- Não me importo.

E corri em direção ao mar, até sentir um braço firme me segurando pela cintura, como se eu fosse uma boneca.

- Isso não está certo. - Ele falou no meu ouvido enquanto me segurava por trás - Seu braço pode infeccionar e você sabe disso.

- Vai me impedir de entrar na água só por isso? Posso entrar com o braço levantado. - Me virei de frente para ele, ainda com seu braço preso em volta de mim.

Ele respirou fundo.

- Não. Sua lingerie é branca, Bianca. - Encarou meus seios, que estavam colados em seu corpo. - Vai ficar completamente transparente.

- Ah, bom, eu não tinha reparado nisso. - Menti dando um sorriso provocante. - Seria realmente uma pena.

- Garota, não me teste. Eu já estou muito perto do meu limite com você.

- Então me diga, o que eu preciso fazer para você passar do limite? - Falei em voz baixa, levando uma mão ao seu rosto e ficando na ponta dos pés enquanto encarava a boca dele.

Ele deu um sorriso que eu nunca tinha visto, uma mistura de vitória com malícia.

- Nada mais.

Ele fechou os olhos e se inclinou para juntar nossos lábios, mas no instante que nossas bocas se encostaram ouvimos um grito que nos fez recuar. Ele me soltou tão rápido que eu quase caí. Olhamos em direção ao som, se tratava de alguém furioso.

♱ ENTRE A CRUZ E A ARMA ♱Onde histórias criam vida. Descubra agora