XVIII - Novas Descobertas

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 O dia era cinzento. Perfeito para três funerais, embora dois deles já tivessem ocorrido. Para Takemichi o funeral duraria até conseguir consertar toda aquela bagunça. O luto acabaria quando ele matasse com suas próprias mãos o responsável por toda aquela situação.

Ele não queria pensar de maneira racional. Não pensaria duas vezes, se Kisaki aparecer em sua frente ele vai matá-lo, uma vida por várias, isso era o que valia.

O de olho azuis já havia abandonado o moralmente "correto" a muito tempo, o mundo o fez abandonar. Lá no fundo Hanagaki sentia uma certa gratidão, afinal a vida fez ele cair, chorar, quase morrer e passar por vários eventos que ninguém conseguiria sair sem uma certa resistência emocional ou sem nenhuma cicatriz.

Entretanto, naquele meio tempo a vida se mostrou uma inimiga ardilosa e traiçoeira, ela havia dado aquela sensação de realização e o feito abaixar a guarda, só para presenciar a morte de seus amigos mais de uma vez. Isso era demais, com resistência ou não, como ele iria lidar com a perda de pessoas que eram minimamente importante a ele?

Seu subconsciente o culpava. Ele permitiu que se aproximassem e ele que se permitiu sentir.

A culpa era dele.

Caso não tivesse feito nenhuma dessas coisas, ele não estaria ali, sendo mais um entre tantas pessoas vestidas de preto. Não sentiria culpa, até porque nem ao menos saberia sobre a morte deles.

Mas é claro que tinha que fazer um maldito acordo, é claro que sua vontade de querer algo a mais, machucaria pessoas, ele encarava a maioria como peões. Peças que o faria se levantar como um verdadeiro rei, ele não ligaria de descartar uma ou outra.

Nelly não era uma peça descartável, ela era sua melhor amiga, a única que estava com ele quando sua drástica mudança começou a ocorrer, foi ela que viu suas piores faces e foi ela que costurou varias feridas emocionais e lhe deu o apoio para andar novamente sem ter uma crise a cada sinal de perigo que seu corpo reagia como se fosse um risco de vida ou morte.

O engraçado é que ele estava vivo graças a ela, mas a ruiva estava morta por seu erro.

Não.

Isso estava errado, o erro não era seu, ele não podia controlar o que acontecia, talvez ela tenha morrido por estar em um lugar errado na hora errada, mas a culpa ainda não era sua.

A culpa era dele.

O filho da puta que orquestrou o plano. De alguma forma as mortes tinham uma ligação. Poderiam o chamar de egocêntrico, mas ele tinha certeza de que as mortes desde o começo são uma forma de chamar sua atenção, mesmo não sabendo o que Kisaki queria conseguir o perturbando e matando as pessoas relacionadas a ele, talvez algum tipo de vingança?

Kisaki fazia parte de seu passado de alguma forma, ainda não sabia como, pois não se lembrava de ter conhecido alguém como ele e nem ouvido falar, arriscava dizer que nunca se viram pessoalmente. Ele não sabia o que tinha feito para o outro ir tão longe, mas isso não importava porque o moreno já tinha decidido o que iria fazer.

- Takemichi, você não deveria ficar tanto tempo aqui – Naoto dizia olhando para o mais velho que não tirava os olhos da lápide de sua irmã, o funeral já tinha acabado a horas e só ele e o outro permaneciam lá. Não pode deixar de notar a aparência desleixada do amigo, o que não era do seu feitio já que o mesmo se mostrou uma pessoa vaidosa.

Os cabelos longos que iam até o ombro, estavam bagunçados em uma confusão de cachos negros, sua pele, se possível estava mais pálida e translucida. As orbes azuis como o céu em um dia limpo e ensolarado, não transmitiam aquela acidez e cinismo típica do homem em sua frente, elas nem pareciam transmitir nada além de dor. Com seus olhos analíticos e afiados o mais jovem observa o leve tremor do outro.

Outra Rota - Mitake/Takemikey ( não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora