Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 31

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Eu juro que nunca pensei que uma criança recém nascida desse tanto trabalho, e chorasse tanto. Eu não sei como o pulmão dele aguenta tanto choro. Faz só uma semana que ele nasceu e tudo que ele fez até agora foi chorar, cagar e mamar. Só isso.

Tudo bem, talvez eu esteja exagerando.

Ele é um bebê calmo, chora só quando está com fome ou com a fralda suja. Inclusive eu não sei trocar fraldas, da última vez ele fez xixi em mim. Isso mesmo, ele simplesmente começou a fazer xixi enquanto eu trocava ele.

Eu estava tentando ser uma boa irmã e ajudar minha mãe, mas era tipo missão impossível. Então eu decidi que ia só dar apoio moral e no máximo ficar com ele por alguns minutos. Até pegar no colo eu tenho medo, ele é tão frágil vai que quebra algo.

Eu estou bem exausta, confesso. Mas como não tenho opção, aqui estou eu, na escola. Aula de história, a que mais me dá sono. A voz do professor parece hipnotizante, ele abre a boca e eu já tô babando.

Senti alguém cutucar meu ombro mas nem dei atenção. Eu estava literalmente dormindo, meu sono anda desregulado porque eu estou tentando ajudar minha mãe o máximo que eu consigo, mesmo ela dizendo que não precisa.

Senti ela cutucar minha barriga e me encolhi por reflexo, virei o rosto ainda deitado e vi a pessoa que estava tirando sarro de mim. Olhei em volta e vi que a aula ja tinha acabado, e eu nem percebi.

– Você vai perder o intervalo.

– Eu acho que dormi de verdade.

Bocejei e me espreguiçei levantando da minha cadeira.

– Você anda com muito sono, aconteceu algo?

– Não, só que meu irmão chora a noite toda e eu não consigo dormir.

– Preciso lembrar de agradecer minha mãe por não ter me dado irmãos.

Ri negando com a cabeça e peguei minha mochila.

– Pequena, tu vai fazer o que depois da aula?

Bocejei de novo dando de ombros. Mas sorri com o apelido repentino, era engraçado e fofo ao mesmo tempo.

– A Carol me chamou pra tomar um sorvete, acho que vou com ela. Talvez seja bom pra voltarmos a ser amigas de verdade.

Ela desmanchou o sorriso e respirou fundo. Eu já aprendi a ler os sinais quando ela tá com ciúmes, esse é um dos momentos.

– E você vai?

– É talvez eu vá. Por que?

Decidi provocar, por dentro eu ria mas por fora eu estava normal.

– Nada, mas ela é sua ex namorada, não acho...

– Ela é minha Ex namorada, exatamente isso. Ex, de passado. Não tem nada demais sermos amigas.

– Eu sei, mas... quer saber, deixa pra lá.

Ela deu as costas pra sair mas eu segurei seu braço. Ela me olhou e eu olhei pra ela na mesma intensidade.

– Ela também é sua amiga.

– Não mais, ela não gosta de mim. Ela acha que eu fiz aquilo de propósito pra vocês terminarem. Nem faz sentido.

– Isso já faz tempo, aposto que ela nem liga mais.

– Aposto que ela só quer uma desculpa pra ficar sozinha contigo.

Eu ri e soltei ela colocando a mochila nas costas.

– Tanto faz.

Ela bufou atrás de mim eu ri internamente. Virei pra ela que estava parada na porta da sala.

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