𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 04

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    Dizem que devemos manter o inimigo mais perto do que os amigos, no entanto, em um jogo de poder e segurança, se torna promíscua essa afirmativa e conselho. O ser humano é leigo em certos pontos da vida, se deixa levar por experiências que deram certos e que podem, ou não, ser úteis para sua vida. Não se afasta aquele por quem chamamos de amigo, pois são eles quem sabem mais do que o necessário, são eles que carregam consigo as armas para sua destruição; inimigos sabem somente o básico, o que é visto por fora,não poderiam desvendar suas fraquezas a menos que seja contado por seu alvo. E Jimin sabia quais leis deveria seguir para sua própria sobrevivência, foi lendo muitas histórias interpretando aquelas escritas que pôde compreender como o ser humano se assemelha a uma cobra rastejante, em como podem trair avidamente sem deixar rastros. Portanto, esses eram um dos muitos motivos que o impedia de confiar nas pessoas, afinal, na primeira oportunidade, seria acusado por alguém que confiou cegamente.

     Ter a presença de Jeon, saber que ele seria uma parte importante de sua vida e uma ameaça, o fazia enfrentar as lamúrias de Luna e todos os ferimentos que ela lhe causaria. Temia a forma como tudo poderia ser, se antecipava em sentir pelos olhares de insegurança que seriam direcionados a si a cada nova descoberta. Eram um turbilhão de sentimentos dominando seu interior, sensações que o faziam questionar o quão longe seu sofrimento poderia lhe machucar. Ao mesmo tempo em que Jungkook lhe transparecia segurança e zelo, sua mente lhe alertava de tudo o que sua “baixa guarda” poderia lhe causar, o fazia se questionar se realmente estava disposto ir contra a tudo que havia feito para obter o mínimo de segurança. Por mais que Jeon fosse seu predestinado desde vidas passadas, por mais que tenham tido belos e felizes momentos naquelas épocas distintas, Park Jimin não conseguia se ver rompendo as barreiras, destruindo os muros que lhe davam alguma estabilidade.

      Quando despertou em meio aqueles cobertores que protegiam seu corpo e lhe aqueciam de forma desnecessária,o príncipe sentou calmamente e suspirou por saber ser tarde da noite e que ao menos havia tido uma conversa com sua mãe sobre retornarem para Eros. Todavia, aquilo não lhe importava, pois poderia ficar preso e ser julgado em qualquer canto,era visto como ameaça em todos os reinos. Pela claridade da lua que adentrava seu quarto, Park pôde perceber estar vestido com as roupas que sairá de sua casa, e agradeceu mentalmente por ninguém ter se aproximado enquanto dormia. 

      Desde criança, a partir do momento em que foi descoberto sua peculiaridade, Jimin proibia qualquer aproximação que não fosse a de seus pais, odiava que as criadas do castelo ousassem adentrar seu quarto. Ele sabia, enxergava no olhar daquelas pessoas, o medo e pavor estavam vividos em seus olhos e tudo o que faziam para si era por medo de perderem seus empregos e serem condenadas a algumas noites nas masmorras do castelo, odiava o sentimento de pena e tudo aquilo que causava nos outros. Portanto, com o passar do tempo, passou  a se desfazer até mesmo da ajuda de seu pais, esses que compreendiam, mas nunca negaram o quanto aquilo tudo estava lhes machucando. E tudo piorou com a morte de Park Ji-hoon, pois Jimin se fez recluso, se escondeu do mundo a sua volta e se proibiu de sair além das paredes de seu quarto. Park Jimin odiava a ajuda das pessoas porque sabia que ambas lhe eram oferecidas por medo, desprezava a vida diurna porque eram naquele horário que ambas lhe acusavam e lhe encarava como um monstro prestes a cometer mais uma de suas atrocidades. Amava a noite porque era ali que poderia caminhar pelos corredores silenciosos, eram naqueles momentos que se aventurava com segurança e liberdade, com os pensamentos livres de toda a tortura. Era fácil para si, dizer que o ser humano, muitas das vezes, poderia ser desprezível e cruel.

     Por mais que estivesse temeroso por estar em um ambiente desconhecido e cercado por pessoas capazes de lhe matar e fingir não ter cometido tamanho crime, Jimin deixou seus aposentos e permitiu-se caminhar por aqueles corredores, seguindo para as grandes escadas que lhe levariam para o salão onde haviam sidos recepcionados por Jeon. Tinha a certeza de que não  haveria pessoas dentro daquele castelo, mas tinha consciência de que se encontraria com algum guarda fazendo a segurança do local,mas não lhe importava, pois não seria questionado. Portanto,ao atravessar aquelas portas e ter a vista do jardim que admirou e certamente faria um belo quadro, Jimin ignorou o homem vestido em roupas da guarda, desceu os degraus, disposto a contemplar aquela calmaria que sempre lhe acolhia e o fazia sentir-se uma pessoa normal.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora