capítulo 15

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     Desde pequenos somos ensinados a sermos obedientes, pessoas compreensivas em meio a uma sociedade que está sempre exigindo bem mais do que se pode oferecer, vivemos sobre a opressão de seguir um padrão assassino e grotesco, deixamos a nossa opinião se tornar algo banal para que assim, outras pessoas pudessem alimentar um poder sombrio sobre nós mesmos. A constância em que permitimos as invasões internas e físicas, a forma na qual estamos sempre nos mutilando feito um pedaço de carne qualquer e sem sentimentos. Tudo se reflete em um emocional que se abala facilmente. As palavras têm poder e estão sempre arrancando um pedaço daquilo que um dia teve voz própria e foi dono de sua opinião,desmembrando um corpo que passou a servir como marionete controladas por fios de nylon, encerados a base de cacos de vidros para que mãos atrevidas não tentassem rompê-los. Cortante, delicado e mortal.

    O rei tinha todas as qualidades anteriormente mencionadas, se sujeitava a viver de acordo com o que sua mente julgava ser o correto para si, mas se esquecia que sua voz foi calada e sua opinião estava constantemente sendo arrancada de si, se perdeu em uma encruzilhada onde nenhum dos caminhos o levava a suas vontades e as suas coordenadas antes prezadas - mesmo sob efeito do medo. Entretanto, sentindo cada centímetro de seu corpo latejar em uma dor agonizantes, mas que pouco o fazia retrair a feição em uma careta depreciativa, sabendo que tudo e todos lhe atacaram para atentar contra sua vida, Jimin trancou qualquer domínio interno que o fizesse recuar em alguns de seus passos e decisões. E raramente acontecendo, Luna perdeu qualquer poder sobre a mente destruída de Park Jimin,ele havia aberto a cela que um dia jamais cogitou aprisionar sua ômega, lhe arremessou como um objeto usado e que já não lhe fazia mais falta. Correntes lhe impediam de qualquer novo ato: naquele momento, o dono do jogo havia mudado e novas regras foram adicionadas.

     Era bem óbvio de que acordaria naquele jardim e com o corpo desnudo, nenhum dos guardas ou criadas ousariam se aproximar, ainda mais, após tudo o que havia causado em suas terras. Portanto, como os belos olhos em cores azuis com pequenos tons de cinza, Jimin encarou as proximidades diante si e sorriu como nunca havia feito, demonstrando para quem desejasse ver: ele era o rei, aquele que tanto foi ferido e abandonado para morrer, suas regras deveriam ser respeitadas e suas leis seguidas, caso contrário, saberiam quem era o  Príncipe de gelo que tantos intitularam como monstro impiedoso e assassino. Não feriria e tão pouco mataria alguém, apenas causaria grandes motivos para realmente lhe temerem.

    Sem mais delongas, Jimin ajeitou sua postura e voltou-se para as portas do castelo. Seu sorriso se fechou e os olhos felinos encararam cada um dos guardas que tremiam pelo frio excessivo,algo que se tornaria comum em Eros até o momento em que desejasse reter todo o inverno agressivo que havia causado. O rei estava machucado emocionalmente, Luna havia sido cruel em brincar com seus extintos, em lhe manipular de forma suja e horrenda, portanto, tudo o que acontecesse daquele tempo em diante, deveria repercutir em culpa sob o lobo de pelagem branca feito a neve que permanecia caindo por aquelas terras. Em postura dominante e nada amigável, o garoto dispensou todos aqueles homens e os ordenou seguir para suas casas, onde deveriam se aquecer e aguardar uma nova convocação em algum momento de grande necessidade.

    Park caminhou pelos corredores daquele castelo sem ao menos importar com suas poucas vestimentas; não sentia frio por ser tão gelado quanto, sua pele carregava uma tonalidade tão pálida quanto a neve que se podia ser admirada pelas janelas, cada mínimo detalhe de sua fisionomia explicava as teorias de um corpo ser constituído por algo incomum, afinal, sentia o sangue percorrer suas veias e sabia da existência da camada de carne e músculo que era composto, mas de alguma forma, sabia que aquela anomalia também estava entranhada em si, fazia parte de cada mínima célula corporal existente em sua estrutura corporal. Ao alcançar a cozinha, encontrou a cozinheira conversando com as mulheres responsáveis pela limpeza de cada canto daquela construção que tanto lhe sufocava, então, como feito aos homens que lhe serviam para a proteção de todos os que entravam e saiam daquele castelo, Jimin as dispensou por aquele dia e pelos três posteriores. Queria ficar sozinho,  tendo somente o silêncio lhe acompanhando, a única coisa aceitável seriam os ruídos de seus passos e respiração.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora