Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 24

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Senti minha cabeça doer mais ainda. Já fazia quase uma hora que eu estava com a cabeça deitada no colo da minha mãe e ela fazia um carinho no meu cabelo. Eu já não chorava mais, porém sentia uma tristeza profunda.

– Quer me contar agora?

– É o mesmo... mas agora é oficial. Ela terminou comigo de vez, disse que eu trai a confiança dela e que ela não quer mais nada comigo, nunca.

Senti minha voz embargar no final. Minha mãe suspirou e eu sentei olhando pra ela.

– Traiu a confiança dela?

– Eu... fiquei com a Melissa ontem, na balada.

Ela negou com a cabeça e me olhou.

– Como ela soube?

– Uma foto, alguém tirou lá e ela encontrou.

– Foto?

Parei pra pensar sobre isso. De onde veio aquela foto?

– Não sei, provavelmente algum paparazzi. Mas dentro da balada... meio estranho.

– Como assim paparazzi?

– Mãe... a mãe dela é meio famosa, e as vezes respinga nela, é normal, já aconteceu muitas vezes.

Ela franziu a testa, parecia que estava tentando entender.

– Bom... quanto a isso, melhor você tentar evitar aparecer com ela em lugares públicos então. Não acho que seria muito legal se isso chegasse nos ouvidos da mãe dela sabendo que seu pai trabalha lá.

– Ah... eu tinha me esquecido disso.

Abaixei a cabeça me sentindo ainda pior. Se meu pai perdesse o emprego seria tudo culpa minha.

– Me escuta...

Olhei pra ela que segurou meus ombros e olhou nos meus olhos.

– Você acha que sente algo por ela? Digo, pela Melissa. Porque seu namoro terminou basicamente por causa dela.

– Ela não tem culpa de nada.

– Eu não disse que ela tem culpa, eu disse que o ciúmes da sua namorada por ela foi a causa do seu término. Você acha que que pode ser algo a mais como a Carol pensa?

Suspirei pensando nisso. Eu sempre senti muita atração pela Melissa, algo mais físico. Mas ela não é aquela babaca que eu achei que fosse no começo. Ela mudou tanto em menos de um ano, era como se ela tivesse se tornado outra pessoa. Mesmo que o ego esteja intacto.

– Eu não sei. E eu estou muito confusa agora pra pensar nisso. A primeira pessoa por quem eu me apaixonei acabou de terminar comigo e ainda falou coisas que eu não vou esquecer mais. Eu não quero pensar nisso agora.

Deitei a cabeça no colo dela de novo e funguei querendo sumir.

– Paixões vem e vão o tempo todo. Foi sua primeira paixonite e logo virão mais um monte, é normal.

– Eu queria sumir. Por que eu não posso simplesmente desparecer e fingir que minha vida foi só um surto coletivo?

Ela riu e apertou meu nariz me fazendo sorrir.

– Você puxou seu pai nisso. Parecem dois palhaços, espero que...

Ela parou a fala no meio e eu franzi a testa olhando pra ela.

– O que?

– Nada. Agora chega de chorar e vamos fazer algo de útil. Chorar pelo leite derramado é inútil.

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