𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 1 ● 𝔓𝔢𝔯𝔬𝔩𝔞 𝔖𝔠𝔞𝔯𝔱𝔢𝔯

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⚠️O capítulo contém 2.948 palavras⚠

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Quando acordo, a sensação é de que tudo está pegando fogo, o que faz parecer que a temperatura do quarto está altíssima, sinto o meu lado da cama molhado pelo suor do meu corpo. É mais uma febre pós pesadelos. Acontece constantemente desde que me lembro; desde sempre.

Ainda está cedo, mas preciso obedecer às regras e levantar. Primeiro, vou a cozinha tomar água. Puxo a gaveta do armário e retiro alguns frascos de remédios. Os que a minha terapeuta receitou para momentos como estes, insistentemente de que eu deveria tomá-los.

Encaro o pequeno pote em minhas mãos por um tempo, o material é de vidro e depois de segundos o segurando firme, constato o quanto o recipiente está aquecido pelo meu contato. Resolvo o soltar devolvendo para o lugar de antes. Não quero ingerir esses remédios. Não me sinto doente, me sinto quente, porém, não doente. Eu não preciso deles.

Abro a geladeira e retiro a garrafa mais gelada que encontro, despejo em um copo e entorno o líquido que desce refrescante em minha garganta trazendo uma leve sensação de alívio. Os sonhos sobre uma Pérola, de mãos flamejantes, são insistentes, desde uma época sombria. Três anos atrás.

Os pesadelos, desde então, existem.
Abro novamente a gaveta - contra minha vontade -, decido por fim, empurrar as pastilhas medicamentosas, garganta a baixo.

Não preciso, mas me sinto na obrigação de tomá-las. Não posso mentir para mim mesma que tomei, nem para a pessoa que mais se importa com isso, a minha querida irmã. Ela é implacável.

Espanto todos os sonhos e lembranças que sempre me pegam numa melancolia infinita.
Entro no banho, talvez assim, poderia dar uma relaxada. Após terminar de me vestir e arrumar tudo o que precisava, sigo para o lugar mais calmo e bonito do apartamento, entro ao quarto e por alguns segundos, paraliso, a observando.

Esse é o horário em que acorda por si só, aguardo apenas alguns minutos e como esperado, uma cabeleira loira enfeitada por anéis dourados, vai se virando aos poucos.

Seu corpinho minúsculo espreguiça-se lentamente enquanto abre a boca num bocejo costumeiro, o que sempre faz a sua chupeta predileta, cair sobre o travesseiro, revelando lábios miúdos e rosados, oferecer-me um sorriso.

Ainda mal abriu seus olhinhos e a pequena criança já percebeu minha presença.

— Bom dia, mamãe... — A voz de bebê invade meus ouvidos e uma alegria imensa junto.

— Bom dia, amor da vida da mamãe. — Devolvo o sorriso que minha filha, me presenteia todas as manhãs.

Ela abre seus bracinhos para que a pegue, não me nego, preciso desse abraço apertado, ela me envolve por completo. Beijo sua cabeça e aspiro o cheiro de bebê que exala. Amo o cheiro da minha filha, amo cheirar seus cachos. É assim que começa o meu dia.

𝕺 𝕱ragmento 𝕻erdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora