Capítulo 06

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     Eros era um reino lindo de se admirar,cercado por uma floresta verde e longa, por entre as árvores era possível encontrar cachoeiras e lagos cristalinos que Park Jimin conhecia melhor que muitos os que viveram anos e por aquelas bandas. E muitas das vezes essas eram a distração do príncipe recluso. Jimin sabia que para suportar a solidão que havia optado e para garantir sua segurança e a de todas as outras pessoas, seria mais do que necessário algo que pudesse lhe tranquilizar, que pudesse lhe causar a sensação de aconchego. No entanto, naquela madrugada, estando afastado de toda a população, nem mesmo os ruídos naturais e a brisa fria conseguia lhe acalmar.
   Sua mente cheia de pensamentos intensos e sufocantes faziam com que cada centímetro de seu corpo vibrasse em respostas a tudo o que não sabia filtrar e solucionar, tinha consciência de que tudo aquilo era parte da ameaça de Luna sendo concretizada, demonstrando o quão domínio tinha sobre a situação. Os olhos se fecharam preguiçosamente, deixou seu peso pender para trás e as costas cobertas por uma camisa branca se tornarem úmidas devido o sereno da folhagem, por mais que não se sentisse bem, queria ter a ilusão de que tudo a sua volta poderia ser belo e acolhedor.
    Jimin tinha muito da personalidade de seu pai, carregava consigo a sabedoria e bondade que escondia em seu coração, poderia ser o melhor sucessor que aquelas terras poderiam ter, ser um grande nome entre todos os outros que governaram aquelas fronteiras prósperas. Mas, com o peso de ser acusado de assassinato,com os julgamentos que recebia por ter nascido um anormal, tudo o que era bom em si deveria ser encoberto, não era algo que aquelas pessoas eram dignas de presenciar. A amargura lhe consumiu,lhe dominou em uma proporção tão brutal e intensa que nem mesmo ele se reconhecia. Ele sabia que se persistisse naquela sua forma de se proteger acabaria por se transformar em uma alguém desprezível para sua sanidade e personalidade dócil - exclusa em algum lugar dentro de seu subconsciente.
     Por mais que estivesse disposto a tudo para enfrentar Luna, para fazê-la compreender a sua insegurança em confiar em alguém, uma parte de si implorava para que cedesse e desse a oportunidade que tanto pediam, havia um parte em si que implorava para que fosse atrás de Jeon Jungkook e lhe desse a chance de se aproximar, de lhe mostrar que entre um milhão de pessoas que demonstrasse seu ódio gratuito, ele seria aquela exceção que lhe amaria com cada celular de seu corpo. Todavia, não era algo fácil a se fazer quando se carrega os fantasmas do passado sob os ombros, quando se depara com uma multidão pronta para lhe matar. Jimin tinha medo de seu passado, de suas lembranças de uma vida passada, de se abrir para um desconhecido, tinha medo em confiar e ser apunhalado pelas costas, pois ele sabia: Jungkook seria o único capaz de lhe destruir, se assim o fizesse. Eram tantos “e se”,  grande a probabilidade de tudo terminar como a séculos atrás: mesmo se negando as lembranças que buscavam por espaço em sua mente, ele sabia que algo lhes separou de forma impiedosa.
         À medida que o dia clareava, Jimin suspirava pesaroso ao perceber que estava próximo o momento que havia feito com que todos os súditos daquele reino se assustassem, até mesmo sua mãe não escondeu a surpresa e o nervosismo. Quando exigiu para que o conselho organizasse sua coroação como rei, enxergou nos olhos da raiva a possibilidade de uma intervenção,pôde encontrar o medo estampado em sua face jovial apesar da idade. O príncipe soube que se não fosse pela lei que seu pai havia implementado antes de falecer, seria arremessado em algum quarto daquele castelo e tratado como um prisioneiro, tinha a compreensão de que sua mãe estaria atendendo as vontades de seus aliados e daquelas pessoas que tanto lhe questionavam por um posicionamento envolvendo todos os acontecimentos desde a morte do Rei. Park se impôs, reivindicou seu lugar e assumiu um papel que causou tremor em todos os presentes na sala do trono: nada e ninguém o faria desistir, aquilo era um resumo de como as coisas mudariam; tinha para si de que, se eles não o respeitassem por bem e vontade própria, seria respeitado por ser temido.
     Quando os primeiros raios solares tocaram sua pele, estava subindo os degraus da escada que lhe levaria para a entrada do salão real, onde sua mãe se encontrava em companhia de todos os conselheiros e do imperador, esse que presenciaria a coroação mais aguardada por si, afinal, se tinha uma coisa que não sentia por Jimin, era medo. Park não direcionou o olhar para sua mãe,tão pouco acenou para suas companhias, com exceção de Jung Hoseok. Gostava da forma como o homem de sorriso intenso e iluminado lhe olhava, de como ele parecia se esforçar para lhe entender: não o queria como um amigo ou alguém próximo de si, mas não negava o quanto o admirava e sentia-se bem sob sua presença limitada.

Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora