Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 6

554 36 11
                                    

🦋

Andamos até o quarto dela que ficava no andar de cima. Eu não sei porque eu tinha topado estudar com ela justo hoje. Justo no dia que ela me causou diversos surtos internos só com um beijo na bochecha.

Passamos por um dos irmãos deles que me cumprimentou de longe, era mais velho, com certeza. Tinha uma barba esquisita e um ar de valentão, mas provavelmente era só impressão já que ele me tratou super bem.

– Vão fazer o que?

Ele perguntou pra ela que abriu a porta do quarto. Eu fiquei quieta e somente entrei quando ela indicou com a mão.

– Estudar.

– Já estudei muito com as minhas amigas também. Quem te conhece que te compre Carol.

Ele brincou rindo antes de se despedir e descer as escadas rapidamente mal dando tempo dela responder.

– Idiota!

Gritou rindo e entrou no quarto fechando a porta e jogando a mochila em um canto.

– Não liga pro meu irmão idiota não, ele só fala besteira.

Eu estava bem envergonhada e esperava muito que não desse pra perceber.

– Ah… literatura moderna não é?!

Pigarreei desviando o olhar dos seus olhos verdes hipnotizantes. Ela sorriu e pegou a mochila de volta se sentando no chão e apoiando as costas na cama me incentivando a fazer o mesmo.

– Sim senhorita, literatura moderna.

Ela riu e abriu o caderno pegando uma das canetas enquanto eu fazia o mesmo.

– Não ria de mim.

– Desculpa, mas você fica fofa quando está com vergonha.

Fofa? Por essa eu não esperava mesmo. Foi como levar um tiro e só ouvir o barulho do disparo quando já se estava caída no chão.

– Ah…

– Literatura moderna, vamos.

Ela desviou o assunto e eu fechei a boca sem ter o que responder.

Ficamos um tempo ali enquanto eu tentava explicar pra ela com toda a paciência do mundo. Confesso que era difícil estar tão próximo dela depois de tudo que aconteceu durante o dia.

– Já parou pra pensar que agora todo mundo pensa que somos namoradas e que estamos nos pegando escondidas?

Parei meus movimentos com a caneta parada em cima do papel onde eu escrevia. Por que isso agora?

– Eu… eu acho que pensei nisso o dia todo.

– Eles inventam cada coisa não é?!

Assenti preferindo o silêncio.

– Sabe… quando a Melissa falou que você estava me olhando diferente eu ignorei…

Parei de novo meus movimentos e olhei pra ela que divagava olhando pra um ponto fixo na parede e tinha a caneta no queixo. Engoli seco com medo do que ela ia falar.

– Achei que fosse provocação dela. Então eu queria te perguntar. Prefiro não ficar acreditando em conversinhas e saber direto da fonte.

Ela largou o caderno no chão e a caneta em cima se aproximando de mim. Tão perto que eu senti todos os meus neurônios gritando pra eu me afastar mas os olhos penetrantes dela invadiam minha mente. Ela parecia conseguir ler minha mente e se ela lesse veria o desespero que habitava em mim.

𝔸 𝕧𝕚𝕕𝕒 𝕕𝕖𝕡𝕠𝕚𝕤 𝕕𝕖 𝕧𝕠𝕔𝕖̂ | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora