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Cheguei na escola praticamente atrasada. Eu tinha decidido de última hora vir ao jogo, antes eu não queria vir já que não fazia muito sentido, era só um jogo qualquer que tinha todo mês. Mas o Luca me convenceu depois de insistir muito.
Corri pelos corredores tentando chegar rápido na quadra. Mas antes que eu pudesse chegar lá, ouvi uma voz sussurrada que eu conhecia bem. Parei olhando pra porta do vestiário feminino de onde vinha a voz.
Quando pensei em entrar uma das meninas saiu de lá em disparado, nem me cumprimentou só seguiu pra quadra, provavelmente já estava atrasada pra começar o jogo. Avancei pra entrar porque a dona da voz ainda não tinha saído.
Empurrei a porta devagar e entrei tendo a visão dela sentada no banco que ficava entre os armários, de cabeça baixa. Parecia triste ou chateada com algo. Fiquei com receio de parecer incoveniente mas pensei que talvez tivéssemos um pouco de intimidade o suficiente pra isso.
- Não vai jogar?
Tentei puxar algum assunto recebendo sua atenção. Ela estava com os olhos tristes e não sorriu como sempre fazia.
- Não, só vou entrar no segundo tempo.
- O que aconteceu? Se quiser falar, claro.
Perguntei andando devagar até ela que me deu espaço pra sentar ao seu lado.
- Nada demais, eu só estou com o pulso um pouco ruim ainda, o treinador pediu que eu esperasse até o segundo tempo.
Deu de ombros olhando pra frente.
- Está triste por isso? Sabe que é uma das melhores jogadores né?!
Ela sorriu pela primeira vez e me olhou de novo. Os olhos verdes menos tristes mas ainda sim tinham um toque de chateação.
- Obrigada. Como me achou aqui?
- Ah... eu estava passando e...
Tentei buscar uma resposta que não fosse "ah eu ouvi sua voz e resolvi invadir seu espaço porque eu não consigo ficar sem falar com você por mais de vinte e quatro horas".
- Eu acho que é um pouco óbvio que você estaria aqui. Não te vi na qu-quadra e vim até aqui.
Que droga! Gagueja mais idiota! Me repreendi mentalmente.
- O que aconteceu pra não estar lá no banco?
Ela desviou o olhar e esfregou o rosto um pouco nervosa.
- Se eu te contar promete segredo?
- Ah... claro, minha boca é um túmulo.
Fiz sinal de zíper nos lábios e ela riu fraco concordando.
- Minha mãe resolveu que queria brigar na justiça com o meu pai pela minha guarda. Ela já tinha esquecido de mim a anos e de repente ela ressurge das cinzas como se fosse a melhor mãe do mundo pra me tirar do meu pai.
Fiquei um pouco chocada com com a informação mas deixei ela continuar o desabafo.
- Minha madrasta é a minha mãe de verdade, ela me criou desde que eu me entendo por gente mesmo eu sendo filha da amante do meu pai. Ela é incrível e agora eu não quero ter que deixar meus irmãos e meus pais de verdade pra ficar com aquela mulher que se diz minha mãe.
- Nossa... eu sinto muito.
Abaixei a cabeça um pouco chateada por ela. Senti a revolta nas suas palavras.
- Eu sei que ela provavelmente só quer isso pra ter a pensão que meu pai tem obrigação de pagar. Mas também sei que eu já tenho idade pra decidir com quem ficar. O problema é que me irrita o fato de ela ressurgir de repente, e ainda dizer que me ama e essas coisas. Ela nunca me tratou como filha, nunca me amou de verdade.
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𝔸 𝕧𝕚𝕕𝕒 𝕕𝕖𝕡𝕠𝕚𝕤 𝕕𝕖 𝕧𝕠𝕔𝕖̂ | ✓
RomanceAlice é a típica garota do ensino médio que é tímida e faz parte do grupinho dos excluidos. E como todo bom clichê, ela é completamente apaixonada pela capitã do time de vôlei. Carol Walker, a capitã do time de vôlei e uma das garotas mais populares...