X - Mediador

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Ao me aproximar da minha casa vejo Chifuyu na frente do meu portão com uma sacola na mão direita.

— Chifuyu? – Chamo ele e o loiro se volta a mim, acenando com a mão vazia e abrindo um sorriso. Eu devolvo o gesto e ando apreço meus passos até onde ele me esperava. — O que faz aqui?

— Eu vim te ver e também trouxe umas coisas. – Explica ao mesmo tempo em que eu abria o portão e lhe dava passagem para entrar. — Onde estava? – Ele pergunta enquanto eu começo a nos guiar para dentro de casa em direção a cozinha.

— Hospital. Tive que pegar meus remédios e fazer uns exames. Aquela médica tá no meu pé. – Vou até a geladeira e a abro retirando um refrigerante de dois litros pela metade. — Quer um pouco?

— Eu passo. Onde eu guardo isso? Tem uns chocolates e porcarias, eu trouxe um quebra-cabeça.

Assim que ele fala do quebra-cabeça, eu levanto uma sobrancelha em questionamento.

— Pode ser na geladeira. – Vejo ele ir até a geladeira e começa a guardar a s coisas lá, deixando para fora só o quebra cabeça. Encaro o jogo. — Qual é do quebra-cabeça? – Questiono e ele jogo os ombros pra trás antes de me responder.

— Sei lá, soube que você teria que passar três dias em repouso, pensei que você ficaria entediado.

— Faz sentido. Quer jogar? – Ele concorda e vamos até meu quarto.

E assim foi meu primeiro dia de repouso, comigo e Chifuyu jogando e passando raiva com o maldito quebra-cabeça, até ficar tarde e o garoto precisar voltar para casa e eu ficar totalmente sozinho. Sem muito o que fazer sem companhia eu tomei um banho e fui me deitar e me forçar a dormir.

Eu me deitei por volta das 20:00 e por algum motivo tudo estava muito calmo e silencioso, na verdade, desde que voltei ao passado era assim. Era estranho todos os dias serem silenciosos nessa casa e nesse bairro. Eu estava acostumado com a barulheira e de todos os dias ter que receber reclamações sobre o volume da tv da Sra. Tana. Silêncio e calma eram as coisas mais difíceis de conseguir naquele lugar.

Aqui era diferente, aqui era calmo, mas não algo confortável para mim. Essa calma me era bizarra, agoniante e desconfortável, tornava difícil de se dormir num lugar assim depois de tantos anos dormindo entre sons altos e gritos. Minha mente me leva devagar as memórias de quando eu era adolescente, me fazendo relembrar que desde aquela época eu já tinha dificuldade para dormir nesta casa.

Um suspiro escapa dos meus lábios ao me lembrar de um dos meus maiores desejos na adolescência, este que ainda era desejado por mim, mesmo que agora não tivesse a mesma intensidade de antes. Era um desejo bem simples:

Eu queria uma família. Queria que meus pais se importassem ou pelo menos que morassem comigo, eu não queria passar minhas noites sozinho, porque a quietude da noite era assustadora. Não era como o dia, onde eu estava na escola que era um lugar barulhento e meus amigos me rodeavam, a noite era só eu, no silêncio, escuro e sozinho...

A tempos esse sentimento de terror se agarrava a mim como uma velha amiga, e assim ela ficou e aumentou. Minha vida pós-escola foi cheia de desilusões e decepções, as poucas pessoas que me arrisquei a me agarrar, se perderam. Nelly foi a única pessoa que me restou, ela ficou comigo no meu momento mais difícil. Mas ela não está aqui.

Quando eu a vi a última vez me senti tão aliviado, era bom estar com e dizer as minhas atividades recentes mesmo que escondendo uma coisa ou outra, isto era reconfortante, me fazia bem...

A medida que meus pensamentos inundam minha cabeça, eu começo a sentir meus batimentos acelerarem e meus olhos arderem. Uma dor latejante surge na minha cabeça e eu me reviro na cama desconfortável. Meus pulmões começam a se comprimirem dificultando a ação de respirar. Sem conseguir mais aguentar eu me levanto da cama indo em direção ao banheiro que era o cômodo mais próximo.

Outra Rota - Mitake/Takemikey ( não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora