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        Sempre que nós compartilhávamos sangue, eu sentia vontade de beijá-la. E naquele momento me incomodou que o híbrido pudesse sentir o mesmo. E que ela quisesse usar o que aprendeu comigo, nele. Benício tinha razão. Não fazia sentido aprender a beijar com ela, se no fim, ela usaria isso com os outros.

        "Prometeu me fazer carinho. Então eu sou o único que você deve ter em mente."

         Notei o seu olhar confuso. O híbrido se afastou a encarando e ela logo saiu de perto dele. Dizendo que precisava de sangue. Eu não gostei da maneira como ele olhou para ela, passando a língua nos lábios. Por isso usei o dom nele... "Fique longe da Sofia."

         Me juntei aos meus primos para dançar também. Não era o nosso ritmo preferido, mas é o que combinava com festas. E o volume não agredia nossa audição apurada. Coloquei as mãos nos bolsos da calça, enquanto balançava a cabeça para cima e para baixo e o corpo de um lado para o outro. Rígido como um robô. Fora do ritmo da música. Ninguém ia zombar. Estavam todos desconexos. Mais preocupados em aproveitar a companhia uns dos outros.

        Heitor estava abraçando Ágatha por trás e beijava seu pescoço enquanto dançavam. Ela estava de olhos fechados e sorrindo. Enquanto passava a mão pelo cabelo dele.

        Luigi e Vivian dançavam animadamente. Sorrindo um para o outro. Sem desviar os olhos. Como se não houvesse ninguém além deles.

         Thaís estava dançando com os híbridos, sob a supervisão do irmão. Que tinha uma expressão contrariada. Como se quisesse arrastá-la dali.

          Isabela se aproximou junto com o híbrido que estava com ela no jardim. Os lábios do rapaz tinham um tom avermelhado. O batom dela estava mais apagado. Eu nem precisava perguntar para saber que não foi só compartilhar sangue o que eles fizeram. Mesmo porque, estavam agindo exatamente como os casais do nosso clã.

         Sofia se aproximou com uma taça na mão. Eu evitei olhar para ela. Continuei dançando.

          Quando eu fiquei entediado resolvi ir para o meu quarto. No meio do caminho tomei duas taças de sangue. Queria me deitar, mas antes tomei um banho. Seguindo a rotina da faculdade. Vesti um pijama de moletom, cinza. Eu era mais magro que o meu amigo, Draco. Mas meu corpo não era inexpressivo. Treinando desde criança, era inevitável ter os músculos definidos. Não havia excesso.

          Eu já estava deitado, com os fones de ouvido, procurando uma música, quando ouvi batidas na porta. Retirei os fones e deixei o celular de lado.

         _ Entre.

         _ Com licença.

        Sofia entrou e fechou a porta. Era visível que tinha tomado banho. Agora usava um pijama que consistia em uma blusa de alças finas e um short curto.

        A luz do quarto estava apagada e o brilho da lua atravessava a janela de vidro com grade.

        Eu não sabia se ela sentiu que eu usei o meu dom nela. Mas eu não ia admitir.

        _ O que foi? Não consegue dormir?

        _ Estamos no meio de uma festa e eu pensei que poderia curtir um pouco com algum rapaz. Mas até quando alguém demonstra interesse em mim, só consigo pensar em você!

         Eu a fiz pensar em mim. Eu não queria que ela curtisse a festa com aquele híbrido, nem usasse o que aprendeu comigo nele. Me incomodou ser uma cobaia. Como me incomodava ser a última opção que ela tinha disponível no clã.

Is It Love? Kevin - Lado SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora