Capítulo 22

134 12 2
                                    

    Ao emergir daquelas águas frias, Jimin respirou em um único fôlego, buscando proporcionar alívio para seus pulmões que ardiam pela quantidade de tempo em que ficou sem oxigênio. Com as mãos trêmulas pela baixa temperatura que não lhe afetava em nada, Jimin jogou os fios para trás e encarou o lugar onde Seokjin deveria estar, mas não estava. Sabendo que o mais velho certamente havia regressado de volta para o castelo e o deixado sozinho e a própria sorte, o ômega sorriu em sarcasmo por seus pensamentos anteriores, tendo a certeza de que o único a importar-se consigo seria Jeon. Era uma realidade dolorosa e que poderia jamais ser alterada, mesmo com o passar do tempo.
   Park permaneceu naquele local mais algum tempo, permitiu seu corpo relaxar em meio às águas, aliviou as tensões, e quando finalmente sentiu-se bem para regressar atrás do aconchego que Jungkook sempre se mostrava disposto a lhe dar, Jimin vestiu-se novamente com suas roupas e seguiu pelo mesmo caminho anterior  de horas atrás. O céu estava escurecendo,se tornando cada vez mais escuro,apagando toda a claridade de um dia que estava se encerrando, os galhos abaixo de seus pés, sendo quebrados lhe deixavam contente em alguns pontos, pois sabia que aquilo era o máximo de tranquilidade que conseguiria, o barulho mais receptivo que ouviria. E quando finalmente encarou as enormes portas daquele castelo, suspirou profundamente desejando a presença de Jungkook. Jimin até se mostraria revoltado à alguns dias anteriores, no entanto, naquele momento e visando um futuro, o ômega conseguia sentir que Jeon não lhe machucaria intencionalmente, não lhe trairia de forma alguma; Jimin tinha a confiança que ele lhe protegeria para que finalmente pudessem viver tudo o que não conseguiram em vidas passadas.
    Passando pelos guardas que o encaravam como uma ameaça, Jimin manteve-se de cabeça erguida e atravessou aquelas portas, chamando a atenção dos criados que circulavam o enorme hall de entrada. Seus olhos percorreram brevemente os pouco pontos que poderiam ser vistos, e apesar de se frustrar por não encontrar a única pessoa que importava em meio a tantas outras, Park se manteve obsoleto e prosseguiu com seus passos, tinha o intuito de subir para seus aposentos e tomara um longo banho. E assim foi feito, pois quando adentrou o quarto impregnado com seu aroma misturado com o de seu alfa, Jimin sorriu contido e seguiu diretamente para o banheiro, onde se despiu após encher a banheira com água temperatura ambiente e se permitiu relaxar sentindo o sais acalentarem sua pele pálida e gélida devido sua natureza. 
     Com os olhos fechados, Jimin prendeu a respiração e afundou-se, molhando seus fios úmidos, cobrindo seu rosto. A realidade de Jimin poderia ser mais adaptável, tranquila e favorável para seu emocional que tanto era destruído com o passar dos dias, poderia ser comum como a de qualquer outra pessoa, mas não era, o ômega era obrigado a conviver com aqueles pesos sob seus ombros feridos e sangrentos, estava condenado a uma vida de infortúnios e obstáculos intermináveis: pois era fato, a culpa sempre lhe destruiria, o faria desejar desaparecer sem deixar pistas, sem transparecer se estaria morto ou não. Era cansativo, mas acreditava que tudo poderia ter uma pequena e leve melhora, ao menos era o que lhe confortava em dias como aqueles: dias de tempestade e trovoada, e Jimin gostava da possibilidade de haver um arco-íris. 
     
    “ Jimin, sabe que sinto tudo o que você está passando, não é?"  demonstrando cautela, pois Luna ainda se mostrava amedrontada com tudo o que passou devido ao método brutal que escolheu para ferir o garoto, ela murmurou em seu subconsciente, o fazendo emergir e abrir os olhos.

     “ Sim, eu sei! No entanto, não há nada de novo que você não saiba, Luna. Apenas… é exaustivo pensar que o mundo inteiro deseja minha cabeça em uma bandeja de ouro. Às vezes penso que mamãe deveria ter me entregado nas mãos do imperador pela morte do meu pai, quem sabe assim, tudo poderia ser diferente em outra chance com Jungkook.”  Em um desabafo melancólico, Jimin se mostrou desatento a tudo a sua volta, apenas mantinha sua atenção na espuma branca que cobria seu corpo.

      Diferente do que muitos o julgavam, Jimin tinha mais desejo de fazer o bem, gostaria de ser visto como uma pessoa com certa anomalia, mas que poderia ser “usado” em benefício da  bondade. Mas ele sabia que, mesmo sua morte percorrendo todas aquelas terras governadas por diferentes pessoas, ele jamais seria visto como alguém afetuoso e digno de confiança; e isso estava o adoecendo lentamente. Então, mesmo que Luna tentasse fazê-lo enxergar a sua imagem como a de uma pessoa injustiçada, em diversos momentos ela falhava e o sentia se aprisionar cada vez mais em um abismo escuro e frio, repleto de ameaças e monstros. Jimin poderia gritar o quanto quisesse, no entanto jamais seria ouvido, pois as mordaças que estavam em sua boca eram colocadas por suas próprias mãos, apenas sustentadas pelos boatos criados. Ele era o seu próprio inimigo.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora