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       Mais uma vez olhei para o papel que estava na minha mão. Meu avô entregou um bilhete selado com o brasão do clã Bartholy. Ali continha o nome de quem era o meu laço vermelho. Minha alma gêmea. A melhor possibilidade de um relacionamento duradouro e feliz. E eu não sabia se deveria olhar ou não. Os outros garotos queriam ter vários relacionamentos antes de se envolverem com a garota certa. Por isso não olharam. Eu também queria namorar, quantas vezes eu me apaixonasse. Sem neuras. Mas tinha medo de no processo acabar magoando aquela que estava destinada a estar comigo pelos próximos séculos. E ela acabar me rejeitando. Como Cristina ameaçou fazer, caso seu laço vermelho não fosse do jeito que ela sempre sonhou. E ele não era. A princípio não. Mas para tê-la ele aceitou seus termos. E no fim, concluiu que o jeito dela era o que ele realmente queria. Já que não conseguia sentir atração por garotas que não eram puras e inocentes. O meu caso era parecido. O que a minha garota certa pensaria sobre eu ser o seu par ideal? Me rejeitaria ao descobrir as coisas que se passam na minha mente? Diferente do meu melhor amigo, eu não estava disposto a mudar. Ela aceitaria ceder? Só de pensar em uma garota me obedecendo e mudando para se tornar o que eu sempre quis, senti minha pele se arrepiar e um sorriso maldoso veio automático. Eu sempre gostei de brincar de fantoche. Mas em relacionamentos o termo era outro... Dominante. Irônico não? O mais pervertido do clã se casará virgem. O mais obediente gosta de ser obedecido. Toda a pressão sobre mim, para ser exatamente o que os meus pais queriam, acabaram moldando aquilo que eu gosto em uma garota.

         _ Até que enfim te achei.

         Eu estava sentado sobre uma rocha, olhando o mar. Não tentei me esconder. Só precisava de silêncio e solidão, para pensar melhor.

        Minha irmã subiu na rocha e sentou-se ao meu lado. Ela não hesitou em olhar o bilhete e sua reação não foi boa. Eu teria ficado constrangido se a minha garota reagisse assim.

         _ Me dê sua opinião. Caso o laço vermelho não seja ninguém do nosso grupo. Como pode dar certo, se moramos longe e não temos contato? Eu posso pedir ao vô para trocar, sem ofender o rapaz? Você entenderia?

         _ Distância não é problema. Tia Luísa não era do nosso grupo. Um dos dois precisa se mudar.

         _ Eu não quero sair de Mystery Spell. Se ele não quiser vir, terei que mudar de par.

         _ Alguém sempre precisa ceder. Não é? _ constatei. _ Quem for o dominante vai impor sua condição.

         _ Eu não sou dominante. Estava disposta a fazer o que o Tomás quisesse para ficar com ele.

         _ Nunca mais ofereça o sangue do seu período, Brigite!

         _ Mas vampiros gostam de sangue. E vocês ficam mais sedentos quando estamos naqueles dias. Daria para aplacar a sede do rapaz, sem deixar a garota precisando de mais sangue. E foi o seu amigo que trouxe o assunto ao clã.

        _ Você é inocente de mais para entender o que significa colocar a boca nessa área. Acha mesmo que o rapaz iria apenas tomar o sangue e sair?

         _ E faria mais o quê?

         Dei um sorriso maldoso. Eu sabia exatamente o que eu faria. Porque eu não tinha nojo disso. Pelo contrário! Assim como o meu amigo, Draco, eu tinha vontade de experimentar aquilo.

        _ Jamais tire suas roupas se não tiver intenção de ir até o fim. E não fique perturbando o Tomás. Se ele não é o seu laço vermelho, é perda de tempo.

        _ Eu sei. Acho que era pedir de mais, desejar ser o seu par ideal. Essa garota tem muita sorte.

       _ Draco também.

Is It Love? Kevin - Lado SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora