Capítulo 12

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     Quando o dia ganhou claridade em Eros e Park Jimin despertou em seu quarto,o rapaz sentiu-se abandonado por alguém que estava ganhando um possível espaço em sua vida conturbada e desastrosa. A realidade era simples e com uma explicação na qual estava disposto a dar ao rei, somente para justificar a sua mudança em permiti-lo se aproximar de si: não havia sido uma de muitas lembranças de suas vidas passadas, mas sim, um sonho bom no qual parecia retratar seu possível futuro ao lado daquele que estava marcado para ser seu parceiro. E Jimin desejou confiar naquela única “ versão” que havia lhe aquecido o coração e o incentivado a ignorar o medo e relutância, afinal, tudo indicava que poderia confiar em Jeon, que poderia ter a certeza de que ele não lhe abandonaria.
    Mas quando se aprontou devidamente, desceu aquelas escadas com um belo sorriso no rosto e seguiu para sala de jantar, onde encontraria sua mãe e os visitantes do reino tomando o café da manhã, seu corpo travou no lugar. A rainha se encontrava só, sentada na cadeira principal enquanto tinha em mãos uma xícara de chá e sustentava um olhar distante, como se estivesse em pensamentos melancólicos e que nada lhe fazia bem. Não precisou fazer nenhum tipo de pergunta, pois quando respirou profundamente, apurando seu olfato em busca do aroma de Jungkook, Jimin soube que o rei havia partido, deixado suas terras ainda pela madrugada.
     Então, voltando a assumir sua postura severa e defensiva, Park Jimin deu as costas e seguiu para o único que seria conhecido por seu refúgio e local de tranquilidade. Não que fosse uma pessoa instável em relação a suas decisões, mas naquela manhã ele gostaria de ouvir as propostas de Jungkook, tinha o interesse de descobrir se por trás de todas aquelas visões, realmente valeria a pena insistir em algo que esteve condenado ao fracasso e que sofria por intensas intromissões de pessoas que o chegaram em distintas épocas.
     Trancando a porta atrás de si, Jimin encarou cada canto daquele escritório, admirou a decoração única e que sempre lhe lembrava seu amado pai, tentou encontrar algo naquele ambiente que o pudesse o acalmar e levar tais pensamentos exaustivos para longe de sua mente conturbada. Calmamente, como se estivesse prestes a fazer algo que ninguém deveria saber, o - agora - rei se aproximou da estante de livros repletos de escritas que carregavam histórias e leis daquelas terras que se encontravam em seu total poder,suspirou profundamente e levou sua mão até um único livro que seu pai costumava a ler para si.
     O relacionamento de pai e filho era algo a ser admirado por todos, uma relação pura e repleta de carinho e amor. A vida de Jimin estava marcada por progenitores que lhe protegiam com unhas e dentes, mas também, houveram aqueles que forma vilões, que carregaram a culpa por causarem uma das maiores dores já sentidas em um ser humano: e prova disso, eram as lembranças passadas, quando sentiu o medo de perder seu filho com aquele que amava a cada amanhecer. Mas ali, naquela vida, Park agradecia pelo pai que tivera, pois o  antigo rei faria de tudo para sua felicidade.
    Em busca de distrair sua mente antes de finalmente começar o seu dia, tendo de sair das proteções daqueles muros, Jimin sentou-se naquela poltrona e se deixou perder em pensamentos enquanto lia aquele livro que tanto lhe arrancava sorrisos e gargalhadas, afinal, seu pai gostava de interpretar os personagens para si. Eram memórias que jamais deixaria se perder no tempo.
    Em Orion, Jungkook se perdia entre milhares de cartas e documentos sob exigências de seu povo,sentia-se pressionado e exausto. O dia parecia se estender a cada vez que olhava pelas janelas de seu escritório e se permitia pensar em Park Jimin, aquele que lhe causava um turbilhão de sentimentos, mesmo que a única ligação entre eles se mantivessem apenas pelos lobos. Jungkook conseguia sentir a insatisfação e o desespero de Jimin, no entanto, sabia que não poderia fazer nada para lhe ajudar, ao menos não depois de ser obrigado a se afastar pelas palavras e forma de agir do menor. 
    Mais uma vez estando em submerso em seus pensamentos, Jungkook ao menos percebeu quando seu fiel conselheiro adentrou aquele cômodo e chamou por si. Kim Namjoon encarava o rei como se tentasse interpretar o que se passava pelos pensamentos dele, desejando poder ser útil e lhe ajudar a voltar a ser aquele mesmo homem que governava com sabedoria, centrado em tudo o que fazia. O Kim estava ciente da história por trás da ligação de seu superior com o omega mal interpretado por todos, entendia que tudo aquilo teria dois finais alternativos, mas por algum motivo e com toda a sua racionalidade, o homem não gostaria que seu amigo continuasse sofrendo, pois tinha certeza de que aquilo tudo não passava de antecedência: em seus pensamentos, em algum momento - por mais doloroso que seja - o omega estaria ali e se permitindo viver. Acreditava em vidas passadas e no poder por trás de ambas, afinal, ele e seu esposo eram predestinados  que se encontravam vida após vida.
    Deixando a bandeja com o chá de seu rei sobre a mesa, Namjoon se aproximou do amigo e se posicionou ao seu lado, também encarando o horizonte belo e capaz de acalmar a alma mais perturbada de todos os tempos. Era um ritual que sempre fazia com Kim Seokjin; gostava de abraçar seu omega com todo o seu carinho,o beijar docemente e sussurrar suas juras e promessas de amor, então, quando sentia seu coração acelerar como a primeira vez em que o vira, encarava o que de mais belo a natureza tinha para lhes oferecer e sorriam sabendo que a cada novo dia, poderiam alimentar aquele amor que viviam dentro de si e o cultivar para uma nova fase que sempre surgia como novidade.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora