Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]

Capítulo 32

     Sonhos. Os seres humanos são capazes de criar um mundo alternativo em suas mentes, capazes de viverem milhares de vidas se assim desejarem -mesmo que em alguns casos, outras pessoas venham a lhes julgar-lhes como loucos - e em uma dessas formas, está a possibilidade de sonhar. Há diversas formas de se criar um mundo imaginário, maneiras nas quais podem ser conscientes ou não, por exemplo, se a pessoa pensa com muita frequência em algo e se mostra obsessiva por essa coisa, será comum e natural que o cérebro copie tamanha informação,o que ocasionalmente levar com que o subconsciente projeto tal fato e, durante uma noite de sono tranquila, a mente possa criar uma situação onde tudo o que deseja seja real. Mas, também há aqueles sonhos nos quais não esperamos, não compreendemos e pareça ser algo completamente irrelevante, e isso pode ser explicado como uma forma de seu cérebro dizer estar em um estado de exaustão, a realidade é que cada parte do corpo humano possui uma linguagem própria, e os sonhos é a forma do subconsciente falar que necessita de tranquilidade e calmaria. Bons ou ruins, compreensivos ou insanos, tudo é relativamente normal na vida do ser humano.
   Mas para Jimin, naquela noite onde se encontrava dormindo profundamente no calor dos braços de Jungkook, Jimin fez uso de outra explicação para os sonhos: o seu eram traços de uma lembrança de vidas passadas. Com a ausência de Luna e sem sua intervenção, Park teve acesso a uma lembrança onde as marcas seriam eternas e que dificultaria a melhora que ele procurava.

" Era comum um pai dar seu filho como moeda de troca para seu superior, fazer com que uma parte de sua carne fosse vista apenas como um objeto insignificante e sem sentimentos. E naquela época, para infelicidade de Jimin, ele fora vendido e entregue nas mãos de Jun-seok muito antes de completar a maioridade e poder entender como o mundo realmente funcionava. Quando ainda estava no ventre de sua mãe, Park Jimin foi prometido ao castelo de Askia, um reino onde a dor e sofrimento eram tão comuns quanto respirar.
Sendo filho de dois camponeses ambiciosos, Jimin nasceu e cresceu em um lar hostil, repleto de regras e censuras: Não podia correr pelos bosques porque não poderia se machucar e marca a pele delicada com cicatrizes horrendas; Não podia sair de casa e andar no calor solar, pois sua palidez era única e bela; Nada de doces, pois deveria manter o corpo magro que ganhava curvas a cada ano que se passava. Jimin nunca entendia o porquê daquelas exigências e sempre que questionava seus pais, era repreendido com a fala de que não deveria questionar os feitos de seus pais. Então, no seu décimo quarto aniversário, o ômega finalmente compreendeu o porquê de nunca ter tido liberdade para ser uma criança normal como as outras, entendeu os motivos de sempre ser encarado com o sentimento de pena vividos nos olhares alheios. Jeon Jun-seok foi a seu encontro e lhe arrancou da sua casa, destruiu seus planos e sonhos.
     Quando chegou no castelo, sentiu o peso da maldade do mundo, sentiu-se humilhado ao ter seu corpo despido e observado minuciosamente. Park Jimin seria mais um dos muitos ômegas a serem obrigados a se submeterem aos desejos imundos do rei e de seus filhos. Pelos primeiros meses, se mostrou resistente e desafiava aqueles que tentavam lhe tocar, lhe usar como um copo descartável, aguentou em seu corpo todas as agressões por ser um ômega rebelde e desobediente, passou dias e noites no calabouço mais frio e imundo daquelas torres, teve tantas marcas de correntes em seus pulsos.
     Com a chegada de seus dezessete anos, Jimin finalmente conheceu Jeon Jungkook, o filho caçula do rei. Foi em uma das muitas noites em que foi arremessado no calabouço daquele castelo, após se negar a passar a noite com o filho mais velho do rei. Enquanto se mantinha encolhido contra as paredes de pedra, sentindo o frio atingir seu corpo coberto por vestimentas finas e se abraçado com os próprios braços magros, o ômega sentiu um aroma mentolado preencher aquele ambiente macabro, se deleitou com o cheiro que lhe causou certo tremor e fez seu lobo choramingar em agrado. Jimin ouviu os passos se aproximarem, se atentou a voz aveludada e serena, se permitiu fechar os olhos como se estivesse em seu quarto e apreciando a melodia que um dos seus amigos naquele lugar tinha o costume de murmurar para lhe fazer dormir.
     Pouco tempo depois, ao ter de abrir seus olhos mais uma vez para encarar sua realidade assombrosa, Jimin se assustou e encolheu-se amedrontado ao que olhou para as grades que lhe prendia e encontrou a imagem de um homem forte, alto e com um olhar intenso sobre si. O menor odiava quando as pessoas lhe encaravam como um pedaço de carne, como um objeto feito para uso e descarte. Mas naquele instante, se mantendo contra as paredes frias, Jimin não sentiu-se ameaçado, coagido para que se curvasse e obedecesse qual fosse o pedido a lhe ser feito, diante a imagem máscula, o ômega sentiu-se sereno, como se pudesse finalmente confiar em alguém que não fosse dois dos garotos que passam pela mesma situação que a sua naquele castelo.