capítulo 14

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     Era cada vez mais comum para Jimin ter flashes de suas vidas passadas, e ao mesmo tempo que tamanho evento fazia parte de suas noite e alguns momentos de seu dia, se tornava cada vez mais doloroso. Com o passar das semanas em que se encontrava no poder de um reino amedrontado,sendo longos dias desde que decretou mentalmente que repudiava qualquer insistência de Luna para que se lembrasse dos toques e promessas de Jungkook, seu corpo passou a ser maltratado, ferimento se abriam e fechavam em uma grande trotura: Luna não estava se importando com as reações que Jimin teria, tão pouco dava ouvidos aos pedidos para que tudo aquilo cessasse. Ela estava disposta a fazê-lo se arrepender por escolher romper o vínculo com o rei de Orion, por ter negado qualquer aproximação.
    E naquela manhã, com o temporal fechado pela ausência dos raios solares, Jimin despertou em sua cama e suspirou cansado por não ter conseguido dormir durante a noite, irritado por sentir como se houvesse uma tonelada de peso sob seus ombros. A realidade era que em tão pouco tempo, desejava dar o braço a torcer para sua parte humana irracional  e se jogar no primeiro abismo que encontrasse, o que não seria difícil de encontrar em suas terras e no meio da floresta que tanto visitava em momentos de exaustão psicológica.
     Com as dores gritantes em cada parte muscular de seu físico, Park se aprontou devidamente para mais um dia governando um reino que tão pouco lhe interessava, mas que se tornava a arma perfeita para sua segurança. Jimin estava ciente do poder que exercia sobre todos os reinos aliados e próximos, conhecia bem o pavor que todos sentiam de si e de suas ameaças, até mesmo Orion se manteve reclusa e sem nenhum questionamento, o que sem dúvidas lhe pegou de surpresa. Saindo de seu quarto e encontrando os corredores daquela ala completamente vazios, suspirou sabendo que havia conseguido a solidão e afastamento que mais desejava das pessoas, no entanto, se perguntava o porquê daquele incômodo e inconformidade. A passos calmos, sentindo que diferente do habitual, aquele castelo aparentava estar mais frio - não para si, pois seu corpo era acostumado com temperaturas baixas - contudo não era algo com o que se preocupava, ao menos não até que esteja prejudicando alguém.
   Cautelosamente, sendo sempre silencioso, Jimin adentrou a sala de jantar e se surpreendeu por não encontrar sua mãe, o que nunca acontecia. Não se sentou e muito menos pediu por um café da manhã, apenas seguiu para o único cômodo capaz de o fazê-lo sentir-se como o príncipe Jimin,  não como o rei carrasco que havia se transformado; ali era apenas o filho de Park Min-jin e Park Ji-hoon, a criança que passou a ser desprezado somente por ter nascido com algo que todos julgavam ser ruim, o garotinho marcado pela brutalidade das pessoas.  Trancando a porta atrás de si, Jimin caminhou até a enorme janela de vidro e  apreciou a vista do jardim frontal do castelo, protegido por muros e portões que se mantinham fechados. 
     Park Jimin sabia que, na época em que seu pai governou Eros, aqueles terras eram mais produtivas, a população era feliz e confiava cegamente de que tudo estaria bem, afinal, Park Ji-Hoon era um homem honrado e gentil, prezava pela paz  e segurança de todos. A prosperidade circulava nos quatro cantos daquele reino, as pessoas sentiam-se livres para ir e vir, para se aproximarem de seus superiores e fazerem seus relatos e necessidades que sofriam. Era uma pena que tudo tivesse mudado após seu nascimento e descoberta de sua anomalia. Jimin carregava bem mais do que poderiam tentar desvendar; pior do que carregar uma culpa sobre os ombros, era sentir o peso de se estar vivo, de ter nascido ser visto como um praga que consome tudo o que é bom.
    Ele sabia que Luna não o compreendia, apesar de dividirem o mesmo corpo e subconsciente; o desejo absurdo de viver tudo que lhe foi privado, o grande interesse em sentir-se ligada com o seu alfa a fazia cega, a impedia de analisar o que realmente causava medo em Jimin e o que lhe consumia por dentro. Mas o garoto não lhe culpava e por esse exato motivo estava deixando que ela lhe machucasse até que a morte lhe tocasse em um puxão para a escuridão. Julgava justo tudo o que acontecia em sua vida, ao menos, aquela punição, pois ele sabia - mesmo estando sob a influência daquelas pessoas por anos - que não era merecedor de ser tratado como um animal sarnento prestes a ir para o abate.
     Cansado, sentindo seus olhos arderem e sua visão se tornando turva pelo acúmulo de lágrimas,prendendo os pequenos soluços em sua garganta e sentindo o lábios inferior tremer levemente, o rei se ajoelhou calmamente naquele carpete e sentou-se sobre suas pernas, apoiou as mãos contra os vidros que se tornaram embaçados e aguardou para que sua ômega lhe torturasse mais uma vez em semanas. Jimin sabia o momento em como ela agia, havia decorado a forma como aquele animal lhe submetia a seus castigos, apenas jamais se acostumaria, pois as dores eram cada vez mais intensas.
     Começaram como pequenos cortes superficiais em suas costas: Jimin podia sentir as garras dela rasgarem sua pele,conseguia imaginar perfeitamente estando diante a um lobo de pelagem branca, rosnando para lhe amedrontar e o fazer submisso a suas vontade. Então a intensidade aumentou; como se dentes caninos estivessem lhe rasgando, cortando sua carne e rompendo todos os músculos que seu corpo era composto, não poupando a brutalidade de lhe ver agonizar. Ele sabia que aquilo era apenas o começo, apenas uma amostra do que estava por acontecer.
     Sua respiração estava fraca e comprometida, suas unhas arranharam a vidraça enquanto seus dentes feriam seu lábio inferior em busca de tentar amenizar tudo o que sentia e o fazia desejar gritar. Inicialmente, Jimin enxergou aquilo tudo como uma afronta e uma punição por se mostrar rebelde às vontade sua ômega, mas quando sentiu os primeiros ferimentos e colocando na “balança” tudo o que havia feito e estava fazendo, Park passou a encarar aquilo tudo como um castigo merecido por ser uma pessoas desprezível aos olhos de todos, aceitou aquilo tudo como se estivesse sendo o peso de suas imprudências existenciais.
    Com o aumento da intensidade daquela tortura, Jimin chorou como uma criança assustada, soluçou como se pudesse limpara a sua alma e diminuir a sua parcela de culpa. Mas, no momento em que as dores se tornaram intensas, sentindo ossos sendo quebrados em seu corpo de forma instantânea, o suor começou a surgir em sua face pálida e garganta se fechando para impedir qualquer ruído: Luna queria que ele engolisse cada um de seus choramingos, não demonstrasse os seus sentimentos através de gemidos e resmungos. Sentiu algumas costelas se partirem, dedos de sua mão, um de seus braços; e apesar de saber ser algo em sua mente movido ao emocional, Jimin sentia e agonizava com a certeza de que as manipulações eram verdadeiras. 
     Deitando-se naquele carpete, fechando os olhos, Jimin sentiu o início da inconsciência, um sinal de que finalmente poderia se esvair daquele momento tortuoso e que jamais teria um fim enquanto vida tivesse. E antes de desmaiar, Park franziu o cenho ao sentir-se em um nível de fragilidade que não era pertencente a si: por mais que estivesse conseguindo enfraquecer o vínculo que tinham, ele sabia que a sensação partia de Jungkook, era como se estivesse presente em Orion e pudesse vigiar o Rei, o sentia, mesmo que de maneira fraca.
     Assim como Eros estava em momentos difíceis, em Orion não seria diferente, contudo o caos se resumia dentro dos muros que protegiam os segredos do castelo e de Jeon Jungkook. O rei se encontrava debilitado, sofrendo pelas consequências de atender os desejos do ômega que consumia seus pensamentos, eram noites em claro sentindo seu peito arder em dores que pareciam lhe consumir a alma, ânsias que o impedia de uma boa alimentação, febres que internas e externas que não abaixavam nem mesmo como horas embaixo da água mais gelado que pudessem encontrar: Jungkook estava sentindo tudo o que deveria afetar ambas as partes, vivendo um verdadeiro inferno que me momento algum deveria existir. E como bons amigos, Kim Namjoon e o marido ficavam ao seu lado durante todas as noites, o ajudavam a se tranquilizar pela tamanha agonia. Todos estavam sendo afetados de formas distintas.
    E naquela manhã, sentindo seu corpo cada vez mais fraco, Jungkook deixou seus aposentos em companhia de seu amigo e seguiu para seu escritório, onde insistia em persistir em seus afazeres reais. Mesmo com o olhar raivoso de Seokjin sobre si, Jeon sentou-se diante aquela pilha de cartas e suspirou sabendo que levaria horas para finalmente encerrar a leitura  e respostas de ambas.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora