𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 70 ● 𝔓𝔢𝔯𝔬𝔩𝔞 𝔖𝔠𝔞𝔯𝔱𝔢𝔯

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⚠️O capítulo contém 3.060 palavras⚠️

Corro desesperadamente pelas ruas e avenidas, com a impressão de estar sendo observada por tudo e todos

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Corro desesperadamente pelas ruas e avenidas, com a impressão de estar sendo observada por tudo e todos. Não seria impossível de acontecer, depois de todo o evento que causei, toda a bagunça que deixei naquele luxuoso edifício da Paulista Avenue, a polícia está atrás de mim e toda a frota de patéticos de Florence Scarter e Mal’Allak.

Ao ter uma calmaria ao redor, cliquei no ponto de comunicação que estava em minha orelha. Assim que Florence atendeu a chamada, disse o que precisava e após terminar a conversa que a ameaçava, peguei o ponto, joguei numa poça de lama e pisei, quebrando-o em pedacinhos. Se continuasse com ele, Florence usaria recursos para me encontrar, facilmente.

Depois de entrar em uma viela e me certificar de que, ninguém estava seguindo-me, dei um jeito de diminuir ainda mais, o tamanho do vestido branco que a essa altura, estava todo sujo de sangue, sujeira por ter rolado pelo chão e marcas de fogo. Algumas partes estavam pretas e chamuscadas. Queimei mais um pouco do tecido e deixei batendo na minha coxa, assim seria melhor para andar. Joguei seu resto em qualquer lixeira por ali mesmo, a minha aparência estava de noiva do terror, uma imagem um tanto fantasmagórica, não queria ser comparada a uma noiva fantasma.  Em seguida, corri para uma direção oposta.

Observo quem está por ali, tem alguns guardas tomando conta do local. Acredito que ninguém imagine que alguém vá querer invadir um lugar mórbido desses, no período noturno. Ou, sim. Acabo por raciocinar que, vestida desse jeito, descabelada e vestido todo sujo, vão pensar que sou uma assombração.

Deixo de pensar coisas aleatorias e volto a atenção ao que me importa, paro em frente a uma pedra esculpida em mármore, observo o rosto da mulher e, nem assim, a minha ficha cai.

— Simone… — Digo, num sussurro. — Me perdoe. Você está aqui, embaixo de toda essa terra. — Cada vez que eu pensava na situação, sentia meu coração sangrar.

 Eu sentia uma dor que jamais imaginei que pudesse sentir na vida. Perder a guarda de Bella Ivy foi uma das maiores dores, porém, eu tinha ainda mais espaço para a raiva e certeza de que, converteria a situação ao meu favor e da minha filha.

Ver o rosto e sorriso da minha filha era o meu combustível, ela estava ali, nos meus braços. Eu não consigo imaginar se perdesse a minha filha para a morte. Isso eu não suportaria e, não posso comparar a dor de perder um filho para a morte mas posso dizer que perder quem amamos para a morte, é uma dor incontestável, seja quem for. Simone é uma delas, Simone é uma pessoa a qual amo. — Sinto sua falta, aqui. Não sei o que fazer. A Bella te ama tanto. Como irei explicar a sua ida para ela? Se eu pudesse voltar atrás…  A culpa é minha. — As lágrimas quentes rolavam de meus olhos enquanto deslizava a minha mão pela foto. Alisando com carinho, olhando aquele sorriso esplêndido que, apenas ficará em minhas lembranças. — Tudo por que, sou um maldito projeto humano que só atrai desgraças. — Um grito estridente estava prestes a escapar da minha garganta. Eu queria cavar e cavar e cavar, tirar aqueles escombros de cima de Simone. As lágrimas embaçavam a minha visão. — Simone, Simone. Eu vou te tirar daí. — As flores que estavam em cima do túmulo eram lançadas para longe uma a uma. Coroa de flores, faixas com mensagens de condolências, eu não ligava para nada. Só queria tirar Simone daquele abismo solitário. — Não irei deixá-la aqui, sozinha. — Toda a cena do acidente no dia do comício me vem a memória, o mesmo ar, a mesma visão de tudo, o barulho da bomba explodindo. Os escombros por cima da professora. Eu tinha que tirá-la de lá. Não posso permitir que morra. — Simone, levanta, meu amor. — A terra era movida pelas minhas mãos, eu cavaria até encontrar a maldita caixa onde Simone está confinada. Eu queria tanto ver seu rosto outro vez. Tocá-la, abraçá-la, senti-la respirar. Sentir que a vida está nela.

𝕺 𝕱ragmento 𝕻erdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora