𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 11 ● 𝔓𝔢𝔯𝔬𝔩𝔞 𝔖𝔠𝔞𝔯𝔱𝔢𝔯

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⚠️O capítulo contém 1.160 palavras⚠️









Chego a Universidade e me direciono ao ponto de encontro dos amigos, a lanchonete. Lá estão alguns deles entre risos descontraídos como sempre é possível os ver. Turminha para cima.

— O quê estão fazendo?

— Nolan decidiu fazer uma aposta para ver quem come mais batatinhas em menos tempo. — Esmey conta o plano por entre risadas.

— Surya vence. Ela sempre vence.

— Essa é sua aposta? — Nolan aponta seu dedo para mim, com empolgação.

— Sim. Aposto na Surya.

— Alguém tem credibilidade nessa bagaça! — Surya aproxima-se, erguendo sua mão para um cumprimento, elevo a minha até a sua sendo possível  um estalo ser ouvido por todos, quando nossas mãos, colidem.

— Alguém mais? Façam suas apostas. Depositem suas apostas na urna, meus queridos. — Nolan passa o boné do namorado esticando para todos, esperando os amigos colocarem dinheiro.

— Você leva tudo a sério, garoto. — Resmungo lhe entregando um valor simbólico.

— Anda, coloca a grana aí. Eu sei que você tem. — Nolan aperta os olhos enquanto fala com Esmey, que gargalha negando a acusação do amigo. — Não seja mentirosa, Senhorita Benevides, mostra a grana.

— Você é um salafrário, Nolan.  — Relutante, a linda morena de olhos verdes lhe entrega duzentos reais. Ele se volta para mim e eu fico olhando para ele com cara de paisagem.

— Qual é? Eu já dei. — Dou de ombros.

— Àquela merreca de cinquenta reais? Você pode fazer melhor. Aliás, você já foi melhor.

— Tem razão, Esmey. Ele é um salafrário. — Deposito mais cento e cinquenta reais em seu cofre improvisado, o que o fez sorrir alegre.

— Não chore migalhas... — Ele diz.

— Eu tenho uma filha que usa fraldas e come leite em pó. Acha que isso sai barato? Isso sai caro, garoto rico!

— Coitada da Bella! Estou tirando seu leite e sua fralda. — Nolan zomba. — Ela vai entender que é para a caridade.

— Quando o leite dela acabar? Ah, óbvio que vai.  Você conhece mesmo de crianças. — Gargalho.

— Não se preocupe, a minha sobrinha está muito bem. A fralda  e o leite, estarão sempre garantidos. Inclusive a geleia de morango. — Rimos.

— Àquela pequena comedora de geleia de morango. Fofa da tia. — Esmey faz uma voz de bebê ao falar com carinho da minha filha.

— Todos já contribuíram? — Nolan ergue a voz.

— Aqui! — Uma voz é ouvida ao longe mas se aproxima.

— Olha, senhoras e senhores, teremos hoje uma nova apostadora. Bem vinda, Professora.

— Quanto lhe devo? — Pergunta Simone, colocando a mão em sua carteira.

— Nada que duzentinhos, não pague! — Nolan pisca para a mulher que sorri e em seguida deposita bem mais do que o pedido no boné que agora está saltando cédulas de dinheiro para todos os lados. A turma toda participou.

— Se a aposta for para beijar o prêmio... Eu pago dez vezes mais do que o pedido. Isso, se o prêmio for de meu interesse. — Uma loira de cabelo curto, passeia por entre nós, fazendo sua voz ser ouvida por todos enquanto direciona o olhar para a professora Simone. Que loira descarada.

— A aposta é sobre quem de nós quatro, Surya, Tom, Renato e eu, comemos a porção de batatas em menos tempo.

— O vencedor leva a grana?

— Não. O vencedor ganha apenas um eno para não morrer com uma indigestão e azia. — Nolan sorri.

— E qual o intuito de arrecadar o dinheiro?

—  Pérola, decide. Ela sempre sabe o que fazer. — O garoto de cabelos amarelos pisca para mim. E já sei do que se trata. A loira me encara de cima a baixo com cara de quem acabou de provar um polanguinho azedo por ter passado da validade.

— Então, o beijo seria mais vantajoso. — A garota continua com suas insinuações olhando para a professora que está observando-a sem nada a dizer. Não é mais novidades de que Catleya tem atração por Simone.

— Ok. Para quem ganhar, podem decidir o que fazer. Se quiserem beijo, beijem, se quiserem algo a mais, usem proteção e divirtam-se! A comemoração fica por conta de cada um.  — Nolan libera geral. — Apostas encerradas!

Nos divertiamos enquanto os quatro faziam a maior farra tentando mastigar a comida o mais rápido possível. Era uma porção de batatas fritas generosa e o tamanho por igual para todos.

Renato comia empurrando com o refrigerante para ajudar a descer, Nolan, as vezes, fazia o mesmo, assim como Tom. Surya apenas comia a batata. O tempo passava e a gente ria. Que vença o melhor, é só uma diversão da qual inventaram há anos atrás e ainda curtem.

Simone estava no mesmo lugar, avisto quando Catleya se aproxima e puxa assunto com ela. A professora sorri descontraída com sua aluna que parece ter um bom papo. Os olhares da aluna não são disfarçados, mostra o quanto está afim de sua professora.

Eu virava o rosto para o outro lado querendo apenas disfarçar algo. Talvez seja um pouco de ciúmes, ou não. Não tenho sentimentos pela minha professora para sentir ciúmes a esse ponto. Tenho?

Só sei que algo estava me corroendo por dentro. Eu não posso fazer nada e isso me deixava ainda mais furiosa.

— Quando sair daqui, se não for nenhum incômodo, vamos a sala de vídeo buscar uns materiais? — Sinto o cheiro de seu perfume e uma brisa suave toma conta dos meus sentidos. Eu estava em fúria agora pouco, mas e só sentir seu aroma e ouvir sua voz pertinho de mim, que fico desse jeito.

— Ok. — A saliva evaporou da minha língua que está seca, eu chacoalho a cabeça tentando disfarçar a timidez. Simone sorri e volta a atenção para os meninos que anunciam o vencedor.

— Surya é imbatível! — Esmey grita aplaudindo a amiga.

— Eu disse que ela venceria. — Concluo orgulhosa.

— Ela sempre vence. — Confirma Nickayla.

— Uma pena que a garota ganhou. Apostei no afeminado, por pouco não apostei no Ornitorrinco. Que diferença faria? Dois perdedores.  — Catleya faz cara de poucos amigos e de nojo ao referir-se aos meus amigos. Cujo, afeminado é Nolan, ornitorrinco é Renato.

— Sua irmã, tem uma grande criatividade para bulliyngs. — Digo com cara fechada para Nickayla mas mantinha o olhar na loira.

— Eu quem o diga. Sofro desde que éramos pequenas. Não vai querer saber do que ela me chama. — Já era de se esperar que fosse uma péssima irmã, também, afinal, parece que Catleya não tem empatia por ninguém, nessa vida.

— Pessoal, agora quero fazer algo, onde todos os anos fazemos. Pérola, é com você. — Nolan me entrega a quantia em dinheiro, um bolo de cédulas se forma na minha mão. Tem mais de mil e duzentos reais.

A turminha andava para fora da Universidade. Após passar o grande portão, uma longa avenida a frente revelava algumas fileiras de carros parados por causa dos faróis.
Andamos um pouco e lá tinha uma senhora que segurava duas crianças. Uma em seu colo e outra era maior do que a Bella.

Entregamos o valor em dinheiro para a mulher que vendia balas em um dos faróis. Quando caiu sua ficha, a mesma chorava emocionada e agradecida. Nos emocionamos, também.

𝕺 𝕱ragmento 𝕻erdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora