Capítulo 16

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      Dizem que quando estamos prestes a morrer, todos aqueles bons momentos de nossas vidas passam diante nossos olhos, como se dissesse os pontos em que erramos e acertamos, mostrando nossos marcos mais tolos e insignificantes, mas que naquele dado momento pareceu algo a se orgulhar. Todo ser humano sentiu esse medo, em algum momento em que se assustou e pensou que seu tempo de história havia tido um fim, assistiu seus feitos passarem por si feito um vagão de trem a trezentos quilômetros por hora, e por mais que desejasse apertar um botão de pause, sabia que seria um ato soberbo e de nenhum valor. O ser humano é assim: ele grita e se vangloria, alimenta seu ego sem olhar a quem, mas quando se assusta, o medo domina o ambiente e aquela valentia não passa de um fato imprescindível que se evapora feita a brisa passageira. 

    Jungkook estava deitado naquela cama, inerte a tudo a sua volta, sentindo seu peito clamar para que seus pulmões deixassem de funcionar, assim não sentiria mais dor alguma. Seus olhos se mantinham sempre fechados, a respiração ruidosa feita uma pessoa asmática em crise, o corpo desfalecido em desistência de se manter com vida. Jeon Jungkook poderia muito bem estar em uma negociação com o seu lobo para que ele cedesse aos últimos traços do vínculo que lhe ligava ao ômega, para que ele entendesse que, assim como ficara marcado em todos os anos e chances que tiveram para terem um vida longa ao lado daquele que não correspondia aos seus sentimento, jamais seriam predestinados que poderiam ficar juntos até o último suspirar de cada: eram predestinados, almas gêmeas um do outro, mas não significava que deveriam viver como tal. Mas não o faria, Jeon respeitava cada segundo de decisão de seu animal interior, lhe dava voz sempre que necessário,eram parceiros em tudo.

     Ninguém sabia dos acontecimentos, o reino estava desinformado sobre o estado de saúde de seu superior, o que acometia de que nenhuma outra terra vizinha tivesse informações. E Jungkook, por mais que fosse contra tudo o que planejou para aquele momento, desejou que Jimin estivesse sabendo e que pudesse comparecer ali, ao menos para lhe permitir sentir o cheirinho que tanto lhe acalmava e o fazia suspirar em deleite.

    Jimin não dormiu durante a noite, por mais que não desse direito a fala para Luna, a sentia entristecida e choramingando, o que lhe proporcionava o sentimento de agonia intensa e dolorosa. E durante as horas que se passaram até o amanhecer, Park tentou entender, desejou poder ter uma ligação mais forte como Jeon Jungkook, assim saberia se o rei estava bem e seguro com tudo o que estava acontecendo. Então, sentando naquela enorme mesa de jantar enquanto fazia seu desjejum,finalmente compreendeu o que causou em si, aceitou que seus atos lhe trariam consequências arrebatadoras e que o faria sentir-se à míngua. Sua mente estava um turbilhão de pensamento, tudo parecia cada vez mais confuso e irracional, era como se a cada vez que se aproximasse de uma solução, surgisse novos pontos que fariam de suas respostas as mais tolas e absurdas. 

     “ O que está acontecendo, Luna?”  Depois de horas ignorando a existência de sua parte lupina, Jimin sentiu-se na obrigação de entender as aflições que estavam sentindo em conjunto.

      No entanto, diferente do que esperava, o animal se manteve em silêncio, recluso em sua jaula onde estava preso: havia mágoa em seus sentimentos, dor por perceber que seus atos fizeram com que tudo se mostrasse perdido, como se o caminho que lhe ligava com seu parceiro - Black - e seu amigo - Jimin - fosse somente borrões entre escuridão e pequenos traços de luz. Luna estava em um castigo que Park lhe arremessou, um ambiente no qual ela sentia e revivia todos os sentimentos negativos daquele garoto que tanto machucou. Assim como todos os envolvidos, ela estava adoecendo,estava cedendo ao extinto que crescia dentro daquele corpo pequeno e humano.

     Antes que pudesse voltar a insistir em uma nova pergunta, o Rei suspirou profundamente e endireitou a postura no momento em que sentiu o aroma de sua mãe e a viu se fazer presente naquela sala. Jimin não controlou, seus olhos se mantiveram na bela tonalidade que mostravam para todos o quão estava preparado para se defender e proteger de qualquer agressão. Suas mãos seguravam a porcelana com tamanho cuidado, os curtos e gordinhos indicadores davam pequenos toques contra a estrutura arredondada, como se dissesse onde se encontrava na posição monárquica e como exigia ser tratado. Observou Min-ji sentar-se à sua frente e lhe encarar sem demonstrar suas emoções, sentiu como se ela desejasse ser sincera consigo em algum assunto que exigisse cautela, portanto, quando a viu suspirar profundamente e cerrar os olhos em incertezas, Park umedeceu seus lábios e voltou a sentir uma sensação de agonia: estava começando a ter indícios de dor, mas omitiu e jamais deixaria que soubessem.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora