XXI - Impulso

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  Estalei a língua no céu da boca em desagrado. Eu não conseguia focar em porra nenhuma naquele momento.

Suspiro cansado e abaixo minha cabeça na mesa, meus músculos se comprimem em tensão. Era a quarta vez que eu me atrapalhava copiando as letras no quadro e isso já estava me irritando. Que caralho! Eu não deveria ter vindo a escola hoje, mas estaria em complicações se não viesse, já tem semanas que tenho faltado, e digamos que eu nunca fui um aluno exemplar.

Viro minha cabeça ainda deitada para os meus amigos.

— Você tá sabendo sobre Kiyomasa? – Ouço Makoto começar.

— Sim. – Yama o responde largando a caneta que usava pra copiar — Parece que ele e o grupinho ganharam uma surra daquelas.

— Surra? Eles foram torturados, Yamagishi! – Eleva um tom assustado na última parte.

— De que porra vocês estão falando? – Takuya se junta a eles um pouco interessado.

— Sobre Kiyomasa. – Takuya faz uma careta.

— Credo. Prefiro que vocês falem sobre as suas idiotices pornográficas. – Akkun que estava ouvindo tudo se vira a eles.

— Makoto que começou o assunto. – Yama aponta — Enfim, não querem saber sobre o que eu descobri? – Ele ajeita os óculos e todos reviram os olhos.

Todos sabiam que ele queria falar suas descobertas ou melhor suas fofocas.

— Fala logo Yama. – Akkun diz.

— Já que insistem. Eu soube que ele foi encontrado todo desfigurado, o lugar estava bem escuro, foi uma mulher que achou o grupo, ela ficou aterrorizada com tantos corpos no chão em um cenário que parecia ter saído de um filme de terror brutal. Ela ficou em choque, a irmã que a acompanhava que ligou pra polícia e para os médicos. O estranho era que em menos de cinco minutos que elas encontraram os corpos deles a ambulância chegou, dizendo que já tinham sido chamados. – Todos se tencionam um pouco com aquela história. Seguro uma risada. — A situação das mãos de Kiyomasa era a pior, elas pareciam ter sido quebradas diversas vezes, como se a pessoa não parece até ter certeza de que elas seriam inutilizadas. Foi muito difícil para os médicos darem um jeito.

— Eles deram? – Makoto questiona.

— Não, elas não tinham mais jeito, os médicos as amputaram... – Os três garotos e até Hina, que eu não tinha notado lá, olhavam Yama horrorizados. Ele demorou um pouco pra continuar, com certeza tentando digerir suas palavras — Mas o que mais me chama atenção é a sua situação mental. Sabe, quando ele acordou só sabia dizer sobre ter visto um demônio, e sempre que o perguntavam quem fez aquilo com ele e seus amigos, ele começava chorar e gritar "Foi o demônio". Essa era sua fala repetidamente. Os outros caras não acordaram, os policiais no caso suspeitam que o responsável tenha batido neles como uma vingança pessoal.

— O que poderia fazer alguém ir tão longe? – Hina diz com os olhos vidrados no chão.

— Acho que ele mereceu... parcialmente. – Acrescenta Akkun ao sentir o olhar cortante que Takuya o lançava.

— Ninguém merece isso Atsushi. – O loiro fala seu nome de modo sério — Uma surra, okay. Mas isso...

— Vai mesmo defendê-lo? Porra, ele ia te tacar na boca dos leões sem se importar, se não fosse o Take-

— E eu agradeço o Take por isso, mas você sabe que eu não gosto de violência como a solução das coisas. – Diz calmamente e Akkun trinca o maxilar.

— Então, está dizendo que Kiyomasa não deveria estar sofrendo por ter feito os últimos tempos serem um inferno? – Eleva sua voz — Está mesmo dizendo que ele não deveria sofrer depois de tudo?!

Outra Rota - Mitake/Takemikey ( não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora