Capítulo 03

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      O mundo nunca fora um lugar bonito e Park Jimin era um dos muitos que poderia dizer com tamanha certeza e convicção. Sua história tinha muitos pontos negativo e fatos nos quais poucos eram capazes de entender, sinceramente, era a minoria que tinha a mente aberta para tamanha coisa: vivera uma vida dentro dos muros do reino que sua mãe regia com demasiada sabedoria e justiça, se negou a mostrar sua face para aquelas pessoas que o condenava como um bruxo, um ser capaz de sucumbir a humanidade e a escravizar em seu bel prazer. Jimin viu seu povo virar as costas para si devido um descontrole, um erro que jamais seria proposital, portanto, sobre tamanhos infortúnios, o ômega poderia usar sua voz para expressar o quanto o mundo era mesquinho e cruel. Contudo, ele acreditava que existia beleza em algum lugar, ao menos, na concepção distinta das pessoas. Era simples  as suas afirmativas: o ser humano construa uma vida e uma história, seja sozinho ou com outras pessoas presentes, no entanto, jamais deixaria de ser fatos distintos com grande semelhanças.

      E quando retornou para o castelo em companhia de Jeon, o menor soube que carregava um enorme karma em seus ombros,afinal, os olhares assombrados faziam com que as palavras não significassem nada,o silêncio seguido das emoções e sentimentos não ditos falavam mais do que a verbalização de ambos. Então, sendo sustentado pelos braços fortes do rei,Park seguiu para os aposentos onde permaneceria hospedado até o momento em que sua mãe decidiria por ter de regressar para sua casa. Ao ter seu corpo ferido e exausto sendo depositado sobre o acolchoado, seus olhos se fecharam e um suspiro sôfrego escapou por seus lábios arroxeados e com pequenas feridas: Jimin não mostraria a ninguém, mas tinha o corpo coberto por hematomas e cortes que se curariam. Ele sabia que o rei gostaria de lhe questionar, perguntar e sanar todas as dúvidas que se formaram ao presenciar tamanha cena desconhecida pelos olhos de terceiros, todavia, estava ciente de que não teria sua privacidade invadida, sabia que seu silêncio sobre aquele assunto seria respeitado.

    O silêncio era algo que Jimin estava acostumado a ter, contudo, estando na presença de Jeon, aquilo parecia ser uma afronta, um absurdo sem tamanho. Então, direcionando seu olhar para o homem sentado em uma das poltronas no canto daquele quarto, o menor suspirou mais uma vez e sentou-se naquela cama, apoiando suas costas doloridas nos travesseiros confortáveis. Ao ter os olhares de Jungkook em seus braços feridos, se encolheu como se pedisse para que ele sentisse tudo, menos o medo que sempre encontrava nas pessoas ao seu redor.

     — Houve um tempo em que mamãe  me questionava do porquê de minha pele estar sempre sensível e, em alguns momentos, estarem carregadas de feridas que desapareceriam em quatro dias…- nervosamente e confuso por estar se abrindo com uma pessoa desconhecida, ao menos naquela vida e momento, Park mordiscou os lábios à medida que brincava com seus dedos — não era como se desejasse manter segredo, sabe? Mas sempre que olhava para seus olhos, algo me silenciava,cobria meus lábios e pressionava minha garganta.

     Jeon sabia que aquele desabafo não era algo que Jimin planejava fazer, ainda mais sendo com uma pessoa que desconhecia,porém,tendo a certeza de que era importante lhe ouvir e compreender, o rei apenas encarou a imagem de garotinho frágil, de criança repreendida pelos pais ao fazer algo ruim. Calmamente e de forma que não fosse assustar o menor, Jungkook se levantou e voltou a se aproximar, mas estando ciente de que deveria se manter dois passos distante.

      — A primeira vez que deixei o castelo e corri para o mais longe que conseguia, senti o medo me atingir. Mas, quando percebi que aquela era uma forma de não machucar as pessoas à minha volta, me acalmei.

    Jimin queria ser mais claro em suas palavras, saber como dizer suas justificativas e se mostrar uma pessoa inocente das acusações que recebia, no entanto, o grande acúmulo de sentimentos negativos e a culpa que parecia lhe corroer internamente o fizeram se perder no meio do caminho, o fez acreditar que por mais que se expressasse e demonstrasse sua incapacidade de machucar alguém - intencionalmente - ninguém acreditaria, não estariam dispostos a aceitar a verdadeira realidade. A moral da história era somente uma: enquanto se ouvissem somente os relatos da chapeuzinho vermelho, o lobo mau sempre seria o vilão, afinal, “ a sua cama já havia sido feita por outras pessoas, o que lhe restava apenas deitar-se nela contra sua própria vontade”. Contudo, por mais cansativo que fosse, Jimin gostaria de ‘fazê-la’ por conta própria, estender seus lençóis e rolar sobre eles, sem os sentimentos ruins e negativos.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora