Após aquela conversa tensa com o rei de Orion, Jimin permaneceu naquele escritório, ignorou qualquer chamado vindo de sua mãe ou de outro alguém, tudo o que precisava era de silêncio e solidão como sempre estava acostumado a ter. Seus pensamentos o deixavam frustrado, cansado o bastante para sequer cogitar a ideia de se mover dentro daquele castelo: não conseguia entender como aquelas lembranças de vidas passadas estavam se fazendo presente em sua mente, afinal, por mais que fosse de seu interesse, Luna jamais poderia reproduzi-las. Contudo, diferente do que deveria agir e se sentir, Jimin não se encontrava irritado com aquele acontecimento, apenas não gostava da ideia de ter mais motivos para sentir-se dependente de Jungkook: estava nítido que a medida que o tempo passasse, poderia haver um crescimento no vínculo entre eles, o algo que o príncipe deseja aniquilar como se não houvesse existido em algum momento de sua vida.
Ao cair da tarde e com o corpo reclamando por um momento longe de tudo aquilo que lhe acorrentava, Park suspirou profundamente como se aquele ato pudesse remover cada peso que pairava sob seus ombros e costas, como se tudo o que tanto lhe incomodava estivesse esvaindo juntamente o aliviar de seus pulmões. Aquele garoto realmente vivia em um mar de espinhos e perigo. Então, tendo a certeza de que ninguém o seguiria ou lhe veria deixar aquele lugar,aquele cujo nome era temido aos quatro cantos daquele reino, sai pela área dos criados e se infiltrou na floresta que tanto escondia seus segredos.
Caminhando por aquela área tão conhecida por si,Jimin sentiu seus coração acelerar de forma assustadora, seu corpo tensionar e a visão se tornar turva: pequenos fragmentos de imagens de suas vidas passadas se formavam em sua mente e lhe revelavam ter passado bons momentos naquele único lugar capaz de lhe acalmar. Apesar dos pesares e de todas as suas decisões para a sua sobrevivência - por mais que tudo aquilo não fosse bem vindo em sua vida - Jimin sentia um leve acalento, um conforto na alma.
O ambiente era frio, silencioso e acolhedor, transmitia a sensação de segurança que nenhum outro lugar era capaz de lhe proporcionar. Como em muitas das vezes que esteve ali, Jimin sentou-se entre as folhagens, removeu os sapatos de seus pés e os mergulhou naquela água - que seria extremamente fria para uma pessoa comum, mas não para ele. Seus olhos se fecharam, deixando que somente sua audição fosse aguçada, os lábios fartos se abriram em um sorriso pequeno e simples, mais belo o suficiente para demonstrar o quão importante eram aqueles momentos e o quão ambos lhe faziam bem.
Os minutos se passaram, até que se tornaram em horas, Jimin estava tão submerso a calmaria que lhe acolhia que ao menos pôde perceber o tempo se esvair feita a brisa fria. Quando finalmente abriu seus olhos novamente, sentiu a necessidade de mergulhar por completo, de molhar-se por inteiro naquela cachoeira que contava suas histórias e martírios. A pele pálida feito neve foi exposta lentamente à medida que as roupas eram deixadas sobre onde outrora se encontrava sentado, um pequeno arrepio lhe atingiu; Jimin não percebeu, mas aquele era um aviso para que não entrasse naquela água.
Ao ter o contato do líquido contra seu corpo,voltou a fechar seus olhos. Sabia nadar, conhecia aquela cachoeira melhor do que qualquer ser humano que ousou se fazer presente ali,mas quando nadou para longe das margens e sentiu seu pé entrelaçar em uma espécie de planta, sentiu-se perder o controle da situação. Em questão de tempo, se encontrava coberto pelo o que tanto lhe proporcionou aconchego e calmaria.[...]
Jeon Jungkook era o filho mais novo de Jeon Hansol, um homem cujo nome era proibido de ser mencionado por qualquer pessoa, o garoto seguia as regras de seu pai e aceitava o controle que o mesmo tinha sobre si. Jovem, com uma beleza estonteante, gostava de se aventurar nas terras além das fronteiras do reino de Molgodrom, sentia-se um guerreiro desafiando o inimigo e o perigo que poderia encontrar diante sua jornada. Talvez fosse a única forma de se sentir dono de si e de suas escolhas.
Por trás das divisas com o reino, os moradores tinham suas próprias leis e regras, não se submetiam a nenhuma regência monárquica ou imperial, eram independentes. Mas em como toda boa história, haveria sempre um alguém que ousaria a ir contra tudo o que parecia perfeito: Park Jimin foi o rebelde que ousou a ir contra seus pais e povo. Naquela época, era comum de os progenitores escolherem os maridos e esposas para seus filhos; sempre acontecia em jantares e reuniões onde o anfitrião da casa chegava com um amigo e dizia que ele entraria para a família ao firmar uma aliança matrimonial naquele recinto, e como uma consequência de uma vida opressora, os filhos deveriam se manter em silêncio e aceitar que estavam destinados a uma vida a pessoas que sequer conheciam. E com Jimin não havia sido diferente: ao completar os seus dezoito anos de idade, seu pai e irmão lhe apresentaram uma alfa, uma moça cujo carisma era visível e foi impossível não estabelecerem um vínculo amistosos. Mas era certo, jamais aceitaria se casar com alguém cujo não sentia nada além de carinho.
Foram meses de conflitos e humilhações, dias de lágrimas e dores pelas palavras e agressões que seu pai direcionava a si; Park Jimin estava tão farto de toda aquela situação, desejoso de que tudo tivesse um fim, o desespero era tanto que aceitou até mesmo a morte se assim fosse solução. Mas como todo bom romance, o destino lhe colocou no caminho de Jeon Jungkook. Em uma das muitas brigas que tivera em sua casa, Jimin gritou odiar seu pai no momento em que ele deixou de lhe agredir com um cinto de couro e tapas nos quais deixaram marcas horríveis em seu corpo pálido e delicado, e naquele dia, o acastanhado deixou aquele ambiente tóxico e entrou na floresta que cercava aquelas terras. As lágrimas sempre presentes marcavam a sua face avermelhada, tanto pelo choro quanto pelas bofetadas que recebera a cada vez que se negava a casar-se com a alfa Lee Soyoon, as mãos grosseiras daquele homem estavam completamente desenhadas nas bochechas do omega, como também estavam visíveis no pescoço delicado. Jimin nunca imaginou cogitar sentir tamanho sentimento, passou a odiar e desprezar aquele homem que gritava ser seu pai.
Jimin não conhecia a cachoeira que tanto tinha a sensação de conhecer, mas no momentos em que sentou-se por entre as folhagens e mergulhou os pés descalços naquela água aquecida pelos poucos raios solares, sentiu-se dentro de um abraço caloroso e fraternal, um no qual nunca tivera a oportunidade de receber. Por ali, permaneceu minutos e horas, assistiu o dia ir embora e a tarde se aproximar, mas não se importou, pois seu intuito não era retornar para aquela casa onde todos lhe feriam e desprezavam.
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Ice prince: Principe do gelo[ Fanfic Jikook]
FanfictionPark Jimin seria amado e protegido por seu parceiro,teriam uma bela e impactante história juntos,assim como aquela ainda circulava por todos lugares; Jeon Jungkook seria alguém melhor do que fora anteriormente,seria mais corajoso e protetor,impediri...